O debate sobre a inclusão escolar no Brasil tem se transformado cada vez mais num verdadeiro embate, provocando polêmica, estridência e polarização. Um de seus maiores impactos tem incidido na arena da educação especial, sendo um dos argumentos recorrentes a proposição de que a se trata de um novo paradigma que deverá alterar radicalmente a educação de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais na realidade brasileira. A fim de "iluminar" mais do que "esquentar" este debate, proponho-me a contextualizar as raízes históricas desse movimento. Num segundo momento, examino os possíveis impactos da perspectiva da inclusão escolar e da inclusão total na realidade brasileira. Concluo discutindo a tese de que temos de enfrentar o desafio de lidar com a contradição de uma ideologia importada que representa um alinhamento ao modismo, mas que ao mesmo tempo é um imperativo moral que pode ser uma das estratégias para superar problemas crônicos da educação especial no país.
O direito a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais em escolas regulares no Brasil é garantido por lei desde a Constituição de 1988. Os dados do Censo Escolar do Ministério da Educação indicam aumento no número de matrícula desses alunos no país ao longo dos anos, especialmente em escolas da rede municipal de ensino. Entre os alunos enquadrados na definição de "necessidades especiais" encontram-se aqueles com autismo, caracterizados por apresentarem alterações na interação social, na comunicação e pela presença de padrões estereotipados de comportamento. A prefeitura de Belo Horizonte - MG vem desenvolvendo ações com o intuito de favorecer o acesso de estudantes com autismo a escolas regulares do município, porém dados sobre o andamento deste processo são escassos. O objetivo desse estudo consistiu em caracterizar os alunos com autismo matriculados em escolas municipais regulares de Belo Horizonte, assim como descrever a maneira pela qual essa escolarização vem ocorrendo nas escolas comuns, a partir da perspectiva de seus professores. Participaram do estudo trinta e três professores da rede regular de ensino do município que tinham contato direto e diário com alunos com autismo. Foram utilizados um questionário semi-estruturado e a escala CARS (Childhood Autism Rating Scale). Os resultados indicaram que as estratégias utilizadas pela prefeitura parecem favorecer a freqüência dos alunos com autismo, porém há evidências de que eles participam pouco das atividades da escola, a interação com os colegas é escassa e a aprendizagem de conteúdos pedagógicos é limitada.
ResumoPara uma educação que atenda às demandas de todos os alunos, é necessário pensar em estratégias que busquem o sucesso na aprendizagem, entre elas o modelo de ensino colaborativo, quando o professor da sala comum trabalha em colaboração com o docente de educação especial. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho consiste em analisar as experiências práticas de ensino colaborativo dos professores de educação especial do município de São Carlos-SP, que participaram de uma formação na temática em 2011. O estudo é baseado na pesquisaação colaborativa. Os dados analisados trazem exemplos de coensino em diferentes estágios e reflexões sobre os fatores que podem contribuir para essa realidade na escola. Abstract Co-teaching for supporting school inclusion: collaborative practices among teachersIn order to have an education that meets the demands of all students, it is necessary to think about strategies that seek successful learning, among them, there is the collaborative teaching model. In this model, the general teacher works in collaboration with the special education teacher. Accordingly, the objective of this study was to analyze practical experiences in collaborative teaching of special education teachers, who participated in a training on the topic in 2001, in São Carlos-SP. The study is based on the collaborative action research. The data analyzed bring examples of co-teaching in different stages and reflections about the factors that may contribute to this reality in school.
com a implementação das políticas públicas em inclusão escolar, cresce o número de alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEEs) em classes comuns, fato que ajuda a compor um cenário nas escolas que tem desvelado limitações e contradições do sistema educacional brasileiro. Atores e autores educacionais são desafiados a construir saberes capazes de responder às demandas do cotidiano escolar relacionadas à convivência e aprendizagem na diversidade. Considerando que este processo inclusivo é novo nas escolas, o estudo teve como objetivo analisar as demandas dos professores decorrentes da inclusão escolar. A pesquisa foi qualitativa do tipo exploratório, participando seis professoras, seus alunos com NEEs e três profissionais do Núcleo de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação. Para coleta de dados, foram utilizados: técnica de observação participante, diário de campo, entrevista semiestruturada, questionário e, para discussão dos dados, análise de conteúdo. Os resultados indicam que existem conquistas e contradições na realidade das escolas que se propõem inclusivas; avanços e limitações resultantes da política municipal, e que o modelo de atuação da equipe de educação especial no contexto analisado pode ser revisto ou ampliado. Indicam que os professores apresentam demandas no domínio da política pública, da formação, e demandas dirigidas ao psicólogo.
A preocupação sobre as práticas inclusivas nas escolas públicas no Brasil começou após a Declaração de Salamanca, com desafios e dúvidas. Ainda hoje, passados cerca de 15 anos, os professores do ensino regular se queixam dizendo que não têm conhecimento suficiente ou preparo formal para lidar com crianças com necessidades educacionais especiais, especialmente quando estas apresentam disfunções graves, como paralisia cerebral, deficiência intelectual e comportamentos desafiadores. A colaboração entre profissionais da Educação Especial e Regular pode ser uma alternativa para enfrentar tais desafios. O objetivo deste relato foi o de apresentar um breve histórico de um programa de pesquisa, ensino e extensão que busca aproximar a Universidade Federal de São Carlos dos professores do ensino comum que têm alunos com necessidades especiais em suas salas de aula. Iniciado em 2004, este programa está na atualidade em seu sétimo ano de execução e envolve professores da universidade, estudantes de graduação e pós-graduação e professores do ensino comum. Os resultados parecem apontar essa via de colaboração entre Educação Especial e Regular como um caminho promissor para a construção de escolas mais inclusivas.
RESUMO: O artigo, erigido mediante processo de revisão literária, objetiva apresentar as contribuições do grupo londrino denominado Disability Studies, arcabouço teórico pouco conhecido em terras brasileiras e cujos textos possibilitam uma transformação nuclear na maneira de interpretar a defi ciência, ao abordá-la como produto da insensibilidade da sociedade capitalista em incorporar as diferenças nas suas mais distintas esferas, portanto, obra de complexa discriminação institucional para a qual a única resposta apropriada é a ação revolucionária sobre a estrutura que nos circunscreve.Palavras-chave: Educação especial. Sociologia. Defi ciência.Contributions to a sociological thinking about disability ABSTRACT:The article, built through a process of literature review, aims to present the contributions of the London group called Disability Studies, whose theoretical framework is practically unknown in Brazilian territory and whose texts allow a nuclear transformation in the way disability is interpreted, by conceiving it as the product of the capitalist society's insensitivity to incorporate the diff erences -in all their distinct spheres -, therefore being the work of complex institutional discrimination towards which, the only adequate response is the revolutionary action upon the very structure that circumscribes us.
No contexto da inclusão educacional, um papel que parece promissor para o psicólogo escolar é o de prestar Consultoria Colaborativa Escolar, atuando em parceria com professores e familiares. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de um programa de intervenção preventiva, baseado nos modelo de Consultoria Colaborativa Escolar e Suporte Comportamental Positivo, voltado para prevenir e minimizar problemas comportamentais. O estudo foi realizado em três salas de aula do primeiro ano de uma escola municipal de ensino fundamental, localizada no interior do estado de São Paulo, e contou com a participação das três professoras das salas e seus 55 alunos. O estudo foi conduzido em quatro etapas. Na Etapa 1, foram realizados os procedimentos éticos. Na Etapa 2, foi aplicado o Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes 6-18 anos/Relatório para Professores (TRF), junto às professoras. Na Etapa 3, o programa de intervenção preventiva foi implementado e teve como alvo as professoras e os alunos. Por fim, na Etapa 4, o TRF foi reaplicado. Para avaliar o impacto da intervenção, foi aplicado o teste MANOVA nos resultados obtidos. Em relação ao comportamento dos alunos, houve diminuição estatisticamente significativa nos comportamentos do tipo internalizante, externalizante e nos problemas totais. Esse resultado, além de indicar que a aplicação dos modelos de Consultoria Colaborativa Escolar e de Suporte Comportamental Positivo pode ser efetiva, aponta para o fato de que tais modelos podem ser utilizados por psicólogos escolares em intervenções preventivas voltadas para prevenir e minimizar problemas de comportamento na escola.
The present article is a theoretical essay that compiles a historical analysis of the special education policy in Brazil, focusing on the changes produced from the year 2000 with a view to radicalize the perspective of school inclusion. Since then, this field has been subject to strong tensions between those who point to the need to educate all the students of the target public of special education in the common schools, and others who recommend a more cautious approach, based on empirical analysis and historical considerations. At the heart of this debate is the decision of what to do with the traditional specialized institutions of the sector, and in this sense the proposals go from extinction to prevent segregation, they also recommend their reconfiguration as a service to support inclusive schooling, a predominant tendency in the current policy, to those who defend its maintenance. In the present work, we analyzed such possibilities, taking into account historical, legal, political, pragmatic and scientific arguments, in order to conclude that they must be reconfigured, not as centers of support, but as special schools, in a diversified network of articulated services to support the needs of certain students of the target public of special education.
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