Este artigo apresenta os resultados de pesquisa documental realizada nos arquivos da Assessoria de Psicologia Escolar da Secretaria de Educação do Município de Petrópolis, com a finalidade de investigar o uso de psicofármacos em crianças com queixa escolar. Do total de crianças atendidas, um percentual elevado fazia uso de psicofármacos como resposta aos comportamentos considerados problemáticos pelas escolas. Sendo assim, a pesquisa realizou um levantamento que tornou possível identificar e rastrear a presença de diagnósticos e uso indeterminado de psicofármacos em crianças em decorrência de queixas comportamentais, com o intuito de investigar a possível apropriação das instituições escolares dos discursos medicalizantes e, consequentemente, os diagnósticos e terapêuticas biomédicas para questões escolares.
Resumo A mídia ocupa espaço expressivo na contemporaneidade, produzindo significações sobre fenômenos cotidianos, divulgando-os massivamente e, assim, definindo não só o que existe e o que faz parte da realidade, mas promovendo conotações valorativas sobre os acontecimentos. No contexto brasileiro, a mídia tem sido o principal vetor no que se refere às subjetivações sobre fenômenos da violência e da criminalidade. Tendo como objeto de pesquisa a repercussão no portal de notícias G1 de dois casos cujos protagonistas são jovens envolvidos em atos infracionais, este estudo mapeou as reportagens vinculadas a estes de modo a compreender as subjetividades produzidas, promovendo uma reflexão crítica a respeito da produção do “menor infrator” na mídia e seus desdobramentos. O método empregado para a realização do estudo foi a etnografia on-line, em consonância com os princípios da Teoria Ator-Rede. O rastreamento das matérias promoveu reflexões sobre a produção do “menor infrator”, entre elas a percepção de que, tal como as políticas de subjetivação vetorizadas por esses dispositivos, as práticas que criminalizam a juventude pobre ocorrem de modo bastante sutil. É na constante ênfase dada pela mídia a elementos morais específicos e na arbitrariedade com a qual se destaca ou não a presença de transtornos psicológicos que vemos um caso ser tratado como punição merecida e o outro como tragédia. Assim, a veiculação de notícias que envolvem jovens tem se configurado uma importante tática de segregação e exclusão social, promovendo o apoio social às práticas de segurança pública que punem e exterminam jovens pobres.
Este trabalho tem como tema a relação entre as crenças, as fake News e a saúde mental, considerando também as implicações dessa relação no contexto da pandemia de COVID-19. Trata de questões que dizem respeito à vida em sociedade, viabilizando a reflexão sobre formas mais seguras de se usar a internet e os benefícios disso ao nível individual e coletivo, lançando luz ao efeito que as crenças e sistemas de crenças podem ter na leitura de mundo e no comportamento de pessoas e grupos. Foi elaborado a partir de uma revisão bibliográfica visando ampliar o entendimento a respeito da conexão entre os assuntos mencionados e trouxe atenção ao impacto que as notícias falsas podem ter nas escolhas políticas e formas de agir, e consequentemente na saúde mental.
Propomos articular democracia, produção de saúde e cuidado com grupos vulnerabilizados. Utilizamos como analisadores ações estatais em cenas de uso de drogas ilícitas em São Paulo e no Rio de Janeiro, que coadunam com estratégias de intervenções sobre regiões tornadas negócios e sobre grupos que habitam tais regiões e, por isso, precisam ser removidos, que podem ser consideradas intervenções próprias ao neoliberalismo e seu correlato jurídico, o Estado de Exceção permanente. Entendemos que políticas de governo que pautam suas ações pela abstinência e internação dos usuários classificados como dependentes químicos estão em sinergia com a chamada guerra às drogas. Nosso objetivo é sinalizar que a atenção ao uso de substâncias psicoativas como preconizado pela estratégia da redução de danos tem potencial para capilarizar as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, desse modo, do escopo democrático nos territórios de maior vulnerabilidade social.
Resumo O espaço on-line possibilita caminhos de desenvolvimento social, permeado e formado pela relação de organismos e não organismos forjam-se como novo ambiente de convivência e apresentação de diferentes práticas, discursos e saberes, que torna esse espaço ao mesmo tempo uno e multifacetário. Marcado também pela difusão de informações e promoção de reivindicações e lutas sociopolíticas agem como palcos de visibilidade para diversos grupos oprimidos e marginalizados socialmente. Nessa perspectiva, a pesquisa que se apresenta investiga quais os modos de apropriação dos dispositivos tecnológicos pelo movimento feminista e suas implicações na vida sociopolítica na contemporaneidade. Os resultados apontaram que a existência do movimento feminista na contemporaneidade é marcada pelas mediações técnicas e pela formação de redes on-line, contudo assinala que esse mesmo ambiente não escapa da dinâmica de poder que definem princípios de apropriação técnica e visibilidade midiática.
O contexto de distanciamento social exigiu a adoção de práticas mediadas por Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na formação em Psicologia. Estabeleceu-se como problema: Como as práticas mediadas por TICs foram desenvolvidas por psicólogos docentes na atual crise sanitária de COVID-19? Objetivo: discutir as possibilidades de intervenção de psicólogos mediadas por TICs no contexto da pandemia de COVID-19, especialmente na atuação docente. Foram realizadas 11 entrevistas semiestruturadas, através de videoconferência, com psicólogos docentes do estado do Rio de Janeiro, que passaram a atuar mediados por tecnologias em razão das medidas de distanciamento social. Os dados foram tratados pela Análise de Conteúdo. Resultados: (a) há diferenças entre os que receberam treinamento e manejavam TICs anteriormente; (b) destacaram a dificuldade em acompanhar o processo de aprendizagem pela baixa interação; (c) perceberam aumento de horas de trabalho no planejamento das aulas, grupos online, relatórios e reuniões; (d) invasão do trabalho em suas casas; (e) identificaram estratégias metodológicas interessantes; (f) dificuldade de estudantes para acessar dispositivos e conexão de qualidade.
Este estudo objetivou levantar as estratégias de enfrentamento para lidar com isolamento social durante a pandemia do COVID-19. A disseminação do vírus Covid-19 transformou-se em pandemia ao se espalhar pelo mundo, levando a restrições de mobilidade de bilhões de pessoas que passaram a enfrentar graus variados de confinamento. Essa situação tem levado a emoções extremas de medo, tristeza e sentimentos de ansiedade, com impactos na saúde psicológica das pessoas. Pesquisas têm mostrado que a habilidade para regular adequadamente as próprias emoções é muito importante para a saúde mental, física e relações sociais, sendo relevante estudar como as pessoas lidam com suas emoções frente a situações estressoras, tal como o contexto atual do isolamento na pandemia. Foi aplicado questionário, por meio eletrônico, a 463 participantes de todo Brasil com idade superior a 18 anos. A análise dos dados foi qualitativa, com base nas respostas a um item aberto que interrogava acerca das estratégias de enfrentamento para lidar com isolamento social. Os resultados evidenciaram o uso de estratégias variadas a fim de minimizar o estresse e ampliar o bem-estar. Destacou-se a reavaliação cognitiva, a busca de suporte social e a distração.
O presente artigo apresenta um recorte dos dados coletados em entrevistas durante pesquisa etnográfica on-line acerca da exposição das vivências de vítimas de violência sexual em grupo no Facebook intitulado ‘Luta contra o abuso sexual infantil’. Entendemos que os relatos funcionam como uma possibilidade de quebra do pacto de silêncio e se constituem como o início da elaboração do trauma psíquico. As interações no grupo foram registradas em diário de campo durante o período de quatro meses de acompanhamento e os dados aprofundados em dez entrevistas semiestruturadas com participantes contactadas por meio de convite postado no grupo. As entrevistas aconteceram por vídeochamada e perguntavam sobre o sentido que elas produzem ao utilizar o grupo, refletindo sobre a possibilidade de ultrapassar a condição de vítimas. Verifica-se que o uso da plataforma surge como uma possibilidade de fazer algo que ajude outras vítimas, seja por meio do compartilhamento de histórias ou do fornecimento de informações que auxiliem a romper com o ciclo abusivo. Observa-se que cada vítima lida de forma única com o evento traumático, enfrentando impactos psíquicos da agressão e do momento de revelação permeado pela dinâmica familiar e pela assimetria de poder. Desta forma, fica evidenciada a necessidade de uma escuta qualificada que viabilize a reconstrução subjetiva facilitada por um processo de elaboração do ocorrido.
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