RESUMO Partindo da ideia de corpo-trans como metáfora para se compreender as diversas possibilidades de transgeneridade, este artigo tem como objetivo explorar como a personagem transgênera tem sido representada em narrativas literárias brasileiras. Para tanto, faz-se necessário comparar o modelo representacional de autores cisgêneros com a representação empreendida por autores e autoras transgêneros. Nessa empreitada, é importante encarar os textos de autoria trans a partir de uma visada transfeminista, isto é, de um escopo teórico criador por, e destinado às próprias pessoas trans. Nesse contexto, este artigo busca responder perguntas como: onde estão as personagens transgêneras criadas pela autoria trans? Quais padrões representacionais são observados na construção de tais personagens na autoria cis e na autoria trans? Por que quase nunca se fala em autoria trans mesmo quando o assunto é a representação de personagens transgêneras? As respostas sugeridas indicam um apagamento da autoria trans como consequência da cisheteronormatividade que influencia o campo literário editorial e acadêmico.
This article aims to make a critical reading of the novel Teatro, by Bernardo Carvalho, in order to observe how were translated, into literary fiction, schemes of coloniality of power and imperialism. The contribution of cultural studies proves to be indispensable to illustrate this reading because it discusses the situation of inferiority that affects post-colonial cultures. Such post-colonialism, however, should not be understood as an afterthought event to a process of colonization, but as a current event that is embodied in different forms of power control that underlie the imperialism and colonialism. For that, we use as theoretical scope the studies of Quijano (2000) and Said (2011) to address, respectively, each of these schemes.
ResumoEste artigo visa a realizar uma leitura do romance O filho de mil homens, do escritor português Valter Hugo Mãe, com o intuito de observar como a ficcionalidade do texto nos auxilia a compreender e reinterpretar questões ligadas à construção das identidades de gênero e sexualidades na sociedade portuguesa. Para tanto, trabalhamos com a dimensão ficcional dessas identidades de gênero e com o conceito de homoafetividade para entender a construção do personagem homossexual do romance, bem como a sua relação com as demais personas do texto na formação de uma família de eleição, unida pelo afeto. Essas questões serão orientadas por estudos que teorizam a ficção enquanto estatuto e por textos que refletem a cerca da Teoria Queer e identidades de gênero. AbstractThis article aims to take a reading of the novel O filho de mil homens, by Valter Hugo Mãe, in order to observe how the fictionality of the text helps us to understand and reinterpret issues linked to the construction of gender identities and sexualities in Portuguese society. To this end, we work with the fictional dimension of these gender identities and with the concept of homoaffectivity to understand the construction of the homosexual character of the novel, as well as his relationship with the other persons of the text in the formation of an election family, united by affection. These issues will be guided by theorized studies of fiction as statute and texts that reflect about the Queer Theory and gender identities. 1) IntroduçãoPartindo da ideia sugerida por Searle (2002) de que nem toda ficção é literatura e para quem o estatuto do ficcional não é uma exclusividade do texto literário, a teoria da ficção pode ser entendida muito além do campo literário. Ela nos possibilita, por exemplo, relativizar o conceito de verdade e de real nas diversas instâncias do conhecimento se levarmos em consideração que a realidade de alguém ou de algo é sempre uma construção que parte do mundo experiencial para reinvestir esse mundo de novas possibilidades de percepção. Eis a ficção.Sendo assim, podemos entender, também, a construção das identidades de gênero sob essa ótica: o gênero como constructo ficcional. Essa hipótese já vem sendo discutida pela Teoria Queer há algum tempo, mas não metodologicamente. Essa falta de rigor metodológico não nos parece um "problema", diríamos até que corresponde à postura queer dos teóricos que se propõem a discutir o assunto, isto é, como explica Judith Butler sempre que questionada sobre a dificuldade e a falta de objetividade da escrita de seus textos e de alguns outros estudiosos queer; se é para ser queer, comecemos por tornar queer a teoria. Em outras palavras, diz-se que a construção das identidades de gênero é um constructo ficcional, mas não se explica, metodologicamente, o porquê.Um percurso metodológico interessante seria, talvez, entender como se dá a ficção da construção dos gêneros e a ficção do texto literário, observando as confluências e divergências entre as duas esferas e, finalmente, ver como a literatura opera e...
Este artigo apresenta uma análise crítica do romance O fantasma travesti (1988), de Sylvia Orthof, cuja forma e construção das personagens travam proximidades com o discurso da teoria queer no que se refere à desconstrução dos arquétipos binários de gênero e da performatividade enquanto dispositivo de criação de novas maneiras de se entender o corpo, o gênero e as sexualidades. Tendo como escopo teórico as contribuições de Butler (2015) e Louro (2001), propomos uma aproximação entre a teoria queer e a teoria da ficção com a finalidade de compreender o romance de Orthof enquanto um processo no qual a política da escrita, conceito sugerido por Rancière (1995), desempenha um papel importante na representação da personagem Ziriguidum. Criada sob a égide da paródia de gênero e sob a influência da narrativa fantástica, Ziriguidum é uma ode ao queer. A linguagem com a qual ela se constrói reverbera a ambiguidade e a inconstância que caracterizam a teoria queer, além de ilustrar a confusão pronominal que se instaura quando há a necessidade de se referir às pessoas trans.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.