Resumo: Neste trabalho, reportamos dois experimentos que realizamos por meio da técnica experimental de leitura automonitorada cujo foco foi a influência do traço da animacidade em Cláusulas Relativas de Sujeito e de Objeto. No primeiro experimento, com cláusulas com sujeitos e objetos animados, os resultados demonstraram que as cláusulas de sujeito foram lidas num tempo significativamente menor do que as relativas de objeto. No segundo experimento, controlamos a animacidade, construindo cláusulas relativas de sujeito e de objeto, sendo metade delas com termos animados e metade inanimados e, embora tenhamos encontrado efeito de interação entre o tipo de relativa e o traço da animacidade, não houve efeito principal quanto a esses dois fatores. Ou seja, esses resultados demonstram que o traço da animacidade é acessado pelo parser já no início do processo da compreensão de uma frase e por isso mesmo o processador sintático não estaria restrito a informações puramente sintáticas.
Palavras-chave:Animacidade; Sujeito e objeto animado e inanimado; Cláusula relativa; Processamento on-line Abstract: In this paper, two self-paced reading experiments address the question whether the parser accesses and compute semantic features during sentence processing. Both experiments aimed to compare the processing of subject relative clauses and object relative clauses. In the first experiment, these clauses were not manipulated in terms of its animacity features -both subject and object were animate DPs. The results of this experiment demonstrate that subject relative clauses were read significantly faster when compared to object relative clauses. The second experiment did manipulate the animacity features: subject and object of relative clauses were divided in 50% of animate and 50% of non-animate DPs. Under these circumstances, the results reveal that the reading times of subject and object relative clauses are statistically equivalent. The syntactic asymmetries between subject and object relatives alone cannot explain these results, therefore the experiments lead to the conclusion that the parser is likely to access and compute semantic features during on-line sentence processing.Keywords: Animacity features; Animate and non-animate subject and object relative clauses; On-line parsing
Processamento de relativasOs estudos empreendidos nesta pesquisa têm seu foco no processamento psicolinguístico de Cláusulas Relativas de Sujeito (CRS) e de Cláusulas Relativas de Objeto (CRO). A Linguística traz resultados substanciais a respeito de cláusulas relativas, (COSTA et al., 2009;KENEDY, 2013;OLIVEIRA, 2013); tais trabalhos descrevem o funcionamento das estruturas e procuram explicar a representação e a aquisição delas. A psicolinguística, por sua vez, tem investigado tais cláusulas e com isso tem compreendido como o encaixamento de cláusulas com um pronome relativo funciona na mente humana. Um dos fatos demonstrados pela psicolinguística diz respeito às : http://dx
As contribuições da psicolinguística experimental à linguística teórica já são hoje fartas. Diferentes teorias dentro da linguística reconhecem abertamente a experimentação como um tipo de ciência que pode fazer avançar a discussão sobre CAPÍTULO 8
O artigo apresenta o contexto do surgimento e do desenvolvimento da teoria das múltiplas gramáticas (ROEPER, 1999, 2016; AMARAL & ROEPER, 2004, 2014; ABOH, 2015, 2020; KENEDY, 2016, 2018) como um esforço em trazer a realidade heterogênea das línguas naturais para a caracterização gerativista da competência linguística de um falante. Discute o trabalho de Souza (2019) e argumenta que a articulação entre orações em sentenças do português brasileiro representa uma variabilidade relativa ao desempenho linguístico – a saber, a memória de trabalho – e, assim, não encerra um caso de múltiplas gramáticas.
Este artigo apresenta uma discussão sobre a teoria linguística gerativa no que se refere a aspectos de sua evolução histórica, de seus avanços obtidos e de suas opções metodológicas. Em especial, busca-se uma forma de se mensurar os incrementos alcançados pelo gerativismo desde as suas proposições iniciais (cf. CHOMSKY, 1957) até os dias atuais (cf. CHOMSKY, 2013), valendo-se, para essa tarefa, do referencial teórico proposto pela Filosofia da Ciência de Lakatos (1978). A ideia básica a ser discutida é a criação de critérios pelos quais se permita saber o quanto o gerativismo tem de fato progredido enquanto teoria, fazendo avançar o conhecimento sobre a linguagem humana e revelando caminhos realmente promissores para o futuro da pesquisa em Linguística. As conclusões caminham na direção de que, a despeito das inegáveis conquistas que a teoria gerativa obteve a respeito do nosso entendimento da linguagem humana, questões epistemológicas e metodológicas ainda requerem uma discussão mais aprofundada, visando à consolidação das descobertas e propostas gerativistas como conhecimento científico confiável.
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