RESUMO O artigo analisa um movimento de resistência de um Fórum Colegiado de Saúde Mental em Campinas (SP), cuja atual conjuntura coloca em risco o seu histórico inovador e o cuidado em rede na área de saúde mental devido ao enrijecimento organizacional e à tensão entre o atual governo municipal e a entidade parceira nessa área. Foram feitas observações, entrevistas e adotada a Análise Institucional como referencial teórico-metodológico. Concluiu-se que os movimentos de resistência são de grande relevância para os profissionais dessa rede, e sua análise é fundamental para a qualificação do cuidado compartilhado, possibilitando um enfrentamento mais efetivo às adversidades conjunturais.
A atual política de saúde mental atribui importância à rede de serviços para atender às pessoas com transtorno mental junto à comunidade, respaldando-as com apoio técnico e social. Foi realizado um estudo com o objetivo de investigar, descrever e problematizar a política de saúde mental no município de São Carlos/SP, a partir dos serviços e ações em saúde mental, utilizando entrevistas semiestruturadas com profissionais e observação participante. Observou-se um atraso histórico no cuidado com a saúde mental; os serviços são recentes, demandando aprimoramentos ou transformações, e a rede de saúde exibe fragilidades. O atual arranjo apresenta avanços ainda insuficientes para dar suporte aos profissionais e atender os usuários. Mostra-se necessária a construção coletiva de uma política de saúde mental, com participação mais ativa dos profissionais, e o investimento em educação permanente. A aproximação com a universidade poderá contribuir nesse processo.
Objective: to analyze the resistance to interprofessional collaboration in the professional practices of residents in primary health care. Method: Social and clinical qualitative research with 32 residents of a Multiprofessional Residency, carried out from 2017 to 2018. Data production included Institutional Analysis of Professional Practices, document analysis; investigator’s diary; and observation. Data were analyzed based on Institutional Analysis concepts. Results: There were contradictions between the reproduction of uniprofessional education with a focus on the specialty and interprofessional collaborative practices. The resistance analysis pointed to two axes: not-knowing as an analyzer of resistance to collaboration; interprofessional interference and knowledge-power relations. Residents’ practices were characterized as resistant to interprofessional collaboration. Conclusion: The resistance analysis in the Multiprofessional Residency showed integrative movements of assimilation and disputes with physician-centered power, with damage to the sharing of care and interprofessional communication. The collective analysis questioned health professionals education, revisiting the perspective of comprehensive care guided by the users’ needs.
RESUMO O objetivo deste estudo foi relatar a experiência dos alunos do mestrado profissional em gestão de serviços de saúde acerca da utilização de conceitos da Análise Institucional, para analisar as resistências ao trabalho interprofissional e interdisciplinar na saúde, localizando-as como um analisador do processo e das relações de trabalho. O estudo foi elaborado a partir da vivência e da análise dos diários institucionais, escritos pelos alunos e analisados com base no referencial teórico da Análise Institucional. Observou-se que a resistência ao trabalho interprofissional e interdisciplinar, principalmente por parte dos médicos, atravessa as organizações de saúde, as relações de trabalho e a assistência aos usuários. Entretanto, essa resistência também é exercida por outros profissionais e pelos usuários, o que limita a interdisciplinaridade e a integralidade da assistência à saúde. Todavia, se, por um lado, ainda, há certa predominância do modelo biomédico, por outro, também se observam resistências a esse modelo nas organizações de saúde, necessitando ampliar os espaços de análise coletiva capazes de enunciar o reducionismo desse paradigma. Conclui-se que analisar coletivamente essas resistências possibilita aos profissionais da saúde ampliar as condições de sair de seus lugares instituídos e perceber os movimentos instituintes nos serviços em que atuam.
A partir de um comentário da analista institucional Danielle Guillier sobre a habilidade dos analistas para provocar deslocamentos e movimentos disruptivos durante as intervenções, o texto procura por agentes inquietantes que exercem uma função analisadora nesses espaços. Em uma revisão em torno dos conceitos de analisador e dispositivo, que são apropriados pelos analistas institucionais, encontram-se construções teórico-práticas que exibem vias de captura, inquietação e disrupção nas entranhas dos movimentos institucionais. Entrar em contato com esse modo de operação das forças de poder e de resistência na vida social indica um caminho analítico atento aos acontecimentos e às singularidades pulsantes na micropolítica. Isto desafia a produção de uma prática analítica de criação e abertura, desviando-se das encarceradoras reproduções de boas formas e categorizações.
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