Neste experimento de coautoria multidisciplinar, desenvolvemos a proposta de seguir, etnograficamente, as CeSaM – “células do sangue menstrual”. Trata-se de pensar diferentes agenciamentos de fluidos e substâncias corporais, como o sangue menstrual, no universo da tecnociência brasileira. O artigo apresenta alguns dos resultados de uma pesquisa de cunho socioantropológico sobre as atividades que envolvem o uso de sangue menstrual para obtenção de células estromais mesenquimais, desenvolvidas pelo Laboratório de Cardiologia Celular e Molecular (LCCM) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Procuramos contextualizar o desenvolvimento dessas pesquisas, demonstrar o processo de ontogênese das CeSaM e discutir algumas das dimensões de gênero que podem ser pensadas a partir do engajamento do sangue menstrual, e suas células, nas pesquisas científicas sobre células-tronco.Palavras-chave: Antropologia da ciência e da tecnologia. Gênero. Células mesenquimais. Sangue menstrual.
Although the symbolic potential of menstrual blood has been widely explored in the context of ritual practices, this article focuses on the notion of performance and the experiential dimension of symbolic action associated with menstruation and menstrual blood. The term menstrual performance refers to various ways in which menstrual blood is used as an aesthetic and political expression. These uses are often related to artistic settings, but they also occur in more mundane contexts such as social networks in the Internet. The argument stresses two aspects of these performances: the emotional resonance of certain physical experiences and bodily substances, such as menstruation and menstrual blood; and the material devices, such as the menstrual cup and the internet, that allow these performances involving menstrual blood to grow in number and frequency.Keywords: blood, menstruation, performance, body art.
Sangue (in)visível: performances menstruais e arte corporal
ResumoEmbora o potencial simbólico do sangue menstrual venha sendo amplamente explorado no contexto de prá-ticas rituais, esse artigo foca na noção de performance e na dimensão experiencial da ação simbólica associada à menstruação e ao sangue menstrual. O termo performance menstrual refere-se às várias formas pelas quais o sangue menstrual vem sendo empregado como uma expressão estético-política. Esses usos ligam-se frequentemente à esfera da arte, mas também ocorrem em contextos mais mundanos como as redes sociais na Internet. O argumento se estrutura em torno de dois aspectos gerais dessas performances -a ressonância emocional de certas experiências físicas e substâncias corporais, tais como a menstruação e o sangue menstrual; e os dispositivos materiais, tais como o coletor menstrual e a própria Internet, que possibilitam que essas performances envolvendo o sangue menstrual cresçam em número e frequência.Palavras-chave: sangue, menstruação, performance, arte corporal.
Resumo Neste artigo discutimos as relações entre corpo, saúde, tecnologias e gênero, a partir da análise de aplicativos de monitoramento de ciclos menstruais e da gravidez. Nosso interesse central é analisar, da perspectiva de gênero, que corpos se constituem a partir das interfaces dos aplicativos, e que tipos de dados são produzidos nesses ambientes. Articuladas aos ativismos feministas ligados à tecnologia, propomos uma análise desses aplicativos que tratam da saúde reprodutiva feminina, procurando situá-los no contexto da ampliação das tecnologias da informação ligadas à saúde e ao monitoramento dos corpos (Lupton, 2014).
Publicado inicialmente em 1987, o livro da antropóloga estadunidense Emily Martin-A mulher no corpo: uma análise cultural da reprodução-tornou-se, ao longo desses quase vinte * Resenha do livro: A mulher no corpo: uma análise cultural da reprodução, de Emily Martin. Recebida para publicação em outubro de 2006.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.