O presente ensaio foi apresentado em setembro de 2007, no contexto do Seminário Internacional "Programa de Cooperação em Ciências Sociais para os Países da CPLP", promovido pela LIESP - Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas Sociais em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Resulta de um work in progress conducente a uma tese de doutoramento em antropologia médica. Pretende apresentar a condição dos jovens refugiados e requerentes de asilo em Portugal, em particular na vertente da saúde mental. O trabalho de campo levado a cabo com estes jovens envolveu a escuta de muitas narrativas de sofrimento provocado pela sua experiência de vida nos contextos originais de guerra, com testemunhos de violência e tortura, e também as dificuldades sentidas no longo percurso de viagem de fuga e posterior inserção em Portugal. O isolamento, as barreiras linguísticas, a ausência de redes sociais e familiares de apoio e a dificuldade de encontrar, em Portugal, referentes socioculturais e simbólicos, comprometem o seu desenvolvimento enquanto jovens, levando-nos a equacionar o valor dos referentes identitários na construção do eu e até o próprio conceito de juventude.
Resumo Neste artigo reflito sobre as formas como certos projetos artísticos têm um papel importante a desempenhar na resistência às desigualdades, desafiando os sistemas políticos que falham na inclusão de refugiados e imigrantes. Apresento quatro estudos de caso, em Portugal, que cruzam investigação antropológica e arte participativa. Concluo, apresentando algumas evidências de como os projetos artísticos que envolvem migrantes são eficazes nos seus propósitos facilitadores de inclusão social, nomeadamente na aprendizagem da língua do país de acolhimento.
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