O desenvolvimento da agricultura brasileira ao longo do século XX e início deste século XXI provocou grandes transformações no processo produtivo de diversas cadeias agropecuárias. Neste contexto, o Cerrado Mineiro merece destaque particular, pois se consolidou como uma das regiões cafeicultoras mais modernas do país, com a adoção de um conjunto de inovações tecnológicas, cujo resultado foi a obtenção de elevada produtividade e qualidade do café. Entretanto, para se alcançar tal grau de desenvolvimento tecnológico, a estrutura produtiva passou por grandes transformações desde o início dos anos 70 até 2000, inclusive no que diz respeito às relações de trabalho. O objetivo deste artigo é apontar como se deram essas transformações, qual o impacto sobre a produção e o emprego, bem como sobre a organização dos cafeicultores em torno do fortalecimento da cadeia do café. Para alcançar esses objetivos, foi realizada revisão bibliográfica de trabalhos de especialistas da área, além da utilização de dados dos censos agropecuários de 1970 a 2006 e pesquisa de campo junto a produtores e lideranças representativas dos cafeicultores, pesquisadores agronômicos, técnicos de assistência técnica e empresas líderes na comercialização de insumos e equipamentos. Concluiu-se que o processo de modernização da atividade do café no Cerrado Mineiro provocou impactos significativos na ampliação da área produtiva, na produtividade, na geração de novos postos de trabalho em atividades mais qualificadas e redução das menos qualificadas.
The development of the Brazilian agriculture over the twentieth century and at the beginning of this century led to major changes in the production process of different agricultural chains. Coffee in the Cerrado Mineiro region deserves special attention in this context; therefore, it has been established as one of the most modern in Brazil, with the adoption of a set of technological innovations, which has resulted in high yield and quality of the coffee. However, to reach this situation, the production structure has changed significantly since the early 1970's until 2000. This study aims to point out how such transformations occurred and the consequent impacts on production as well the relations of production and employment. To reach these objectives, data from agricultural census from 1970 to 2006 was used, along with specialized work and field research with the application of semi-structured questionnaires with a representative leadership (from coffee growers and workers) and leading companies in the market of inputs and coffee equipment. The conclusion is that the modernization process of the coffee activity in the Cerrado Mineiro region has caused significant impacts on the generation of employed people, generating new activities and a demand for a workforce which is more qualified
Este artigo analisa a experiência do arranjo produtivo territorial organizado pelos cafeicultores do oeste do estado de Minas Gerais (Brasil), que, por meio de suas associações de produtores municipais, constituíram o Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro (Caccer), que obteve, em 2005, o reconhecimento da Indicação Geográfica de seu café, e pôde passar a emitir a Certificação de Procedência Café do Cerrado. Desde então, cabe ao Caccer atestar a qualidade da produção de seus filiados que atendam às especificações exigidas por aquela certificação. O Café do Cerrado constituiu-se, assim, na primeira região de origem produtora de café demarcada do país. O sucesso daquela cafeicultura está ligado à constituição de um arranjo produtivo territorial rural, bastante institucionalizado, cuja inserção nos mercados nacional e global é cada vez mais expressiva. Porém, há que se reconhecer que esse processo tem causado diferenciação entre os produtores, entre os que têm e os que não têm conseguido acompanhar as exigências estabelecidas pela certificação de origem. Palavras-chave: cafeicultura, Café do Cerrado, certificação de origem, nova sociologia econômica, desenvolvimento territorial.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. 2019Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.www.atenaeditora.com.br APRESENTAÇÃONeste segundo volume, apresentamos 19 trabalhos que discutem sobre a percepção, processos e estratégias de estudos direcionados a compreender as pessoas em relação ao produto desenvolvido. São artigos recentes que demostram pontos a serem observados sobre o empreendimento para o seu sucesso.Conhecer a percepção dos produtos por parte do consumidor é uma estratégia fundamental no agronegócio. Contribuir para o desenvolvimento rural sustentável, aplicando conhecimento das ciências sociais é a proposta destes trabalhos.Espero que a leitura desses artigos contribua para o seu conhecimento.Aproveite ao máximo as reflexões e os resultados deste volume.
ResumoO enfoque territorial tem-se constituído como importante instrumento de políticas públicas de desenvolvimento rural. No Brasil, essa estratégia fortaleceu-se, particularmente, com os Programas Territórios Rurais e Territórios da Cidadania, que induziram arranjos socioprodutivos intermunicipais, com o objetivo de promover dinamismo socioeconômico e de reduzir as desigualdades. Este artigo analisa os limites e as possibilidades dessas ações no Rio Grande do Norte, tomando como estudo de caso o território Açu-Mossoró. Lançou-se mão de entrevistas semiestruturadas com membros envolvidos nas políticas, bem como do grupo focal e da observação simples e participante. Recorreu-se ao uso de dados secundários e primários para efetuar análises quantitativas. Em que pesem algumas possibilidades, a experiência desse território sugere importantes limites para aquelas políticas, destacando-se a baixa participação dos atores no Colegiado, relações de poder assimétricas, reduzido capital social e o recorte geográfico, que não favoreceu a criação de um espaço de concertação. Ressaltem-se, ainda, as dificuldades relacionadas aos projetos financiados. Conclui-se que, no Rio Grande do Norte, a estratégia territorial rural apresenta limites para estabelecer uma experiência exitosa de desenvolvimento.Palavras-chave: Enfoque territorial. Políticas públicas. Desenvolvimento territorial rural. Rio Grande do Norte. Território Açu-Mossoró.
O território Matopiba foi instituído pelo Governo Federal, em 2015, e integra porções de quatro estados do Cerrado brasileiro — Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, como resultado da expansão das atividades agrícolas. Sabe-se que o agronegócio contribui para concentração de terras, devido ao seu modo de produção e que as informações disponíveis da distribuição de terras são detalhadas em muitas classes, o que dificulta a avaliação. Por isso, este estudo objetiva apresentar um indicador de concentração fundiária no Matopiba. Especificamente, pretende-se estimar o Índice de Gini Terras, para o território (inclusive porções dos estados e municípios); verificar se há homogeneidade deste índice; além de espacializá-lo para melhor visualização. Para tanto, utilizou-se dados dos 17 estratos de área dos estabelecimentos agropecuários dos 337 municípios do Matopiba, presentes nos Censos Agropecuários de 2006 e 2017, que foram analisados por meio de estatísticas descritivas. Os resultados apontam homogeneidade do IG Terras classificado como forte nos dois anos pesquisados, ou seja, é comum a forte concentração de terras, antes e depois da institucionalização do território. No período, verifica-se aumento de concentração no IG Terras em 17 municípios dentre os 20 maiores produtores de lavouras temporárias, com destaque para a produção soja/milho na Bahia e Maranhão.
O trabalho analisa a qualidade do emprego e as condições de vida das famílias dos empregados agrícolas nas três principais culturas geradoras de emprego (café, cana-de-açúcar e milho) e não agrícolas na mesorregião Norte de Minas. Para os cálculos do Índice de Qualidade do Emprego (IQE) e Índice das Condições de Vida (ICV), foram utilizados dados do Censo Demográfico de 2000 e 2010, que tomou como referência de construção a metodologia desenvolvida por Kageyama e Rehder (1993) e Balsadi (2000 e 2007). Os resultados apontam para o aumento do emprego qualificado na década de 2000 nas culturas analisadas, queda de emprego não qualificado nas mesmas culturas e aumento do emprego não agrícola no meio rural, evidenciando o deslocamento de trabalhadores de atividades agrícolas para as não agrícolas na mesorregião. Já a qualidade do emprego (IQE) piorou no café, para os empregos qualificados e não qualificados, e para os qualificados na cana-de-açúcar e milho, enquanto os indicadores de ICV melhoraram para todas as atividades agrícolas e não agrícolas em diferentes proporções.
O crédito rural e o Pronaf foram instituídos pelo governo federal para apoiar o meio rural, enquanto os Territórios da Cidadania (TCs) foram criados para promover desenvolvimento rural em áreas com elevada presença de agricultores familiares. Neste período vários governos foram constituídos no Brasil, cada um com planos voltados ao meio rural conforme sua visão de Estado. Assim sendo, o trabalho analisa o acesso ao Pronaf nos nove TCs do estado da Bahia entre 1999 e 2018. Para tanto, a metodologia envolveu a pesquisa bibliográfica e documental, tendo como fonte o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e do método comparativo, compreendendo o período entre o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o segundo mandato de Dilma Roussef/Temer, cujos Planos Plurianuais revelam divergências ideológicas. Considerando os cinco governos, de modo geral, os valores dos contratos são baixos, existem significativas discrepâncias nos valores e nos números de contrato entre os territórios, e os TCs mais contemplados foram Semiárido Nordeste II, Velho Chico, Sisal e Sertão do São Francisco. Maior volume de recursos Pronaf deveria estar disponível aos Territórios Irecê, Chapada Diamantina e Itaparica, de elevada participação da agricultura familiar; diferente do Território Litoral Sul, que teve grande acesso aos recursos do Pronaf.
Por meio da sua atuação política, intelectual e financeira, o Banco Mundial vem contribuindo para que espaços subnacionais institucionalizem suas políticas de desenvolvimento rural, com destaque para o Rio Grande do Norte, que, historicamente, tem recorrido aos financiamentos da instituição para a implementação dessas ações. O último capítulo dessa relação ocorreu com o financiamento do Projeto Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Rio Grande do Norte (Projeto Governo Cidadão), em 2013, que utiliza o enfoque territorial. Objetiva-se analisar a experiência de territórios potiguares com a execução desta Política, estudando-se o caso do território Alto Oeste. Lançou-se mão de entrevistas semiestruturadas com membros envolvidos no Programa e recorreu-se ao uso de dados secundários e primários para efetuar análises. Em que pesem algumas possibilidades encontradas, sobressaem problemas com os projetos financiados, reduzida articulação com a política territorial federal e baixa interação bottom-up e top-down. Conclui-se que o complexo arranjo institucional vigente exige revisão das estruturas de governança e um efetivo pacto territorial entre Estado e sociedade civil na construção do desenvolvimento.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.