ResumoObjetivo: a promoção da saúde é atividade essencial do pediatra, mas ainda pouco fundamentada em evidências científicas. Este artigo estuda o apoio científico para as principais intervenções preventivas, quando, como e quem deve realizá-las.Fontes dos dados: revisão sistemática da literatura recente, por meio de busca nos bancos de dados Medline e Lilacs, usando as palavras puericultura, supervisão de saúde e promoção de saúde (em inglês e português); revisão não sistemática das referências bibliográficas de capítulos de livros; busca não sistemática na Internet de organizações que emitem recomendações sobre supervisão de saúde; e seleção de artigos clássicos na área.Síntese dos dados: o pediatra deve integrar-se com outros profissionais na prestação de serviços preventivos, bem como estabelecer parcerias efetivas com todos os setores da comunidade. É essencial aprimorar as habilidades em comunicação. O número ideal de consultas de supervisão de saúde nunca foi estabelecido; os procedimentos devem ser adaptados individualmente, segundo fatores de risco contextuais familiares e comunitários. Há documentação científica da efetividade de consulta pré-natal, orientação preventiva, triagem metabólica, imunização, triagem de visão e audição. A monitorização do crescimento e a triagem do desenvolvimento têm que ser racionalizadas. A repetição sistemática do exame físico completo e de exames de laboratório não está justificada.Conclusões: o pediatra tem um papel fundamental na promoção de saúde da criança e do adolescente, mas suas ações na área da puericultura não devem mais ser totalmente empíricas. Há inúmeros recursos, apoiados em evidências científicas, para guiá-lo quanto aos procedimentos mais efetivos.J Pediatr (Rio J) 2003;79(Supl.1):S13-S22: supervisão de saúde, promoção de saúde, puericultura. AbstractObjective: health promotion is one of the chief activities of pediatricians, although still lacking enough scientific bases. This article reviews the scientific support for the main preventive interventions, as well as who should make them, when and how they should be made.Sources of data: systematic review of recent literature, through the search of Medline and Lilacs databases, using the terms wellchild care, health supervision and health promotion (both in English and Portuguese); non-systematic review of reference lists of book chapters; non-systematic Internet search of organizations that make recommendations on health supervision; selection of classic articles within this field.Summary of the findings: pediatricians must seek integration with other professionals in providing preventive services, as well as in establishing effective partnerships with all community sectors. It is essential to improve communication skills. The ideal number of health supervision visits has never been established; interventions must be individually adapted according to family and community contextual risk factors. There is scientific evidence of the effectiveness of prenatal visits, preventive guidance, metabolic screenin...
Este número do Jornal de Pediatria apresenta um dos raros artigos originais sobre aspectos preventivos do trauma que se têm visto nestas páginas. Diferente das costumeiras descrições retrospectivas, baseadas em atendimentos hospitalares, o estudo sobre fatores de risco para injúrias em pré-escolares, de autoria de Sílvia Fonseca e colaboradores 1 , suscita várias reflexões que deveriam interessar a todo pediatra clínico que se preze.Em primeiro lugar, cabe ressaltar a gritante desproporção entre a importância do tema -sob o prisma da morbimortalidade de crianças e jovens -e a exígua quantidade de estudos a ele relacionados. Seria oportuno que todos nós ponderássemos um pouco mais, por exemplo, sobre dois documentos relevantes e minuciosos, divulgados recentemente, em que a OMS e o UNICEF reiteram o que muita gente parece não querer enxergar: as injúrias físicas constituem um enorme problema de saúde pública entre crianças e jovens 2,3 . A Tabela 1, adaptada dos dados da OMS, fala por si: as causas externas respondem por 53% da sobrecarga total das dez principais doenças, entre 5 e 14 anos, nos países menos ricos das Américas. Mesmo incluindo os primeiros anos de vida, com todas as suas peculiaridades, o peso das injúrias físicas é notório. O relatório do UNICEF, que se detém na mortalidade, enfatiza que 98% das mortes de crianças e jovens causadas por injúrias físicas ocorrem nos países em desenvolvimento, apontando como os principais fatores de risco a pobreza, mãe solteira e jovem, baixo nível de educação materna, habitações pobres, famílias numerosas e uso de álcool e drogas pelos pais 2 . E mais, segundo o relatório "The Global Burden of Disease" (um marco na caracterização da injúria física como problema prioritário de saúde pública), no âmbito mundial, as causas externas representam 15% da sobrecarga de mortes e incapacitação, penalizando os países do Terceiro Mundo em escala quase duplicada; para os próxi-mos vinte anos, o relatório projeta um aumento desse índice para cerca de 20% 4 . Ou seja, trata-se de uma questão muito nossa, que, apesar dos maus prognósticos, seguimos menosprezando.A moderna ciência do controle de injúrias físicas -a tentativa de diminuir as conseqüências do trauma por meio da prevenção primária, primeiros-socorros mais efetivos e técnicas melhores de reabilitação -consolidou-se, na segunda metade do século passado, como uma das bases da pediatria clínica 5,6 . A epidemiologia, a biomecânica e a ciência do comportamento constituem seus três pilares fundamentais. Neste contexto, o trabalho de Fonseca e colaboradores pode ser considerado um marco, pois é o primeiro estudo prospectivo de base populacional, com o objetivo de avaliar os fatores de risco associados a injúrias não intencionais, de que se tem notícia na literatura pediátrica brasileira. Traz um enfoque que sinaliza de modo positivo o alinhamento da investigação clínica nacional com as tendências acadêmicas globais. Caso sua inspiração motive pesquisas semelhantes em outros lugares, conforme expressam os autores, estaremos p...
Suggested citation: Blank D. Injury control from the perspective of contextual pediatrics. J Pediatr (Rio J). 2005;81(5 Suppl):S123-S136. AbstractObjective: To describe the relationship between injury control and contextual pediatrics. Sources of data:Quasi-systematic review of MEDLINE, SciELO and LILACS databases, using combinations of the words contextual, community, injury, accident and violence; and non-systematic review of book chapters and classic articles.Summary of the findings: Safety depends on the interaction of family habits, cultural patterns and surroundings. Contextual pediatrics sees the child, the family, and the community as a continuum; health diagnosis (sequential observation of problems and assets) is one of its cornerstones. Changing intrapersonal factors for injuries requires the use of both passive and active strategies. Family and cultural risk factors for injury: home overcrowding, moving, poverty, and young, illiterate and unemployed parents. The main neighborhood factors: material deprivation and traffic. Cultural factors: illiteracy, unsafe products, lack of mass transportation, handguns, workplaces without safety rules, faulty community organization, lack of communication between social sectors, inadequate legislation, low priority for safety among government actions, lack of economic resources, and low academic commitment with the field of safety. Conclusions:The pediatricians roles include strengthening of the longitudinal relationship with families, integrated interdisciplinary work, constructive intervention, partnership with community, counseling on injury risks pertaining to each developmental stage, by using lists with explicit processes and contents, and by handing out written materials. Active advocacy for safety promotion in different environments, besides the clinical setting.J Pediatr (Rio J). 2005;81(5 Suppl):S123-S136: Community medicine, wounds and injuries, counseling, health education. Injury control from the perspective of contextual pediatricsDanilo Blank* 0021-7557/05/81-05-Suppl/S123 Jornal de Pediatria Copyright © 2005 by Sociedade Brasileira de Pediatria REVIEW ARTICLEPediatrics is a contextual specialty concerned about children, their families, and the communities in which they live (...) Although the morbidity and mortality of children have changed over the past 150 years, the need for engaging in the community with families and community-based partners has not. Rather, the salience of community pediatrics has risen as the effects of societal forces have intensified and knowledge of the bioenvironmental interface has become more sophisticated (...)Pediatricians began collaborating with others in the community to prevent disease and promote health.Beyond the clinic doors, they found clear patterns and explanations. Child health outcomes were in a dynamic interplay with the environment, secular trends, commercial developments, the economy, family customs, and cultural norms.Judith S. Palfrey, Thomas F. Tonniges, Morris Green and Julius Richmond 1 S124 Jornal d...
Objectives: To assess (a) the trend of MEDLINE citation of pediatrics articles associated with Brazilian institutions from 1990 through 2004; (b) the number of Brazilian pediatrics articles published in journals with the highest impact factor; and (c) the regional distribution of institutions.Methods: PubMed search limited to ages 0 to 18 years, English language, MEDLINE and humans subsets, Brazilian affiliation. For each year, we compared the articles retrieved to the whole of MEDLINE citations with the same search limits, except for affiliation, as well as to the total Brazilian scientific production cited in MEDLINE, without age limits. We made a descriptive analysis, and used the chi-square test for trend. Data concerning publication in journals with the highest impact factor were aggregated into three-year periods.Results: A total of 7,222 Brazilian pediatrics articles were listed in MEDLINE from 1990 through 2004, corresponding to 0.95% of all articles concerning the age group from 0 to 18 years. There was a fivefold increase in the absolute number of Brazilian articles along the study period. The ratio of Brazilian to total articles increased from 0.51 to 1.60% (p < 0.01). Scientific knowledge production remains strongly concentrated in the Southeast of Brazil.Conclusion: Brazilian research activities in pediatrics have had a steady upward trend, which relates to the proportional growth of the Brazilian scientific production as a whole.J Pediatr (Rio J). 2006;82(2):97-102: Knowledge production, pediatric research, bibliometrics, impact factor. ResumoObjetivos: Verificar (a) a tendência das citações de artigos de pediatria oriundos de instituições brasileiras, no MEDLINE, de 1990 até 2004; (b) o número de artigos publicados em periódicos com os maiores fatores de impacto; e (c) a distribuição regional das instituições.Métodos: Busca no PubMed com os seguintes limites: idade de 0 a 18 anos, língua inglesa, subconjuntos MEDLINE e humanos, afiliação brasileira. Para cada ano, comparamos os artigos encontrados com o total de citações no MEDLINE, obedecendo aos mesmos limites de busca, com exceção da afiliação; o mesmo foi feito com o total da produção científica brasileira citada no MEDLINE, sem limites de idade. Realizamos uma análise descritiva, usando o teste qui-quadrado para a tendência. Agregamos os dados relativos à publicação em periódicos com os maiores fatores de impacto em períodos de 3 anos. Resultados:Entre 1990 e 2004, o MEDLINE citou 7.222 artigos de pediatria brasileiros, correspondendo a 0,95% de todos os artigos tratando da faixa etária de 0 a 18. O número absoluto de artigos brasileiros aumentou cinco vezes durante esse período. A fração de artigos brasileiros em relação ao número total de artigos aumentou de 0,51 a 1,60% (p < 0,01). A produção científica permanece fortemente concentrada na Região Sudeste do Brasil.Conclusão: As atividades brasileiras de pesquisa em pediatria demonstram uma tendência ascendente constante, proporcional ao crescimento de toda a produção científica bras...
BackgroundAlthough life course epidemiology is increasingly employed to conceptualize the determinants of health, the implications of this approach for strategies to reduce the burden of injuries have received little recognition to date.MethodsThe authors reviewed core injury concepts and the principles of the life course approach. Based on this understanding, a conceptual model was developed, to provide a holistic view of the mechanisms that underlie the accumulation of injury risk and their consequences over the life course.ResultsA "lens and telescope" model is proposed that particularly draws on (a) the extended temporal dimension inherent in the life course approach, with links between exposures and outcomes that span many years, or even generations, and (b) an ecological perspective, according to which the contexts in which individuals live are critical, as are changes in those contexts over time.ConclusionsBy explicitly examining longer-term, intergenerational and ecological perspectives, life course concepts can inform and strengthen traditional approaches to injury prevention and control that have a strong focus on proximal factors. The model proposed also serves as a tool to identify intervention strategies that have co-benefits for other areas of health.
O médico moderno precisa aguçar seus atributos humanos, adaptar-se a contextos variados e manter a educação permanente. A formação médica não costuma ocorrer no contexto da prática clínica real, mas no hospital, com ênfase na doença. As Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina preconizam a articulação entre a universidade e o sistema de saúde e a habilitação à educação permanente. Logo, os cenários da prática devem ser os ambulatórios próprios dos serviços de saúde, com um aprendizado voltado para as necessidades de saúde da comunidade. Existe hoje um fortalecimento da Medicina Clínica Acadêmica, que combina cuidados de saúde com pesquisa, ensino e administração. O aluno deve assimilar a visão moderna da relação médico-paciente, respeitando as decisões compartilhadas, tarefa que exige trabalhar habilidades em comunicação. As instituições de ensino e de assistência à saúde são coadjuvantes neste processo, bem como os meios de comunicação. A inserção no cenário da prática médica tem que ser integrada a todas as disciplinas do curso, permeando o currículo e permitindo que o estudante volte sua atenção para as necessidades de saúde da comunidade. Estabelecer um currículo inovador exige que os educadores compreendam o esgotamento do modelo tradicional de ensino, fundamentado na doença e na transmissão de conhecimentos, que afasta o aluno da visão prática da Medicina. O enfoque pedagógico moderno enfatiza aspectos formativos. Seus principais domínios são: comportamento do paciente, atitude e papel do médico, interações médico-paciente e fatores socioculturais relativos aos cuidados com a saúde.
Objective: To evaluate the impact of SciELO and MEDLINE indexing on the number of articles submitted to Jornal de Pediatria.Methods: Analysis of total article submission, submission of articles from foreign countries and acceptance figures in the following periods: stage I -pre-website
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.