Resumo Este artigo analisa percepções de professoras da Educação Infantil sobre o trabalho com contos de fadas em sala de aula. Baseia-se em pesquisa qualitativa, desenvolvida por meio de estudo bibliográfico e etnográfico, com observações de aulas e entrevistas com duas professoras regentes de turmas de crianças entre 3 e 5 anos. Os resultados indicam que a visão que as professoras possuem sobre infância, contos de fadas e o papel da literatura na formação das crianças influencia a forma como o trabalho é desenvolvido, inclusive a mediação feita durante a leitura das histórias. Esta é vista como uma prática rica em aprendizados para as crianças, mas também permeada de desafios relacionados ao planejamento e à execução das atividades e à forma como a instituição escolar e seus atores significam essas experiências.
This article analyzes the perceptions of early childhood education teachers about working with fairy tales in the classroom. It is based on qualitative research, developed through a bibliographic and ethnographic study, with observations of classes and interviews with two teachers who conduct classes for children between 3 and 5 years old. The results indicate that the teachers’ views about childhood, fairy tales, and the role of literature in children’s education influence how the work is developed, including the mediation made during the reading of the stories. This is seen as a practice rich in learning for children, but also permeated with challenges related to the planning/execution of activities and how the school institution and its actors give meaning to these experiences.
Este artigo tematiza a potencialidade política da escrita, buscando compreendê-la em suas conexões com os processos de subjetivação e singularização. Para tanto, analisa a relação estabelecida com a escrita pela garota Nieve, protagonista do romance Todos se van (2006, 2011) e do filme homônimo (2015) nele inspirado. Nieve é o alter ego da escritora cubana Wendy Guerra, que produziu suas primeiras poesias ainda na infância, sendo Todos se van derivado da compilação de seus diários. O aporte teórico do artigo inclui formulações de Foucault (1979, 2009, 2014), Guattari (1996, 1997, 2012, 2021) e Deleuze (1997, 1998, 2010, 2011, 2012, 2013), principalmente. A abordagem metodológica privilegia o estudo das obras como documentos históricos que guardam relação com seus contextos de produção e recepção. A análise constata que a relação de Nieve/Wendy com a escrita contribuiu para forjar sua subjetividade, estando associada a processos de singularização que remetem ao devir-criança e ao devir-escritora, principalmente. Conclui-se que as obras analisadas - assim como outras produções literárias e cinematográficas latino-americanas gestadas em contextos marcados por alguma forma de autoritarismo político, intolerância ao dissenso e/ou perda de direitos - expressa a potencialidade política da arte, ao contribuir para a visibilização das formas de opressão que atingem as pessoas às quais é dificultada/negada a possibilidade de participar nas decisões políticas e, consequentemente, exercer plenamente sua cidadania.
O presente artigo tematiza as possíveis influências dos contos de fadas na construção da identidade infantil. Para tanto, baseia-se nos achados obtidos em estudo etnográfico realizado em duas escolas de educação infantil no município de Erechim/RS.Como parte do estudo, foram realizadas entrevistas com duas docentes que atuam na educação infantil com crianças de idades entre 3 a 5 anos, assim como observações da abordagem por elas utilizada ao trabalharem com contos em sala de aula, seguida de conversas em grupo com as crianças sobre o assunto. Os resultados da pesquisa indicam que as possibilidades que o trabalho com contos coloca para a construção de aprendizados pelas crianças, assim como para a formação de suas identidades, podem ser mais amplas ou mais restritas, dependendo, entre outros fatores, da forma como o trabalho com o tema é conduzido pelos professores. A visão que esses profissionais sustentam sobre o papel da literatura na formação das crianças e a forma como traduzem essa visão em um trabalho educativo, fazendo esse universo de referências chegar aos seus educandos, podem gerar ricas oportunidades de fomentar a atividade reflexiva e imaginativa dos sujeitos infantis, suas habilidades em lidar com as próprias emoções, bem com seu repertório cultural.Conclui-se que os professores, ao atuarem como mediadoresna promoção do encontro das crianças com os contos e outras modalidades literárias, podem contribuir decisivamente para o desenvolvimento destas enquanto sujeitos sociais e de conhecimento.
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