Há considerável fluidez na fronteira entre a atuação das empregadas domésticas e as atribuições exercidas pelas cuidadoras profissionais. Mas o quão distintas são estas categorias ocupacionais em relação ao seu perfil socioeconômico? Ao longo deste artigo, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), buscamos responder se, durante o período 2002-2015, esses dois grupos apresentaram maiores aproximações ou inflexões em suas características. A partir de cinco dimensões analíticas -características individuais, condições de trabalho, grau de proteção trabalhista e social, situação domiciliar e isolamento/pertencimento -, as estatísticas apresentadas neste trabalho sugerem uma aproximação ao longo dos anos entre o perfil das trabalhadoras domésticas e o das profissionais de cuidado. Essa afirmação é válida para praticamente todos os indicadores analisados. Ambas as ocupações são marcadas pela precariedade no trabalho: combinam baixo nível de remuneração e de proteção social com alta carga horária de trabalho remunerado, somada a extensas jornadas não remuneradas. Ademais, ambas atividades são majoritariamente exercidas por mulheres pretas e pardas. Singularmente, a escolaridade é a única característica socioeconômica que de fato diferencia os dois grupos, consideravelmente mais alta para as cuidadoras.Palavras-chave: Emprego doméstico. Cuidado. Cuidadoras. Mercado de trabalho. * As autoras agradecem os comentários das coordenadoras e participantes do GT 13 -Dinâmicas Demográficas e Trabalho do XV Encontro Nacional da Abet, seminário no qual versão preliminar deste trabalho foi apresentada, bem como as sugestões e comentários de dois/duas pareceristas anônimos(as) da Rebep.
Na bibliografia sobre o trabalho doméstico remunerado, uma pergunta continua de alguma forma em aberto: o que explica a variação na proporção de mão de obra ocupada no serviço doméstico de cada país? Entre as cinco hipóteses apresentadas pela Sociologia e pela Economia para responder a essa questão, a explicação pela desigualdade de renda já foi testada, apenas para os Estados Unidos, pelas sociólogas americanas Milkman, Reese e Roth (1998). De acordo com elas, um fator determinante do tamanho do emprego doméstico em certo lugar é o grau de desigualdade econômica ali existente. Este artigo objetiva verificar essa mesma hipótese, mas para um conjunto de 95 países de diversas partes do mundo. Por meio de um modelo de regressão, utilizando o método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), é avaliada a relação entre o índice de Gini dos países e a proporção de mulheres ocupadas como trabalhadoras domésticas.ABSTRACT In the bibliography on paid domestic work, one question remains open: what explains variation in the proportion of the labor force employed in domestic service in each country? Among the five hypotheses presented by Sociology and Economics to answer this question, the explanation focused on income inequality has already been tested, only for the United States, by the American sociologists Milkman, Reese and Roth (1998). According to them, a crucial determinant of the extent of employment in paid domestic labor in a given location is the degree of economic inequality there. This article aims to verify the same hypothesis, but for a group of 95 countries from different parts of the world. Through a regression model, using the Ordinary Least Squares (OLS) method, the relationship between the Gini index of the countries and the proportion of women employed as domestic workers is evaluated.
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