A tentativa de suicídio é uma escolha entre viver ou morrer decidida a partir da vivência da liberdade. Neste artigo, objetivamos compreender a experiência vivida da decisão de tentar o suicídio. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem fenomenológica, cujo suporte teórico-metodológico foi endossado pela fenomenologia existencial de Sartre. Utilizamos entrevistas fenomenológicas para coletar os depoimentos de cinco pessoas adultas que tentaram suicídio, abordadas por meio desta questão: como foi a sua experiência de tentar o suicídio? A análise dos dados revelou os sentidos que os participantes atribuíam à sua decisão de tentar o suicídio. A partir dos depoimentos, elencamos duas unidades de sentido: Morte, vida e liberdade nas tentativas de suicídio e "Acho que a morte é melhor do que viver neste mundo". Analisamos e discutimos como os participantes vivenciaram a decisão de morrer ou viver nas situações de adversidade que surgiam nos contextos reais de suas histórias de vida. Concluímos que a tentativa de suicídio é uma forma de escapar de situações de infortúnios, conflitos, desamparo, desespero, angústia e sofrimento, quando os participantes foram convocados a escolher, como uma expressão da liberdade ontológica, entre suportar os malogros existenciais e decidir dar cabo de suas vidas.
A clínica gestáltica prioriza o vivido e o entrelaçamento da teoria e prática como componentes indissociáveis na constituição do setting psicoterapêutico. O objetivo desse artigo é discutir a clínica gestáltica do ponto de vista do psicoterapeuta iniciante, a partir de um caso clínico. Toma-se como ponto de partida as considerações do psicoterapeuta no uso da gestalt-terapia, atravessado pelo ciclo do contato e pela versão de sentido como referenciais teórico e vivencial que iluminaram sua propedêutica prática clínica. Os bloqueios do contato impossibilitavam a cliente de seguir o fluxo de sua vida e experienciar o aquiagora, impedindo o surgimento de awareness e o fechamento de situações inacabadas. Os fatores de cura foram percebidos quando a cliente passou a dar sentido às suas dores anímicas. A versão de sentido possibilitou o relato dos acontecimentos do encontro, na ênfase do vivido do psicoterapeuta, a fim de dar rumo ao divagar existencial da cliente.
A automutilação é um ajustamento criativo disfuncional, considerada pela gestalt-terapia como uma retroflexão. Trata-se de um comportamento autodestrutivo em busca de lidar com o sofrimento no campo organismo-ambiente. Objetivamos compreender, sob a lente da gestalt-terapia, vivências de automutilação de pacientes internados por tentativa de suicídio. Utilizamos o método fenomenológico, nestas etapas: redução fenomenológica, descrição dos vetores internos ao fenômeno e explicitação da experiência em seus diferentes sentidos. Participaram do estudo quatro mulheres hospitalizadas por tentativas de suicídio e que praticavam automutilação. Realizamos atendimentos psicológicos às participantes, em seus leitos, cujos trechos sobre a automutilação foram registrados num diário de bordo e, em seguida, analisados. Constatamos que a automutilação foi uma forma de punição ao flagelar seus corpos com os cortes em busca de irem aos poucos se matando. Portanto, como um processo retroflexivo, a automutilação é um modo de autocontrole, evitação de contato e frustração a fim de um ajustamento criativo.
Neste artigo, objetivamos descrever a festa de São Francisco das Chagas de Canindé sob os impactos da Pandemia de Covid-19. Realizamos observação-participante com registros no diário de bordo durante incursões etnográficas no Santuário-Basílica de Canindé. Buscamos a explicitação de como o clima festivo se manifestou nas experiências dos devotos. Em 2020, observamos: famílias que visitaram o santuário; o luto pelos mortos da Covid-19; as preces para o fim da pandemia; o silêncio no santuário; e a organização da cidade. Em 2021, enfatizamos: as experiências dos devotos de sentir o clima de festa na manifestação coletiva da devoção; as promessas e os ex-votos que representavam as curas da Covid-19; e a organização citadina. Essas situações apontam como a festa aglutina experiências de devoção e de diversão, pois possibilita o encontro dos devotos com o santo, com si mesmo e com os outros, constituindo-se como elemento que doa sentido para suas vidas.
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