In the middle of fourteenth century in Western Europe, a turning point occurred in the modern inquiry into the nature of money. While political unification of the states made monetary standardization and centralization key issues (establishing the distinction which still exists today between authentic currency and spurious or quasi-currencies), some of the wisest minds of the period, such as Nicolas Oresme, speculated on the reasons and consequences of the rapid loss in the value of money. The Black Plague, which took lives but not goods, left an accursed legacy: inflation, fed by the excess of wealth in the hands of survivors, dedicated to a ‘sumptuous consumption.’
As crises monetárias das últimas décadas do século XX tiveram entre outros efeitos o de colocar em evidência o caráter convencional do dinheiro. Talvez nunca antes (nem com o fim do padrão ouro, no período entre as duas Guerras Mundiais) o espaço público tenha estado agitado como naquela época em função de debates a respeito dos fundamentos do valor da moeda. Em vários países, os dispositivos implementados pelos especialistas para curar ou substituir as moedas nacionais ameaçadas pela "doença da inflação" foram colocados em relação às idéias e às práticas monetárias das populações às quais estavam dirigidos. Ao ter como referência empírica as inflações brasileira e argentina, o meu objetivo é explorar esses singulares processos de desnaturalização pública do valor da moeda para propor uma contribuição à antropologia do dinheiro que tenha como eixo o exame das articulações entre as idéias e as práticas monetárias eruditas e ordinárias.A relativa ausência de interesse por esses assuntos por parte da literatura deve-se ao predomínio de duas matrizes analíticas que considero constituírem um obstáculo para a compreensão dos sentidos sociais e culturais do dinheiro. Uma é a matriz analítica normativa, que prevalece em boa parte da literatura sociológica, tributária da própria ciência econômica, e que está preocupada em diagnosticar a "natureza" dos "problemas monetários", distinguindo entre moedas "normais" e "doentes". A outra é a matriz que predomina em boa parte da literatura antropológica, que observa a moeda através das lentes da grande divisão entre as moedas "modernas" e as "outras". A primeira matriz não se preocupa com os sentidos ordinários do dinheiro e, quando o faz, é com a intenção de elaborar mecanismos que visem ajustá-los aos sentidos "corretos", aqueles definidos pelos especialistas. A segunda matriz enfatiza a separação entre ambos os universos, deixando toda consideração a respeito do dinheiro moderno nas mãos dos economistas -na verdade, supondo que o dinheiro moderno é aquele descrito pelos
Focusing on the empirical cases of Brazilian and Argentinean sick currencies (attacked by inflation), this article explore the processes of public denaturalization of currency value, as a contribution to the anthropology of numbers and money. Situated on the border between the anthropology of science (economics) and the anthropology of monetary cultures, the article looks at one of the main devices created by specialists to 'measure and cure' inflation (index numbers) as a true cultural device. The aim is to outline the social and cultural meanings of money and index numbers through an analysis of the interconnections between academic and everyday monetary (and number) ideas and practices.
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