O presente artigo foca a construção de uma perspectiva discursiva à luz das insuficiências do trabalho desenvolvido pela Análise do Conteúdo. Seus objetivos giram em torno de duas questões centrais: "A que insuficiências uma perspectiva discursiva procurou responder?"; e "Em que sentido as práticas da Análise de Conteúdo contribuíram para as reflexões desenvolvidas por uma abordagem discursiva". Como conclusão, indica-se a pertinência de um debate sobre a problemática relação existente entre texto e contexto.
Resumo:A partir do conceito de prática discursiva (MAINGUENEAU, 1989) DO DISCURSO À PRÁTICA DISCURSIVA: UM CONCEITO QUE GANHA CORPOEste trabalho tem por objetivo propor uma reflexão voltada para o encontro entre linguagem e realidade, explicitando o lugar que reservamos para a performatividade no quadro da perspectiva discursiva que vimos praticando e incluindo nesse debate a singularidade da noção de prática discursiva (MAINGUENEAU, 1989). Dando continuidade a um debate iniciado pelo autor em trabalho anteriormente publicado (cf. ROCHA, 2013), o artigo busca responder a duas questões -complementares, sem dúvida -, a saber: (i) que tipo de relações podemos estabelecer entre a perspectiva discursiva que pretendemos sustentar e a noção de performatividade?; (ii) como dar visibilidade ao conceito de prática discursiva, entendido como reformulante de discurso? Este artigo é uma releitura de texto publicado em Intersignos, v. 6, n. 1 (2013), versão na qual o córpus, mais restrito, não foi reproduzido na íntegra, o que impediu a compreensão das análises feitas. Na versão atual, além de um córpus expandido e reproduzido em sua totalidade, figuram avanços mais recentes de pesquisa: autores como J. Butler, G. Deleuze e F. Guattari vêm se articular ao quadro teórico de base, reforçando a interseção entre pragmática e perspectiva discursiva; a performatividade passa a ser reconhecida também em nomes substantivos; aprofunda-se a diferença entre performativos e palavras indicativas de ação realizada verbalmente; ganha posição central nas análises o conceito de prática discursiva. Professor Associado. Doutor em Linguística Aplicada.
RESUMO: Os rumos atuais das mudanças da educação superior no Brasil são preocupantes, na medida em que os dispositivos instituídos em meio à cultura avaliativa privilegiam ligações funcionais e pragmáticas dos trabalhadores com seu processo de trabalho. Trazem a produtividade, a competência, a autonomia, a competitividade como palavras de ordem no mercado de saberes, gerando isolamento, fragmentação e tédio no cotidiano das práticas acadêmicas. Neste texto, coloca-se em análise os discursos e ações dos diversos segmentos implicados com o processo de mudança, assim como nossas estratégias de organização. Apresenta-se um panorama geral das políticas neoliberais que fundamentam as reformas propostas para o ensino superior, os modos de subjetivação que vêm ganhando corpo nas relações entre docentes-pesquisadores, os efeitos produzidos pela adoção de um modelo de avaliação do trabalho realizado e, finalmente, algumas reflexões que buscam interseções entre os diferentes tempos percorridos. PALAVRAS-CHAVE: políticas neoliberais, reformas, educação superior. KNOWLEDGE PRODUCTION, MERCHANTILIST PRACTICES AND NEW WAYS OF SUBJECTIVATIONABSTRACT: The current directions of changes of college education in Brazil are preoccupying, as the devices established in an evaluative culture privilege functional and pragmatic connections of the workers with their work process. These devices bring productivity,
RESUMO:Neste artigo, experimenta-se a produtividade dos conceitos de implicação e analisador, desenvolvidos no âmbito dos estudos em Análise Institucional, para, em interlocução com uma ótica discursiva, proceder à leitura de textos relativos a episódio ocorrido no Rio de Janeiro em novembro de 2010, a saber, a ocupação do Complexo do Alemão por forças policiais ditas de pacificação. Como córpus, recorreu-se a textos publicados naquela ocasião em jornais de grande circulação -O Globo e Folha de S. Paulo. A inscrição das categorias de tempo e espaço, além de marcas de discurso relatado e de enunciados contendo negação polêmica (DUCROT, 1987) são tomadas como analisadores da dimensão política que se constrói em cada um desses textos. Os resultados alcançados corroboram a importância dos dispositivos escolhidos para análise, que indicam, se não a construção de relações de embate entre os dois enunciadores, pelo menos a presença de sistemas de alianças não coincidentes. PALAVRAS-CHAVE: Análise Institucional. Implicação. Analisador. Dimensão política das práticas discursivas. Complexo do Alemão. ABSTRACT:In this paper, we test the productivity of the concepts of implication and analyzer, developed in the scope of studies in Institutional Analysis, in order to bring new light to reading texts related to an event which took place in Rio de Janeiro in November 2010: the occupation of Alemão Hill by the so-called pacification police forces. As a corpus, we had recourse to texts published in newspapers of great circulation -O Globo and Folha de S. Paulo. The inscription of the categories of time and space, as well as marks of reported speech and polemic negation (DUCROT, 1987) are taken as analyzers of the political dimension constructed in each of these texts. Results seem to corroborate the importance of the devices chosen for analysis, indicating, if not the construction of clash relations between the two enunciators, at least the presence of mismatched alliance systems.
O objetivo do trabalho é descrever e analisar a desigualdade de gênero nas eleições proporcionais de 2018 a partir dos seguintes parâmetros: i) o número de candidaturas masculinas e femininas; ii) o perfil sociodemográfico de candidatas e candidatos; iii) competitividade de mulheres e homens e, ainda, a relação entre votos; iv) e o volume de recursos financeiros de campanha declarados por candidatas e candidatos. A metodologia se deu com base em estatísticas descritivas dos dados brutos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), avaliando parâmetros de candidaturas, competitividade e gastos. A análise desses parâmetros revela que os partidos cumpriram, à risca, o patamar mínimo de candidaturas femininas definido em lei, de 30% de nomes nas listas partidárias. Além disso, observou-se um possível efeito do estado civil em interação com gênero desfavorável à representação feminina. Esse dado parece refletir, na arena eleitoral, constatações mais gerais a respeito da variação da desigualdade de gênero no Brasil associada à divisão sexual do trabalho reprodutivo. Para descrever a competitividade de candidatas e candidatos, foi elaborada uma tipologia a partir da regra que define o patamar mínimo de 10% quociente eleitoral como requisito para obtenção de representação. Observou-se um expressivo contingente de mulheres subcompetitivas. Isso ajuda a explicar outro achado do artigo: o fato de que as vagas adicionais nos legislativos estaduais obtidos pela expressividade da votação de algumas poucas mulheres “puxadoras de votos” foram preenchidas, em geral, por homens. Por fim, o artigo revela que, considerando um mesmo volume de recursos de campanha, os homens, em sua grande maioria, recebem mais votos que as mulheres. A descrição da desigualdade de gênero, a partir das eleições proporcionais de 2018, dialoga diretamente com os principais temas da literatura sobre desigualdade de gênero na política. Espera-se que a análise empreendida no artigo contribua para o diálogo e ações que visem promover uma maior igualdade entre homens e mulheres na política brasileira.
Resumo: Este artigo busca demonstrar, por meio de análise do caso brasileiro, como a estratégia de formação dos novos partidos determina sua capacidade de sobrevivência na competição e de seu nível de desempenho eleitoral ao longo do tempo. Com dados originais, evidenciamos dois tipos de estratégias utilizadas pelos partidos: (i) cooptação das elites políticas de partidos grandes; e (ii) criação de um partido com nomes novos dentro do sistema político. Introduzimos uma inovação ao debate indicando que as estratégias partidárias no momento de formação têm tido um peso relevante para explicar seu sucesso de formação e nível competitivo. Utilizamos dados biográficos dos (as) parlamentares na Câmara dos Deputados e dados eleitorais para dar conta de explicar as diferenças no tipo de estratégias de formação e no sucesso desses novos partidos. Com isso, contribuímos para preencher uma lacuna no estudo sobre novos partidos no Brasil, fenômeno tão conhecido, mas pouco estudado.
Resumo: O presente artigo centra-se na discussão do conceito de enlaçamentos (MAINGUENEAU, 1989), visto como o modo pelo qual o texto institui uma cena que a atividade enunciativa simultaneamente produz e pressupõe para se legitimar. Tomando como corpus de análise os discursos da mídia impressa voltada para os videojogos em português e em francês, pretende-se demonstrar de que modo, pelo recurso ao referido conceito, torna-se possível um tratamento mais adequado da articulação que se verifica entre enunciado e enunciação, a partir da análise de diferentes dispositivos -locução discursiva, topografia, cronografia, etos, código de linguagem -que definem um dado posicionamento no interior de um campo discursivo. Palavras-chave: Enunciação. Enlaçamentos. Dispositivo. Videojogos. INTRODUÇÃOProlongando uma tradição de pesquisas assentadas em uma perspectiva discursiva de base enunciativa, este trabalho tem por objetivo proceder a uma reflexão sobre a noção de enlaçamentos 1 enquanto "processos pelos quais o texto de uma formação discursiva reflete sua própria enunciação" (MAINGUENEAU, 1989, p. 69).A problemática dos enlaçamentos vem colocar em cena a ausência de exterioridade entre coerções enunciativas e práticas institucionais, representando, desta forma, um modo de acesso privilegiado às condições de enunciação dos discursos. É justamente por essa propriedade que possuem os textos, qual seja, a de refletir sua própria enunciação, que os enlaçamentos podem também ser designados como processos de "reflexividade' ou de "autorreferência", os quais se
Este artigo tem por objetivo descrever e analisar a produção de trabalhos empíricos sobre regulação econômica e social no Brasil. O artigo aborda os principais temas regulatórios tratados nesses trabalhos, a literatura por eles mobilizadas e as técnicas de pesquisa empíricas empregadas. O artigo se estrutura em duas grandes seções, sendo a primeira focada na descrição e análise das teses de doutorado e dissertações de mestrado defendidas em programas de Direito entre 1996 e 2016 e a segunda voltada para a análise dos artigos publicados nos periódicos A1 e A2 da área de direito. A estrutura de cada seção é semelhante: procede-se a uma descrição quantitativa da produção empírica sobre regulação realizada na área do direito, seguida da identificação das técnicas empíricas comumente empregadas. Posteriormente, realiza-se uma análise bibliométrica dessa produção, identificando os temas regulatórios tratados por ela e a rede de autores predominantemente citados. De modo geral, este artigo revela que a pesquisa empírica que versa sobre temas regulatórios é muito incipiente. Além de terem sido poucos os trabalhos empíricos até hoje produzidos, estes são marcados por deficiências metodológicas e teóricas que serão analisadas no artigo, e que comprometem seu rigor científico.
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