Esse estudo tem por objetivo apontar as divergências encontradas nas análises fonológicas para a Língua Ikpeng (Família Karib, ramo pekodiano), que é falada por aproximadamente 500 pessoas que vivem em quatro aldeias no Parque Indígena do Xingu (PIX), Mato Grosso. A fonologia da língua Ikpeng foi discutida por Emmerich (1972), Campetela (1997) e Pachêco (2001). Entre essas análises, há diferenças tanto do número de fonemas como na distribuição de alofones. Em síntese, essas análises divergem quanto: ao status fonológico da consoante [b] e da distribuição dos alofones bilabiais entre /p/ e /w/; o status fonológico dos glides /w/ e /j/; a proposição de um fonema africado /ʧ/; e, por fim, o status da oposição entre as velares /k/ e /g/. Para realizar essa análise, foram utilizados os dados disponíveis nos textos desses pesquisadores, acrescentando exemplos extraídos de dez narrativas tradicionais gravadas por Chagas entre 2009-2015 e transcritas por professores e outros membros da comunidade Ikpeng.
O livro de Eunice Dias de Paula apresenta uma análise pouco comum de línguas indígenas brasileiras. Nessa análise não encontramos a tradicional descrição gramatical, nem a discussão tipológica. Por isso, é importante situar o leitor em outra perspectiva. Eunice de Paula analisa a língua dos Apyãwa colocando a comunidade de fala em primeiro plano, seguindo os pressupostos de Dell Hymes (1974, 1986). Nessa proposta, as estruturas linguísticas são resultantes de princípios básicos que norteiam a comunidade de fala, ou seja, identificar esses princípios básicos que regulam ou promovem as interações linguísticas nos permite compreender as estruturas da língua e, principalmente, porque as línguas se diferenciam. No caso dos Apyãwa, já adiantando a conclusão da autora, a cortesia e a gentileza são expressões primordiais desse povo, marcadas intrinsecamente na língua, seja nas saudações cotidianas, seja nas marcas linguísticas presentes nas narrativas míticas, seja nos cantos rituais. Em todos esses eventos, o comum é uma relação de gentileza e cortesia com outro Apyawã, com os espíritos dos antepassados ou com os Axyga, Espíritos que fazem parte da cosmologia dos Apyãwa e os acompanham, por exemplo, na construção e manutenção da Takãra.
During the first quarter of the nineteenth century, Brazil received many naturalist travelers who entered into regions hitherto little or nothing known by other European nations. By traveling the inland provinces, these scientists encountered not only the nature still little studied, but also various indigenous peoples in different stages of approach of the colonization fronts. Among the naturalist travelers of the first quarter of the nineteenth century, this study aims to analyze the production of word lists by Emmanuel Pohl (1782-1834) and Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), who carried out their scientific journey through the Brazilian territory almost at the same time, also coursing common portions. These two naturalists are also responsible for the linguistic only records known of South Cayapó from the village of San José de Mossâmedes, Goiás.
OOs primeiros estudos fonológicos sobre a língua Panará (Jê setentrional) foram realizados por Dourado (1990, 2001). Nessas análises, a pesquisadora propõe três alturas distintivas para as vogais orais e duas para as nasais, totalizando, assim, 15 segmentos vocálicos. Essa proposta é consistente com o padrão observado nas demais línguas Jê e com a proposta de reconstrução de Davis (1966) para essa família. No entanto, os fatos apresentados são pouco conclusivos quanto à distinção do traço [+ baixo] entre as vogais orais anteriores [-post.] e posteriores [+post.]. No <em>corpus </em>resultante de trabalho de campo em 2012, foi possível postular um sistema vocálico composto por sete vogais orais e seis nasais, divergindo da proposta de Dourado (1990, 2001), no qual o traço [+baixo] é distintivo somente entre as vogais posteriores não-arredondadas [+post., -arr.] e nas demais posições a oposição se dá somente pelo traço [± alto]. Este estudo tem como foco a discussão do sistema vocálico do Panará a partir da identificação dos traços distintivos relevantes.
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