O texto objetiva problematizar e debater a territorialidade do agronegócio no interior dos assentamentos rurais, a fim de compreender as conflitualidades, contradições e resistências geradas neste processo. O recorte analítico abrange quatro assentamentos rurais da mesorregião Centro-Sul do Paraná: Celso Furtado no município de Quedas do Iguaçu, Ireno Alves dos Santos, Marcos Freire e Dez de Maio no município de Rio Bonito do Iguaçu. Todos estes foram conquistados a partir da ocupação do latifúndio Giacomet-Marodin/Araupel. Assim, o estudo dialoga com as contradições e a relação dialética inserida na produção das condições necessárias à reprodução social dos camponeses, ou seja, aponta para os desafios inerentes ao processo de construção do território campesino, bem como, para as estratégias de superação desta condição.
Este artigo trata da espacialização e territorialização das lutas camponesas no estado do Paraná a partir de informações e dados coletados pelo Dataluta-PR entre os anos de 2006 e 2008. O Dataluta-PR é parte da Rede Dataluta dedicada à constituição de um banco de dados da luta pela terra realizada pelos diversos movimentos sociais do país. Observou-se que as lutas camponesas no Paraná se manifestam de variadas formas, sendo as mais frequentes, os enfretamentos pela posse da terra, preservação do ambiente e da biodiversidade, crédito agrícola, contra a construção de barragens e o agronegócio. Neste contexto de lutas foi enfatizada a ocupação da Estação Experimental da Syngenta em Santa Tereza do Oeste pelos integrantes da Via Campesina. Esta ocupação é exemplar das disputas territoriais travadas entre campesinato e agronegócio no Paraná.
O presente trabalho objetivou compreender as contradições enfrentadas pela juventude camponesa no processo de reprodução socioterritorial nos espaços de luta pela reforma agrária nos municípios de Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu/PR. Tais contradições estão diretamente correlacionadas a realidade cotidiana destes jovens e moldam suas escolhas futuras. Parte-se do entendimento de juventude camponesa a partir da realidade de classe social a qual estes jovens estão inseridos (campesinato), e a estreita ligação dos mesmos com o histórico de luta pela terra presente em ambos os municípios que compuseram o estudo. Abordar-se-á no decorrer do trabalho, dados obtidos através dos levantamentos de campo e apontamentos teóricos que compuseram a pesquisa, objetivando compreender a realidade cotidiana dos jovens camponeses que se fazem presentes nos territórios de luta pela reforma agrária. Realidade a qual, é perpassada pela hierarquização familiar, subordinação juvenil e busca por reconhecimento e autonomia, perante o núcleo familiar camponês. Como citar este artigo:FOLLMMANN, Jessica Aparecida de Avila; ROOS, Djoni. O processo contraditório de reprodução socioterritorial da juventude camponesa no interior dos territórios de luta pela Reforma Agrária nos municípios de Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu/PR. Revista NERA, v. 23, n. 53, p. 216-237, mai.-ago., 2020.
A campanha permanente de criminalização da luta pela terra e de invisibilização das transformações promovidas pela justiça fundiária induz amplos setores da sociedade a condenarem a reforma agrária e os sujeitos que, por meio da luta, têm conseguido fazer valer os princípios constitucionais que a legitimam. Diante de tamanho desatino, a proposta deste texto é explicitar aquilo que dá certo quando tudo parece ruir. Nesses tempos em que a pandemia amplia a profunda crise econômica, sanitária e ética instalada no Brasil, propomos apresentar e refletir sobre a iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de arrecadar alimentos produzidos pelas camponesas e camponeses de 54 acampamentos, 123 assentamentos, 21 comunidades de faxinalenses, posseiros, unidades de produção da agricultura familiar, escolas de agroecologia, cooperativas e sindicatos de trabalhadores rurais de 81 municípios distribuídos em todas as regiões do estado para doar a quem tem fome nas cidades. O mapa da solidariedade efetiva, traduzida em quase meio milhão de quilos de comida doados em 155 dias desde o início da ação, é fruto do cumprimento da função social da terra. Esse princípio a reveste do sentido civilizatório do cuidado com a casa comum. Em tempos em que os produtores de commodities lutam pela ampliação da permissividade aos agrotóxicos, pelo direito de incendiar para invadir terras protegidas e territórios ancestrais, explicitar esse jeito de plantar, colher e doar nos marcos da resistência, do trabalho árduo e da solidariedade é uma forma de assinalar que a ciência não pode ser neutra.
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