Curitiba, década de 1940. Os colégios católicos femininos da cidade ainda se organizavam para a fundação de escolas normais como oferta de ensino profissional em nível secundário às jovens mulheres da época. Nas décadas de 1940 e 1950, o magistério era o ponto alto para a formação da jovem mulher curitibana, especialmente no Instituto de Educação do Paraná (antiga Escola Normal). Mas "ser normalista" não seria a única opção às jovens mulheres daquela época. Em 1942 é fundado o Instituto Comercial São José (logo depois, Escola Técnica de Comércio São José, 1944), o primeiro projeto educativo de ensino profissional, em nível secundário, das Irmãs de São José no Paraná que já atuavam na área educacional - e não somente nessa área - na cidade e em outras localidades paranaenses. Nos anos 1940/1950 foi esse o único estabelecimento católico de ensino voltado à formação da jovem mulher em área técnica de comércio na cidade. Em todo o período estudado (1942-1955) quase 300 jovens mulheres foram formadas pela Escola para atuar no comércio como: auxiliares de escritório, contadoras e contabilistas (Técnico em Contabilidade). O presente artigo apresenta, em linhas gerais, alguns dos motivos que colaboraram para que as jovens mulheres realizassem seus estudos na área comercial e não no magistério, e como esse ensino geralmente conformado à formação masculina pode ser desenvolvido em um colégio católico feminino.
Resenha do livro: PEREIRA, Júnia Sales (2008). História, ciência e infância: narrativas profissionais no processo de singularização da pediatria como especialidade. Brasília: CAPES; Belo Horizonte: Argvmentvm, 198p.Resenhada por: Erica Piovam de Ulhôa Cintra Em seu livro, Júnia Pereira, doutora em história pela Universidade Federal de Minas Gerais, apresenta a sua tese da constituição da pediatria no Brasil sob a ótica das narrativas e da argumentação dos profissionais que a tornaram uma especialidade da medicina em atenção às crianças. Enfatiza a importância do processo que levou ao que denominou singularização da pediatria no campo médico, num momento em que novas percepções a respeito da saúde/doença e do corpo doente, bem como da constituição de argumentos e justificativas no cuidado da infância, ocorreram.Para a autora "o advento da pediatria assenta-se em transformações sociais, políticas e econômicas pelas quais viveria o Brasil já em meados do século XIX." (p. 15). E não sendo este um processo natural, tampouco linear, de constituição no interior da medicina, resultou do "diálogo com as transformações pelas quais já vinha passando a medicina europeia e em confronto com as experiências pelas quais passariam as instituições de formação e de atuação médico-profissionais no Brasil." (p.17).A periodização privilegiada por Júnia estende-se do final do século XIX a meados do século XX, período esse que, segundo a autora, demarca os primeiros movimentos favoráveis a uma formação acadêmica para a especialização médico-pediátrica no país, assim como indica a instalação dos primeiros consultórios particulares e de instituições de serviço médico destinadas ao atendimento da infância. As fontes de pesquisa se constituem essencialmente de periódicos especializados e da produção de médicos de crianças, dentre os quais: Moncorvo de Figueiredo, considerado o primeiro pediatra brasileiro, Moncorvo Filho, Martagão Gesteira e outros.O discurso médico sobre a criança, observado nestas fontes, reforçará a dicotomia da figura da criança saudável versus a doente, a da criança normal versus a anormal; envidará práticas científicas e médicas que visassem frear a mortalidade infantil; e demarcará o importante papel que uma personagem em especial terá como protagonista: "da mãe ideal, cidadã virtuosa e aliada ao médico, em contraponto à mãe relapsa, afeita a curandeirismos e a práticas de auto-cuidado." (p. 20).Discurso esse reconhecido por outras estudiosas que se relacionam com o tema aqui apresentado, mas que realizados ao mesmo tempo de Júnia, não compuseram o trabalho da autora (nem vice-versa), mas são exemplares do quanto essa preocupação tem obtido atenção de pesquisadoras da área da história das ciências e suas relações entre medicina e educação. A esse respeito cito Maria Martha de Luna Freire que reflete a "maternidade científica", em Mulheres, mães e médicos: o discurso maternalista no Brasil, em edição publicada pela FGV, em 2009, e ainda, Ana Paula Vosne Martins em "Vamos criar seu filho": os médicos puericultores e a ...
EditorialA equipe editorial de Acta Scientiarum. Education termina o ano de 2017 com a publicação de um suplemento especial que amplifica, em 10 novos artigos, o quantitativo geral em comparação a 2016.Para além da realização de divulgar um maior número de artigos, a publicação do volume 5 do número 39 endossa o reconhecimento do periódico junto a comunidade científica da área de educação no Brasil. Em todos os números publicados em 2017, bem como na sequência histórica das edições anteriores, Acta Scientiarum. Education tem primado por se constituir em um veículo de divulgação científica de grande dispersão regional, contribuindo à inserção institucional dos autores e autoras que tem seus textos nele publicados. É forçoso reconhecer o empenho da equipe editorial em construir tal credibilidade, de modo a concretizar aquelas que são suas missões: "1) Viabilizar o registro público do conhecimento e sua preservação; 2) Publicar resultados de pesquisas envolvendo ideias e novas propostas científicas; 3) Disseminar a informação e o conhecimento gerados pela comunidade científica e 4) Agilizar o processo de comunicação científica na área de educação".Para o alcance desses objetivos, a credibilidade acima observada permite ao corpo editorial definir focos analíticos e temáticos dos artigos que compõem cada nova edição. Trata-se de assumir o trabalho editorial não apenas nas lidas cotidianas do recebimento, avaliação e publicação das propostas, como também aproveitar essa condição privilegiada de aglutinar investigadores que submetem seus trabalhos para direcionar, sublinhar e criar novos olhares para variáveis relevantes no campo educacional. Nesse sentido, é interessante que a consideração à dispersão regional mencionada, que marca a relevância de Acta Scientiarum. Education, seja realizada através de variadas escalas de análise. Particularmente, neste número especial da revista, chamamos a atenção para o seguinte: dos 25 autores e autoras dos artigos aqui publicados, 22 atuam em instituições dos Estados da região sul do país. Resguardada a presença de 3 pesquisadoras do Estado de São Paulo (região sudeste), são 8 do Paraná, 7 de Santa Catarina e outros 7 do Rio Grande do Sul. Esse fato coopera para o oferecimento de uma mostra do vigor e da variedade das pesquisas educacionais existentes nos Estados da região sul, além de potencializar empenhos semelhantes em regiões do País em que a pesquisa educacional ainda se encontra em desenvolvimento, do mesmo modo que proporciona e estimula, ainda mais, o diálogo com Estados e regiões com tradição acadêmica e de pesquisa no campo educacional.Não podemos esquecer que os artigos, sua avaliação e os procedimentos editoriais não acontecem de modo impermeável ao contexto em que se apresentam ou estão aderidas. Para a concretização deste suplemento especial, é fundamental sublinharmos que a energia e a precisão para sua existência se fortalecem e mesmo persistem nos frequentes e inadiáveis embates culturais, políticos e econômicos dos últimos anos, em muito, marcado pelo contingenc...
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