Partindo do pressuposto de que é possível apreender, a partir da literatura, a formação de estruturas de sentimento, argumento em torno da presença de dois momentos emblemáticos do entrecruzamento, atentando a seus efeitos nas construções de sentido das identidades nacionais no Brasil e em Moçambique. O primeiro nos remete à luta anticolonial na África, a partir da década de 1940. Nessa fase, observa-se um fluxo da literatura brasileira em direção aos países de colonização portuguesa, no qual navegou a estrutura de sentimento da mestiçagem harmoniosa. O segundo momento nos remete ao fluxo no sentido África-Brasil, em que uma estrutura de sentimento afirmativa, amadurecida no período pós-independência das ex-colônias, passa a influenciar, já no século XXI, uma estrutura de sentimento emergente na sociedade brasileira, a estrutura de sentimento africanizante.
Starting with the assumption that it is possible to apprehend the formation of structures of feeling from literature, I make a case for the presence of two iconic moments for the interweaving of these with respect to their effects on the building of a sense of national identity in both Brazil and Mozambique. The first moment is the anti-colonial struggle in Africa starting in the 1940's. At this time there was a wave of Brazilian literature towards the countries colonized by the Portuguese, on which sailed a structure of feeling of harmonious mestizo. The second moment refers to a flow from Africa to Brazil where a structure of affirmative feeling, mature in the post-independence period of the former colonies influences, already in the 21st century, a feeling of sentiment emerging in Brazilian society, which we could call an africanized structure of feeling
Resumo: Neste artigo, propomos uma discussão sobre o lugar da literatura na construção do conhecimento. Tendo em mente o pressuposto de que o conhecimento científico deve ser compreendido como forma de conhecimento, mas não como o conhecimento por excelência, perguntamos se a literatura também poderia ser concebida como uma forma de conhecimento da realidade, ainda que esta não seja sua função nem mesmo o que a define como literatura. De modo que procuramos aqui problematizar a relação entre literatura, conhecimento e sociedade, a partir do materialismo cultural, tomando como estudo empírico a formação da literatura em Moçambique.Palavras-chave: literatura, conhecimento, Moçambique, materialismo cultural.Colocando a questão C omo sabemos, no final do século XX, ao lado dos estudos literários, tal como foram concebidos nas academias europeias, surgiram com vigor -e em contraposição -os estudos pós-coloniais voltados, entre outros aspectos, para uma reinterpretação da história narrada (e alçada à condição de história oficial) a partir daqueles que a vivenciaram na posição de "dominados", "subalternos", "colonizados". Desde então, o campo dos "estudos literários" passou a conviver com a "crítica pós-colonial" que se espraiou rapidamente no debate acadêmico, lançando um novo olhar sobre a literatura. No campo das análises das literaturas produzidas no continente africano, por exemplo, as abordagens pós-coloniais tornaram-se um ponto de inflexão obrigatório.Isso se explica, em parte, pelo fato daquela literatura ter sido produzida, em suas origens, como arma de combate que fortaleceu a luta de libertação do jugo do colonialismo, posteriormente, no período pós-independência, ter se tornado um poderoso instrumento de elaboração dos sentidos da nação e ainda pelo fato de que parte desta literatura tenha produzido um discurso crítico que problematiza não apenas o passado e a herança colonial, como ainda as contradições emergentes na nova ordem social (ver, entre outros,
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