Neste artigo, nossos objetivos foram descrever o Programa Foreign Language Teaching Assistant da Comissão Fulbright e discutir como os bolsistas desse programa, os FLTAs, atuam como agentes de uma política linguística de difusão do português em instituições de ensino superior dos Estados Unidos da América (EUA). Para tanto, analisamos, a partir da concepção processual de política linguística de Johnson (2013), que coloca a agência como um dos elementos centrais na compreensão do fenômeno, dados documentais e entrevistas semiestruturadas realizadas com alguns dos jovens professores brasileiros que são enviados para aquele país. Os resultados demonstram que o envio de jovens professores brasileiros para ensinar português nos EUA é parte de uma grande política externa que começou a ser implantada no final da Segunda Guerra Mundial, em uma tentativa do governo norte-americano de exercer o que tem sido entendido como soft power. Nas últimas 12 edições do programa, focalizadas neste trabalho, mais de 300 profissionais atuaram, de forma individual e coletiva, tanto dentro quanto fora de salas de aula em quase todos os estados norte-americanos como agentes de difusão do português brasileiro, mesmo, por vezes, encontrando restrições a suas atuações.
O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) é o programa de cooperação internacional na educação superior mais antigo do Brasil e também um dos mais complexos. Diante dessa antiguidade e dessa complexidade, neste trabalho, nosso objetivo é discutir as políticas linguísticas sobre a língua portuguesa inscritas em documentos oficiais do PEC-G. Para tanto, fizemos uma análise de documentos que vêm pautando o programa desde 1965 até 2013, de acordo com uma abordagem metodológica qualitativa e interpretativista. Tivemos como norte teórico a noção de gerenciamento linguístico como uma das dimensões da política linguística preconizada por Spolsky (2004, 2009). Concluímos que, com o passar do tempo, há uma formalização mais intensa das políticas linguísticas destinadas ao PEC-G, porém ainda há aspectos que não encontram respaldo na documentação vigente, como a formação de professores, o currículo e a maior convergência entre os cursos de língua portuguesa ofertados pelo país. Almejamos contribuir com as pesquisas que analisam as relações entre ensino de língua portuguesa e PEC-G como eivadas de dimensões políticas e, assim, subsidiar proposições nesse sentido.
O objetivo deste trabalho é analisar as crenças sobre o português como língua internacional na perspectiva de participantes de um contexto de oferta de curso intensivo de português para candidatos ao Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). Utilizamos as reflexões sobre crenças presentes nos estudos sobre política linguística de Schiffman (1996, 2006), de Spolsky (2004, 2009, 2012) e de Shohamy (2006). A pesquisa insere-se em um paradigma qualitativo-interpretativista (FLICK, 2004; LIN, 2015). A geração de dados foi feita por meio da realização de entrevistas semiestruturadas. A partir de uma análise do conteúdo temático, da seleção lexical e de elementos textuais que indicam a orientação argumentativa dos textos, identificamos que a língua portuguesa apresenta diferentes valorações para os colaboradores. É considerada menos importante quando é destacado o papel fundamental da língua inglesa no mundo e mais importante quando é destacada a relevância do português em contextos específicos.
The aim of this work is to present an overview of the themes discussed in the field of Language Policy and Planning over the last twenty-one years (1990-2010) in Brazil, comparing the alignment of Brazilian research with the international scenario. To that end, expanded notions of language policy were adopted (COOPER, 1989; SHIFFMAN, 1996, 2006; SPOLSKY, 2004, 2009, 2012) and a survey was carried out in order to find the number of articles in the field in a sample of abstracts from Brazilian academic journals of Linguistics and Literature. The main themes identified in this study were: educational language policies, language planning, languages in contact, diffusion of the Portuguese language, and (meta)linguistic knowledge and language policies. On the one hand, these themes show a convergence between Brazilian and international trends; however, on the other, they show a specific thematic trend in the former, that is, the interest in the constitution of (meta)linguistic knowledge in relation to language policy.
Neste artigo, discutimos as políticas linguísticas educacionais oficiais de Pernambuco voltadas para a Libras, no período de 1999 a 2019, com base em uma amostra de documentos oficiais. Nossa base teórica são as noções de política linguística e domínio escolar (SPOLSKY, 2004, 2009), de mecanismos (SHOHAMY, 2006) e de política linguística como processo (JOHNSON, 2013). O estudo, de natureza documental, segue a metodologia qualitativo-interpretativista. A análise textual se baseia em Koch (2000, 2011). Evidenciamos como os documentos oficiais analisados representam o gerenciamento linguístico exercido por Pernambuco, que aciona diversos mecanismos para fortalecer a Libras no sistema educacional do estado. Tais documentos são formulados em um processo dinâmico e interativo que resulta em textos que refletem diversas vozes sociais. Contudo, a prática ainda está aquém da legislação, cabendo um esforço dos agentes envolvidos com o contexto surdo para que esse amplo acervo documental possa se traduzir na prática.
O objetivo do artigo é discutir como o exame Celpe-Bras atua como mecanismo de política linguística para professoras de um curso de português para candidatos ao Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). A noção teórica de mecanismos de política linguística de Shohamy (2006; 2007; 2009) embasa a discussão dos dados gerados em entrevistas semiestruturadas. A análise da materialidade textual baseou-se na análise do conteúdo temático, da seleção lexical e dos elementos argumentativos segundo Koch (2000; 2011). A conclusão é que o Celpe-Bras atua como mecanismo de política linguística para as professoras ao transformar ideologias em práticas de ensino do que (conteúdo) e como (metodologia) ensinar. Especificamente, o exame atua sobre três eixos da prática docente: no planejamento de aulas, na metodologia de ministração de aulas e na avaliação de produções textuais dos alunos. A política linguística oficial do PEC-G estabelece o Celpe-Bras como requisito para o ingresso em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, mas não dispõe sobre currículo, formação de professores, material didático ou outros aspectos do ensino. Há prerrogativas e encargos decorrentes da atuação em contexto pautado por um exame de alta relevância, como é o Celpe-Bras para os participantes. Os programas de ensino e os próprios professores gozam de um alto grau de liberdade para criar políticas linguísticas locais visando a endereçar os pontos não cobertos por disposições oficiais ou superiores. Ao mesmo tempo, devem lidar com um possível clima de conflito emergente entre diversas ideologias e práticas quanto ao exame, decorrente da própria liberdade de criação de políticas linguísticas locais responsivas ao contexto.
Esta obra é licenciada por uma Licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional -CC BY-NC (CC BY-NC-ND). Os termos desta licença estão disponíveis em:
O artigo discute como o exame Celpe-Bras atua como mecanismo de política linguística para candidatos ao Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) participantes de um curso de português ofertado por uma universidade brasileira. A noção teórica central utilizada é a de mecanismos de política linguística, conforme Shohamy (2006). O procedimento metodológico para geração de dados foi a realização de entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados enfocou o conteúdo temático, a seleção lexical e os elementos argumentativos segundo Koch (2000, 2011). As conclusões apontam para o alinhamento dos alunos às recomendações oficiais do Celpe-Bras, especialmente quanto ao contato com diversos gêneros do discurso como via para o aprendizado da língua portuguesa. Contudo, há uma tendência de estudar os gêneros como fins em si mesmos, com base na memorização de características formais, configurando uma possível distorção da proposta do exame. Os alunos também utilizam a aproximação das aulas ao que entendem ser objeto de avaliação do teste como critério de qualidade do curso de português frequentado. O estudo contribui para ampliar a discussão sobre a tradução de ideologias em práticas de aprendizagem mediada pelos testes como mecanismos de política linguística.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.