Juntamente – e em oposição – ao romance realista burguês, o fantástico se configura como expressão literária definidora do século XIX. No século seguinte, muitos críticos e pesquisadores se ocuparam da tarefa definir esse modo de contar histórias tão peculiar, mas ao mesmo tempo tão abrangente. Todavia, foi na década de setenta, a partir do búlgaro Tzvetan Todorov, que essa discussão ganhou ares de batalha campal entre duas definições distintas para o fantástico. O objetivo do presente artigo é traçar um panorama geral dessa longeva querela pela definição do fantástico literário, lançando enfoque sobre os debates teóricos e conceituais existentes entre críticos e pesquisadores do século XX, mais precisamente entre no período que podemos chamar, numa nomenclatura contingente, de pós-todoroviano. Para tanto, dividimos a discussão em duas vertentes opostas: de um lado, Tzvetan Todorov (2012 [1970]), baluarte do fantástico genológico; do outro, seus críticos e dissidentes, defensores do fantástico modal, dos quais: Irene Bessière (1974), Lenira Covizzi (1979), Filipe Furtado (1980; 2009), Rosemary Jackson (1986 [1980]) e Remo Ceserani (2006 [1996]).
O presente trabalho tem como objetivo analisar e discutir questões sintático-semânticas acerca dos sintagmas preposicionais (PP, do inglês Prepositional Phrase) nucleados por ‘de’ utilizados como predicados de sentenças copulares no português do século XIX, pois, como se sabe, no português brasileiro, a seleção de cópula + PP pode culminar em papéis temáticos (ideias semânticas) distintos a depender da semântica expressa no PP pós-cópula. Para tanto, analisamos um corpus composto por diversos documentos originários do estado de Pernambuco, impressos e manuscritos, datados dos séculos XIX, almejando estabelecer generalizações diacrônicas entre o português deste período e o português brasileiro atual. Trabalhamos com 12 documentos, totalizando 630 páginas de variados gêneros textuais, sendo eles: cartas de leitores, cartas de redatores, cartas pessoais (manuscritas) e anúncios em jornais. Estes textos foram retirados do banco de dados virtual do Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB) e até então jamais haviam sido trabalhados com foco em orações copulares e PPs predicados. Embasamos nosso estudo nos pressupostos teóricos e metodológicos de Avelar (2004), Gallego e Uriagereka (2016), Mattos e Silva (2006) e Stassen (2009). A análise apontou para uma grande predominância nas ideias semânticas de “posse” e “característica” sendo desencadeadas por PPs predicados nucleados por ‘de’ no português do século XIX, padrão que se assemelha ao que ocorre no português brasileiro dos dias de hoje.
O presente artigo tem por objetivo realizar um estudo sobre as estratégias adaptativas empregadas no processo de remidiação do conto “In the tall grass” (2012), de Stephen King e Joe Hill, para a linguagem cinematográfica do streaming. Para tanto, nos propomos a realizar uma leitura imanente pautada nos aspectos formais e temáticos das duas obras: alterações e permanências de elementos narrativos, rupturas e continuidades formais e simbólicas, além das escolhas e recursos da linguagem cinematográfica empregados pelo adaptador Vincenzo Natali, bem como suas (possíveis) motivações. Para tanto, nos embasamos nas teorias acerca do processo de adaptação propostas por Stam (2000), Bolter e Grusin (2000), Ondaatje (2002) e Hutcheon (2013). A partir da análise, concluimos que, com a tarefa de não apenas reconfigurar uma obra literária para o modo de engajamento audiovisual mas, além disso, expandir uma narrativa curta para a duração de um filme longa-metragem, Natali lança mão de estratégias voltadas para a adaptabilidade do material-fonte e para a aceitabilidade mercadológica de seu filme, a saber: ampliação da participação dos personagens secundários e terciários; adição de um herói arquetípico como protagonista; ampliação dos cenários do conto, inserção de elementos sci-fi e do horror slasher. Ademais, muitos elementos da sintaxe cinematográfica são utilizados para transportar para a tela a tensão e a opressão do locus horribilis retratado no conto, tais como: tomadas aéreas do matagal; planos-detalhe em elementos da natureza; quadros abertos para estabelecer a localização dos personagens.
Resumo: O termo female gothic – gótico feminino –, cunhado por Ellen Moers em 1976, esconde sob sua aparente simplicidade uma vasta gama de práticas literárias e modos de mimetizar a condição feminina através dos efeitos estéticos negativos característicos do modo literário gótico. Um dos principais motivos presentes em obras do gótico feminino, conforme apontam Moers (1976) e Kipp (2003) é a maternidade enquanto experiência negativa, marcada por “medo e culpa, depressão e ansiedade” (MOERS, 1976, p. 93). Nesse bojo, o objetivo do presente artigo é analisar a presença da maternidade gótica no conto “Os porcos”, de Júlia Lopes de Almeida. Publicado em 1903 na coletânea Ânsia Eterna, o conto narra a história da cabocla grávida Umbalina, que pretende matar o filho – fruto de uma relação malfadada com o sinhô – para evitar que ele seja dado de comer aos porcos da fazenda pelo seu pai.
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