FONSECA, Rubem. Calibre 22. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.
Resumo Com base na leitura da narrativa “L’idylle”, do escritor francês Maurice Blanchot, este artigo analisa a figura do estrangeiro e as cinco principais características que o definem como aquele ser que vem de fora: a tragicidade de seu destino, a hospitalidade que evoca, a desordem que realiza, o suplício que incita e a morte que finaliza a sua trajetória.
Inicio esta resenha tomando de empréstimo do livro Machado -assim como o autor da obra em questão toma de empréstimo a vida e a obra do escritor carioca Machado de Assis para compor seu livro -a seguinte frase, que surge no capítulo nove, "Manassés e Efraim": "A boa leitura da obra de arte não é a do autor, mas a que o leitor faz da obra alheia, em diálogo crítico com ela" (Santiago, 2016, p. 363). A frase se torna alusiva por si só, principalmente em um livro que se deseja ao mesmo tempo ensaístico, historiográfico, ficcional e com pinceladas de crônica de costumes -o gênero romance, escrito na capa do livro, não passa de uma ironia nos moldes machadianos. Em Machado, é indiscutível o papel do leitor na figura do narrador, seja na perspectiva do leitor crítico da obra e vida de Machado de Assis, seja na do leitor crítico do período político-social que compreende o fim do Império e o início da República na antiga Capital Federal do Brasil, então situada no Rio de Janeiro. O leitor-autor ou o leitor-narrador de Machado -Silviano Santiago real e personagem mesclam-se a tal ponto que é impossível definir onde começa um e termina o outro -busca validar seu texto por meio da importância do leitor na produtividade e na sobrevivência da obra, validação que se revela essencial para seu projeto livresco exposto a outros leitores -os leitores de Machado -ao longo de suas 421 páginas: "A boa leitura tornase responsável pela vida eterna da obra de arte" (Santiago, 2016, p. 365).Nesse ponto, a importância dada ao leitor em Machado aproxima-se de modo bastante significativo da ideia do leitor apresentada por Roland Barthes em O rumor da língua: "ao ler, nós também imprimimos certa postura ao texto, e é por isso que ele é vivo" (Barthes, 2004, p. 29). Como também se aproxima da ideia do leitor apresentada por Maurice Blanchot em O espaço literário: "O que é um livro que não se lê? Algo que ainda não está escrito. Ler seria, pois, não escrever de novo o livro, mas fazer com que o livro se escreva ou seja escrito" (Blanchot, 1987, p. 193). O que se evidencia, portanto, em Machado e na leitura dos ensaístas citados, é a
Este artigo analisa, no romance O desaparecido ou Amerika, de Franz Kafka, a configuração da lei paterna enquanto sistema opressor que julga e sentencia o filho segundo uma lei-conceito predefinida, que acaba por tornar esse julgamento uma ficção. Dois territórios democráticos, um utópico e outro real, apresentam-se como o cenário do julgamento, da sentença e do castigo do filho. Diante da lei do pai, o filho não dispõe de nenhuma possibilidade de escolha, pois se encontra enredado em um pecado original que, antes de sua própria existência, já o tinha sentenciado como culpado. No desenvolvimento deste artigo, três narrativas curtas de Kafka são apresentadas como exercício de reflexão sobre essa lei paterna autocrática, são elas: A metamorfose, O veredicto e Carta ao pai. Textos de Jacques Derrida, “Préjugés: devant la loi”, e de Jacques Rancière, “O continente democrático”, dão a este artigo uma estrutura teórica pela qual a lei paterna kafkiana pode ser pensada. ---DOI: http://dx.doi.org/10.22409/gragoata.2018n45a1066.
Este artigo analisa a narrativa La folie du jour, de Maurice Blanchot, a partir de pontos relevantes do próprio autor em sua concepção de literatura, a saber: a noção de gênero textual, a questão do fragmento, a diferença entre os termos dia e noite, a ideia do neutro, a particularidade do outro e, por im, a questão do feminino, que está relacionada à questão da autoria. Além do diálogo entre os textos iccionais e ensaísticos de Blanchot, este artigo tem como pressuposto teórico textos de Jacques Derrida, Emmanuel Levinas e Christophe Bident. Da leitura da narrativa de Blanchot, constata-se que a ideia de literatura presente em seu texto não difere da ideia de literatura que se apresenta em seus ensaios críticos, não havendo, portanto, espaços separados de escrita, mas apenas uma escrita blanchotiana. Palavras-chave: Maurice Blanchot; narrativa; gênero; autoria; outro. Resumé Cet article analyse le récit de La folie du jour, de Maurice Blanchot, en s'appuyant sur des points pertinents de l'auteur lui-même sur sa conception de la littérature, à savoir: la notion de genre textuel, la question du fragment, la diférence entre les termes jour et nuit, l'idée du neutre, la particularité de l'autre et, enin, la question du féminin, qui est liée à la question de l'afectation. Outre le dialogue entre les textes ictionnels et essayistiques de Blanchot, cet article a pour hypothèses théoriques des textes de Jacques Derrida, Emmanuel Levinas et Christophe Bident. A partir de la lecture du récit de Blanchot, il ressort que l'idée de littérature présente dans son texte ne difère pas de l'idée de littérature présente dans ses essais critiques, n'ayant donc pas d'espaces d'écriture séparés, mais une seule écriture blanchotienne.
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