Este trabalho visa analisar um dos fundamentos do Movimento Escola Sem Partido para criticar o pensamento de Paulo Freire, acusando-o inclusive de doutrinador dogmático e autoritário, a saber: o pressuposto da neutralidade do educador. Para tanto, será realizada uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo em que serão utilizados três eixos interpretativos: (1) a concepção de neutralidade a partir do paradigma científico e seus desdobramentos na educação, (2) a relação entre educação e política e (3) a concepção freiriana de leitura do mundo. Pretende-se, assim, confrontar alguns pressupostos do referido Movimento, especialmente no que concerne à pretensa de neutralidade do educador com a concepção freireana de educação. Enquanto o pensamento freiriano nos faz estranhar as práticas sociais, o Movimento Escola Sem Partido busca naturalizar o mundo social, o que justifica em parte a sua aversão ao pensamento de Paulo Freire que se baseia em um mundo plural, em disputa por recursos simbólicos e materiais.
Resumo A filósofa francesa Simone Weil (1909-1943) buscou compreender o estatuto do trabalho na vida humana, bem como as formas de opressão operária vigentes em sua época. Ela propôs uma ressignificação do trabalho, visando à liberdade e à dignidade humana. Embora o trabalho seja um tema frequentemente referido nos artigos dedicados a essa pensadora, poucos dentre eles enfatizam a viabilidade de sua proposta na atualidade. Nesse sentido, este artigo visa articular o pensamento weiliano a três teóricos do século XXI. Analisamos as propostas da psicologia do trabalho expressas por Yves Clot e Christophe Dejours. Também analisamos o modelo fenomenológico proposto por Hubert Dreyfus para compreender de que maneira se desenvolvem as habilidades e de que modo elas se expressam no corpo do expert. Estabelecemos, assim, possíveis diálogos com o pensamento weiliano a partir dos conceitos centrais presentes em sua proposta de educação do trabalhador, buscando transpor esses conceitos para nossa realidade.
Resumo Este artigo defende que a filosofia é uma prática e, enquanto tal, exige técnicas de trabalho sobre si mesma que deverão ser aprendidas em contextos formativos. Essas técnicas ultrapassam os aspectos da transposição didática dos conteúdos filosóficos, pois além do trabalho conceitual e argumentativo próprio da filosofia, é preciso preparar os licenciandos para a prática docente, o que implica criatividade, corporeidade, uso do espaço e interação com o público. Tudo isso, em certa medida, são práticas típicas da formação de atores. Investigar em que medida os saberes e as práticas próprios à formação de atores podem auxiliar na formação de professores de filosofia é o objetivo deste artigo. No referencial teórico evidencia-se a pouca atenção dispensada pelos teóricos da área para a dimensão prática do ensino de filosofia, isto é, sobre o como fazer filosofia em sala de aula. Para estabelecer a relação entre a formação do ator e a do professor de filosofia, foi realizada uma revisão bibliográfica de artigos acadêmicos nacionais. Mas, na ausência de textos que abordassem essa temática, buscou-se explicitar algumas correlações entre os saberes e as práticas das artes cênicas e a formação de professores de filosofia a partir da análise de textos da chamada fase teatral do diretor e encenador Jerzy Grotowski. Desse modo, encontraram-se elementos do fazer teatral do referido diretor polonês, como o uso do corpo, do espaço e da voz, que poderão contribuir para a formação de professores de filosofia.
Refl exões acerca do corpo do trabalhador no pensamento da fi lósofa francesa Simone Weil* Refl ections on the worker's body at the thought of the French philosopher Simone Weil Débora Mariz *Este artigo é parte integrante do projeto defi nitivo de tese em Filosofi a apresentado e aprovado pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Filosofi a, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutoranda bolsista em Filosofi a Contemporânea (UFMG), Mestre em Filosofi a e Terapeuta Ocupacional.
A filósofa francesa Simone Weil (1909 - 1943) foi uma importante pensadora contemporânea do século XX, mas seu pensamento ainda é pouco conhecido e até mesmo negligenciado na Academia. O presente trabalho visa analisar o estatuto da percepção no pensamento weiliano, contextualizando-o na tradição filosófica francesa. Para tanto, será realizado um paralelo entre seu pensamento acerca da percepção com aquele dos filósofos Descartes, Maine de Biran, Lagneau e Alain. Desse modo, pretende-se mostrar através do conceito weiliano de leitura de que modo esta pensadora compreende a percepção inserindo-a na tradição filosófica francesa e apresentando a originalidade de seu pensamento.
ResumoEste artigo visa a analisar a especificidade da ação propriamente humana, no pensamento aristotélico, fruto de um certo princípio de indeterminação constitutivo da natureza humana, compreendendo na ação (praxis) uma finalidade poiética, a saber: a produção da excelência do próprio homem.Palavras-chave: filosofia antiga, Aristóteles, ética, poiesis, habituação. AbstractThis paper presents an analysis of the specificity of properly human action in Aristotle's thinking, which results from a certain principle of indetermination that is inherent in human nature. Human activity (praxis) shall have a poietic purpose, viz. the development of human excellence. Keywords IntroduçãoNa tradição filosófica posterior a Aristóteles, consolidaram-se três importantes conceitos relacionados à ação humana, os quais têm sua origem na sua distinção de três tipos de raciocínios: o teórico, o prático e o produtivo. Nessa distinção, o raciocínio prático, relativo à praxis, caracteriza a ação propriamente humana no terreno da arte política 2 . O sentido de praxis próprio à reflexão de Aristóteles foi interpretado por comentadores, como Gauthier, em sua introdução à Ética Nicomaqueia de Aristóteles (1970, p. 63), como pertencente, exclusivamente, ao domínio da atividade imanente, cujo fim é a própria ação virtuosa, excluindo, ao afirmá-lo, a dimensão produtiva do agir humano, entendida apenas como atividade transitiva, cujo fim é exterior ao agente 3 . Essa dimensão, como veremos, tem uma importância 1 Doutoranda em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Presidente Antônio Carlos, 6627, Pampulha, 31270-901, Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: deboramariz@gmail.com 2 É necessário ressaltar que a obra aristotélica, intitulada por Andrônico de Rodes Ética Nicomaqueia, inscrevese no terreno da arte política. Aristóteles esboça uma separação entre Política e Ética como campos distintos do conhecimento, mas eles ainda estão entremeados, como podemos observar nas passagens EN I, 2, 1094ª 30 sq. e EN I, 3, 1095ª 5-6. 3 Essa distinção é sustentada pela passagem EN VI, 5, 1140 b 6-7, que será analisada posteriormente.
O presente artigo visa demonstrar a possibilidade de uma justificação e fundamentação racionais da ética, bem assim o seu sentido, segundo o pensamento do filósofo Henrique Cláudio de Lima Vaz. Para tanto, será realizado um exame da fenomenologia do ethos, como objeto da ciência Ética; em seguida, será abordada a questão do sentido de uma justificação e fundamentação racionais da ética, na realidade contemporânea e, finalmente, será apresentada a proposta de Lima Vaz, a partir de dois caminhos convergentes (a saber: o histórico e o teórico) e que culminam apontando a Antropologia Filosófica e a Metafísica como base de tal justificação e fundamentação racional, cuja universalidade decorre do fato mesmo de ser, a Ética, fundamentada na razão filosófica, igualmente universal.
Este artigo analisa alguns fatores envolvidos no processo de habituação na Ética Nicomaquéia de Aristóteles. Examinamos de que maneira o prazer e a dor; o fácil e o difícil, o tempo e a ocasião, o louvor, a censura e o castigo estão presentes na qualificação das ações realizadas pelo homem, sendo um indicativo da ação virtuosa ou da ação viciosa para o estagirita.
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