RESUMO O artigo trata da migração de cearenses para a província do Amazonas em decorrência da grande seca que afetou o Ceará entre 1877 e 1879. Acompanhamos os esforços de rearticulação de colônias agrícolas, anteriormente planejadas para receber imigrantes europeus, as quais acabaram incorporando levas de retirantes que buscavam manter atividades similares às de seus locais de origem, com destaque para a agricultura. Destacamos ainda a segunda tentativa de construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, frente de trabalho que, além de cearenses, incorporou também imigrantes norte-americanos, irlandeses e italianos. Questões ambientais, esgotamento financeiro, ações de resistência e desvios de recursos inviabilizaram tanto as colônias agrícolas como a ferrovia, causando o retorno dos trabalhadores estrangeiros e a insatisfação generalizada entre os nativos. As elites amazônicas passaram a direcionar as migrações para as afastadas regiões de extração de borracha, isolando e pulverizando novas aglomerações e insubordinações.
Ensaios Interdisciplinares em Humanidades, volume VI, compõe-se, assim, como uma obra que coleciona e articula diferentes olhares: todos contextualizados, ocupando lugares de fala, muitas vezes invisibilizados, inclusive pela própria academia. Falar de bordados, arte, educação, territórios e religiões de matrizes africanas, tradições indígenas e quilombolas sob a perspectiva interdisciplinar e centrada nas experiências de suas/seus protagonistas, membras e membros dessas culturas é um presente para quem não conhece essas realidades de perto. Também para nós brasileiras/os, entrar em contato com estudos de Moçambique, Guiné-Bissau e outros países africanos é igualmente um privilégio: na medida em que temos a oportunidade de conhecer mais sobre algumas das diversas leituras e percepções africanas acerca da interdisciplinaridade. Esperamos que esta obra seja o início (ou um meio) para a desconstrução do olhar engessado e preconceituoso em Humanidades.
RESUMO O artigo analisa os esforços revisionistas recentemente empregados na obra O Cearense Revelado, de Luís Santos (2020), além de abordagens da historiografia cearense que, por um lado, negam ou menosprezam a presença de negros no processo de formação social do Ceará e, por outro, reproduzem o discurso do desaparecimento dos povos indígenas como resultado da colonização portuguesa, considerando o cearense produto da miscigenação entre os portugueses vitoriosos e os indígenas eliminados. Ao destacar uma suposta predominância nórdica, a narrativa criada em O Cearense Revelado ultrapassa os limites de uma leitura revisionista, chegando a alcançar um viés negacionista, perspectiva bastante confortável para justificar hierarquias de poderes e saberes em um contexto de manutenção de desigualdades sociais e da subalternização dos povos indígenas e negros na contemporaneidade.
O artigo aborda os impactos da Segunda Guerra Mundial em Fortaleza, capital do estado do Ceará. Evidencia a participação de movimentos populares e intelectuais, com destaque para os acadêmicos da Faculdade de Direito nas ações de combate ao nazismo, desde palestras nas escolas da capital até as manifestações ocorridas em agosto de 1942, quando a população enfurecida contra os bombardeios de navios brasileiros praticou quebra-quebra e saques em lojas de proprietários de nacionalidades vinculadas aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Discute ainda os impactos da presença de militares norte-americanos que estabeleceram bases em Fortaleza e como o conflito afetou aspectos do cotidiano da cidade. A partir da perspectiva da história social e dialogando com jornais, obras literárias, memorialistas, biografias e depoimentos, problematiza as especificidades locais, entre as quais a seca de 1942, a presença de retirantes e mendigos na cidade e as ações do poder público, que supostamente buscavam prevenir os populares de ataque das nações inimigas, mas que na prática também foram utilizadas como medidas de controle social.
Notas sobre pandemia e saúde quilombola: experiências a partir do Ceará, disponível em: https:/ /www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/170436/163359. Acesso em 09 de ago. de 2022.As quilombolas do Sítio Veiga e a dança de São Gonçalo em Quixadá /CE, disponível em: https:/ /repositorio.unilab.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2434/1/ANA%20 MARIA%20EUG%C3%8ANIO%20DA%20SILVA%20Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em 09 de ago. de 2022. ENSAIOS INTERDISCIPLINARES EM HUMANIDADES VOLUME VI PREFÁCIOduções científico-intelectuais e artístico-culturais, se enegreçam crescentemente.Segundo a Quilombola e historiadora Beatriz Nascimento (1989( apud RATTS, 2006: "Quilombo é infinito, espaço de história, pois nele tem história, é história". Desse modo, os Quilombos fazem-se como fontes vivas de conhecimentos históricos e ancestrais, que alimentam e educam os nossos povos, as nossas mentes e os nossos corpos por meio da tradição, da partilha e da coletividade.É nesse chão-território e útero tão sagrado que-mais uma vez-nos nutrimos de saberes, fazeres, tradições, memórias, costumes e crenças. Queremos, portanto, na UNILAB um espaço de comunhão com o nosso chão, de contação, (re)existência, alimentação, iniciação e construção de nossa própria História.Atualmente, temos em nossa universidade estudantes de 11 territórios Quilombolas, sendo eles: Córrego dos Iús/Acaraú; Sítio Veiga/Quixadá; Cumbe/Aracati; Batoque/Pacujá; Lagoa dos Crioulos/Salitre; Serra do Evaristo/Baturité; Três Irmãos/ Croatá; Nazaré/Itapipoca; Serra da Rajada/Caucaia; Capuã/ Caucaia; Alto Alegre/Horizonte; nos diversos cursos de graduação como: agronomia, história, antropologia, sociologia, pedagogia, enfermagem, humanidades, administração pública, ciências biológicas, letras português, farmácia e também no Mestrado Interdisciplinar em Humanidades.A presença desses/as Quilombolas só foi possível devido ao Edital Específico para Indígenas e Quilombolas, que teve início em nossa instituição no ano de 2017, mas que foi interrompido em 2019. Segundo a Comissão dos/as Estudantes Quilombolas da UNILAB-CE (CEKUCE, 2022), o aumento do número de discentes matriculados/as foi significativo, pois houve um salto de 01 para 57 estudantes, pertencentes a 11 territórios quilombolas cearenses. ENSAIOS INTERDISCIPLINARES EM HUMANIDADES VOLUME VIPREFÁCIO ser uma bandeira de toda a sociedade. A luta é para que a universidade seja um Quilombo novo, um novo Quilombo que leve em consideração nossos saberes/fazeres, um Quilombo-acadêmico 10 : que contemple vivamente em suas componentes, em suas linhas de pesquisa, em suas ações extensionistas e didático-curriculares o que nós somos, a nossa Ancestralidade, de onde viemos, o nosso chão e qual é a nossa proposição na História.Seguimos sem Conclusão, sem ponto final, porque o trabalho de resgate e ressignificação de nossa História não se encerra aqui, ficando aberto para as demais pessoas que queiram contribuir com uma sociedade mais justa, antirracista, efetiva e materialmente descolonizada, mais solidária e igualitária. Só po...
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