O artigo concentra-se em torno da análise reflexiva que o filósofo Michel Foucault faz a respeito da temática do poder. Foucault rompe com as concepções clássicas deste termo e define o poder como uma rede de relações onde todos os indivíduos estão envolvidos, como geradores ou receptores, dando vida e movimento a essas relações. Para ele, o poder não pode ser localizado e observado numa instituição determinada ou no Estado. O poder não é considerado como algo que o indivíduo cede a um governante, como vemos na compreensão política. Para Michel Foucault, o poder acontece como uma relação de forças. Sendo assim, o pensador francês apresenta dois dispositivos utilizados pela sociedade para a justificação do poder e para a domesticação dos corpos que compõem o espaço social, são eles: vigilância e punição. Esses dois dispositivos são inseridos na sociedade de forma discreta, chegando a um ponto na construção da sociedade que a existência desses dispositivos é vista como necessária, indispensável e legítima pelos próprios cidadãos. Na obra Vigiar e Punir, Foucault faz um estudo científico sobre a evolução histórica da legislação penal e os métodos coercitivos e punitivos, adotados pelo poder público nas formas de repressão. Métodos que vão desde a violência física até instituições correcionais.
Jean Calas, formalmente acusado pelo crime de parricídio, foi julgado e condenado sem provas. A ausência da materialidade do suposto ato delituoso foi suprida pela convicção dos magistrados, aliada ao clamor popular das massas que ocupavam as ruas, reivindicando por justiça. Partindo da análise desse julgamento histórico, situado nos tribunais franceses do século XVIII, o artigo pretende chamar a atenção para os riscos decorrentes da influência da opinião pública sobre o curso do processo penal. Utilizando-se de fontes bibliográficas, será demonstrado que a intolerância foi o fio condutor que direcionou o rito processual, acarretando na condenação de um homem inocente. Em tempos de ativismo judicial, podemos aprender com a história, mas não é certo que o faremos.
ver aspectos. gesto. estética. olhar. transformação. PALAVRAS-CHAVE A recorrência com que Wittgenstein tratava dos problemas relacionados com a arte e a estética, nos últimos escritos e nas últimas aulas, indica que ele concebia importante a elucidação de tais problemas e esse trabalho consistia por si mesmo uma atividade filosófica. Nesse sentido, o horizonte desta pesquisa consiste em compreender qual é o espaço ocupado pela estética na filosofia de Wittgenstein, destacando, sobretudo, a atividade de ver aspectos, típico das Investigações Filosóficas. A forma como o filósofo tratou dessa questão mostra que não a abordou de uma maneira sistemática, como fez, por exemplo, com os problemas de lógica, mas sim, em uma rede muito ampla de conexões, com diferentes motivos de natureza filosófica. No Tractatus Logico-Philosophicus, a estética representa um excesso frente àquilo que pode ser expresso por meio de linguagem, sendo, dessa forma, inclusa no grupo do inefável. Porém, a partir de uma mudança de perspectiva, é possível observar como a compreensão lógica cede lugar a um olhar que não coloca exigências de pureza e coerência lógica, mas aceita todos os gestos humanos como sendo igualmente significativos. Nesse sentido, Wittgenstein mostra a experiência de se ficar maravilhado com um objeto através de um movimento sentimental natural e acessível a todos: trata-se da experiência de ver aspectos. A possibilidade dessa visão reside na transformação do olhar, ou seja, ver todas as coisas e a vida de todos os dias de tal forma que o objeto da visão, sem se alterar, se transforma à frente dos nossos olhos e surge como uma verdadeira obra de arte. O que o pensador vienense pretende é demonstrar o quanto esse movimento é importante não só para a estética, mas para toda a filosofia.
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