O presente artigo discute a responsabilidade social universitária brasileira, que passou a ser exigida como dimensão institucional com a lei do Sinaes, em 2004. Essa prerrogativa coloca às universidades o desafio de pensar sua responsabilidade e de questionar se os sujeitos que estão formando desenvolvem capacidade de reflexão, pensamento crítico e disposição para oferecer respostas à crise global e fazer enfrentamentos às injustiças econômicas e sociais. O marco legal da responsabilidade social, contudo, surge em um contexto contraditório, atravessado por processos de mercantilização do ensino superior no país. Dado o papel da instituição universidade na construção da cidadania, parte-se da compreensão de que a educação para a democracia deve ocupar lugar central nos processos formativos, assim, o artigo pretende demonstrar o alcance da perspectiva teórica do desenvolvimento humano e das capabilities, desenvolvida por Amartya Sen (2010) e Martha Nussbaum (2010), para a análise da reponsabilidade social universitária brasileira. Por meio de um processo metodológico baseado na hermenêutica, o estudo demonstra a relação entre democracia e formação na educação superior, problematiza as normativas nacionais existentes para a responsabilidade social universitária de modo contextualizado no cenário atual e reflete sobre quais seriam as responsabilidades das universidades quando o horizonte está na formação de sujeitos aptos a olhar para as realidades sociais e transformá-las. O artigo fornece, assim, uma reflexão sobre o lugar da universidade na construção da cidadania e da democracia, evidenciando que a responsabilidade social universitária, quando compreendida a partir do enquadramento teórico do desenvolvimento humano, é caminho em potencial para viabilizar processos formativos comprometidos com o bem público, o que implica movimentos de dentro para fora, que envolvem não só os estudantes, mas a comunidade acadêmica como um todo e, também, arranjos institucionais mais amplos.
A extensão constitui-se, historicamente, na mediação pela qual as universidades comunitárias regionais tecem vínculos com a comunidade. Este artigo, apoiado em pesquisa de campo, estuda a extensão nas instituições comunitárias face à concorrência mercantil que passaram a vivenciar recentemente. Analisa as feições assumidas pela extensão no modelo comunitário: ainda está centrada nas demandas por desenvolvimento de suas comunidades regionais? Ou os rearranjos ocorridos em nome da sobrevivência econômico-financeira fragilizam essas características? Trabalha-se com as noções de bem público e privado na educação superior e com o conceito de capitalismo acadêmico na nova economia. Evidencia-se um deslocamento do modelo institucional para uma extensão capaz de se sustentar financeiramente, o que não significa o total afastamento do compromisso com demandas da comunidade. A curricularização dessa dimensão mostra-se potente para revitalizar uma extensão comprometida com o bem público, capaz de reaproximar as IES comunitárias regionais do compromisso social que marca sua origem.
O texto relata a experiência do projeto de extensão Educação e Cidadania, da Universidade de Passo Fundo (UPF), universidade comunitária situada ao norte do estado do Rio Grande do Sul. O projeto resulta de uma parceria entre o Curso de Serviço Social e a UPFTV- canal de televisão universitária da UPF, parceria do Canal Futura. A experiência relatada trata do processo de elaboração de um Diagnóstico Social Comunitário junto a oito vilas, loteamentos e bairros de Passo Fundo que congregam populações em situação de vulnerabilidade e risco social. O estudo foi motivado pela necessidade de mapear e dar visibilidade às problemáticas sociais vividas pelas comunidades, além da identificação das potencialidades existentes, partindo do ponto de vista dos próprios moradores. Para a elaboração foi utilizada metodologia participativa e priorizou-se a coleta de informações de caráter qualitativo a respeito de temáticas como saúde, educação, habitação, lazer, segurança, trabalho e meio ambiente. Os encontros realizados em cada uma das comunidades foram transformados em programas televisivos, veiculados na grade de programação da UPFTV. Os resultados do diagnóstico transformaram-se em livro e apontam para uma série de situações de violação de direitos vivenciadas pelos moradores, com destaque para o não acesso ao direito à cidade.
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