Os cuidados paliativos defendem o emprego de terapêuticas de alívio do sofrimento de pacientes com doenças ameaçadoras da vida, respeitando suas dimensões física, psíquica, social e espiritual. Neste sentido, buscou-se apreender o que os familiares de pacientes com neoplasia de pulmão entendem por essa terapêutica. Trata-se de estudo qualitativo de cunho exploratório, no qual foram realizadas 11 entrevistas semiestruturadas com familiares cuidadores. Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo e articulados à literatura sobre cuidados paliativos. A compreensão dos cuidados paliativos vai desde o desconhecimento do termo à noção de cuidados com a doença. Conclui-se que a comunicação equipe-família é essencial na construção dessa compreensão e que, mesmo não havendo reconhecimento do termo pela maior parte dos familiares, os resultados mostram que o cenário da pesquisa é propício à implantação da filosofia dos cuidados paliativos.
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Resumo A pandemia da Covid-19 tem produzido efeitos que ultrapassam a saúde física, especialmente nos profissionais de saúde. Objetiva-se então refletir acerca dos efeitos psíquicos da pandemia nestes trabalhadores hospitalares. Trata-se de um relato de experiência a partir da escuta psicanalítica. Como resultados, observamos quatro categorias: o desamparo frente à proximidade da morte; a angústia frente aos limites do conhecimento científico; a escuta psicanalítica frente às urgências da época; e relação entre a escuta em tempos de pandemia e a formação do analista. Finalizamos considerando que a angústia aponta para a singularidade, ou seja, a fantasia e o sintoma de cada sujeito, concluindo pela possibilidade de oferta duma escuta psicanalítica no hospital, desde que o analista esteja implicado em sua formação.
A automutilação é um ajustamento criativo disfuncional, considerada pela gestalt-terapia como uma retroflexão. Trata-se de um comportamento autodestrutivo em busca de lidar com o sofrimento no campo organismo-ambiente. Objetivamos compreender, sob a lente da gestalt-terapia, vivências de automutilação de pacientes internados por tentativa de suicídio. Utilizamos o método fenomenológico, nestas etapas: redução fenomenológica, descrição dos vetores internos ao fenômeno e explicitação da experiência em seus diferentes sentidos. Participaram do estudo quatro mulheres hospitalizadas por tentativas de suicídio e que praticavam automutilação. Realizamos atendimentos psicológicos às participantes, em seus leitos, cujos trechos sobre a automutilação foram registrados num diário de bordo e, em seguida, analisados. Constatamos que a automutilação foi uma forma de punição ao flagelar seus corpos com os cortes em busca de irem aos poucos se matando. Portanto, como um processo retroflexivo, a automutilação é um modo de autocontrole, evitação de contato e frustração a fim de um ajustamento criativo.
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O estudo propôs refletir sobre o atendimento clínico psicanalítico no setor de urgência e emergência de um hospital. A metodologia utilizada foi o estudo teórico-clínico, com noções da política, estratégia e tática da psicanálise propostas por Lacan e expondo as construções de Jack Alain Miller sobre a Teoria dos Ciclos e sobre os Efeitos Terapêuticos Rápidos em Psicanálise. Destaca-se que as vinhetas clínicas foram retiradas do diário de campo escrito ao longo da experiência no setor, propondo interlocução entre a teoria e experiencias. A interlocução possibilitou a construção sobre o trabalho do psicólogo nesse setor. Pode-se compreender que é possível uma escuta e intervenção a partir do referencial teórico em um contexto de urgência e emergência, mesmo com uma única sessão, porém com orientação dos preceitos psicanalíticos.
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