Nos termos rousseaunianos, a questão fundamental sobre o que devemos fazer coletivamente (ou seja, o problema da decisão coletiva) se traduz como a questão sobre como podemos conhecer a vontade geral. Só podemos responder adequadamente a essa questão, porém, se prestarmos atenção a uma duplicidade importante no conceito de vontade geral. Rousseau usa a mesma expressão para se referir a duas coisas diferentes: às próprias decisões coletivas, consubstanciadas nas leis (a vg-decisão), e ao padrão do bem comum, em certo sentido anterior e independente das decisões coletivas, servindo como referência para elas (a vg-padrão). A questão genérica sobre como podemos vir a conhecer a vontade geral, portanto, deve ser desdobrada em duas: Como podemos vir a conhecer a vg-decisão? e Como podemos vir a conhecer a vg-padrão? Este artigo pretende identificar os elementos centrais da resposta de Rousseau a essas duas questões, elementos esses que permitem discutir sobre o sentido da concepção rousseauniana de democracia.
RESUMO Este texto pretende discutir a célebre restrição imposta às sociedades parciais no Capítulo III do Livro II do Contrato social. Defende-se a hipótese de que essa proibição pode frutiferamente ser considerada à luz das especificidades da dinâmica de cooperação/competição entre grupos e seus efeitos no processo legislativo e, por extensão, na coesão social.
A filosofia política de Rousseau sugere que há uma ligação íntima entre a garantia da liberdade (como não dominação, tal como pensada na tradição republicana) e uma constituição radicalmente democrática da sociedade, especialmente no que se refere ao processo de tomada de decisões coletivas. Este texto procura explorar alguns aspectos dessa ligação entre igualitarismo e liberdade como não dominação, a partir da teoria da democracia proposta por Rousseau no Contrato social.
O artigo examina o que está envolvido no processo de conhecer e julgar outras pessoas, questão central para a compreensão do projeto autobiográfico de Rousseau. Isso é feito sobretudo a partir da análise de algumas figuras de "observadores" que encontramos na obra de Rousseau: o "Rousseau" dos Dialogues, Émile, Saint-Preux e Wolmar.
This article examines an important question for the adequate comprehension of Rousseau's autobiographical project: what is involved in the process of getting to know and passing judgements on other people? Special attention is given to some examples of "observers of men" which can be found in Rousseau's works: the "Rousseau" character in the Dialogues, Émile, Saint-Preux and Wolmar
Este texto tem a intenção de percorrer panoramicamente alguns pontos de referência importantes no debate contemporâneo sobre o problema da motivação moral no contexto da discussão entre posições cognitivistas e não-cognitivistas em ética. A idéia básica é a de que o não-cognitivismo encontrou tradicionalmente um apoio importante nos argumentos internalistas, os quais, por sua vez, retiram sua força da percepção comum de que as considerações morais não são inertes, ou seja, possuem, em algum sentido, uma capacidade motivadora que dificilmente podemos ignorar. Se, agora, quisermos confrontar a posição não-cognitivista, inevitavelmente seremos levados a confrontar-nos também com os argumentos internalistas. O que tentamos fazer aqui foi simplesmente apresentar panoramicamente os problemas e as alternativas que podemos encontrar ao longo desses enfrentamentos
De profeta dos totalitarismos a inspirador do liberalismo contemporâneo; de inimigo da sociedade aberta a herói da liberdade; de nêmesis do iluminismo a ícone revolucionário -possivelmente não há, na história da filosofia, galeria mais múltipla do que a dos avatares rousseaunianos. Nada espantoso para quem preferia assumir seu caráter paradoxal a ceder ao preconceito.Este texto pretende explorar uma possibilidade: e se olhássemos o pensamento de Rousseau através do filtro da ideologia conservadora? Não se trata tanto, aqui, de acrescentar mais uma figura àquela já extensa galeria. O objetivo é, antes, ver, se examinamos através desse filtro o pensamento político rousseuaniano, quais aspectos são ressaltados e se, com isso, ganhamos alguma coisa quanto à compreensão da filosofia política do Genebrino. Em sentido mais amplo, esse exercício pode ser ainda interessante como exploração das possíveis combinações concei-8
A SABEDORIA DA DEMOCRACIA Durante a maior parte da história, a democracia foi desprezada como uma forma política LQIHULRU ± D UHJUD GR SRYR RX ³GRV PXLWRV´ HUD ORJR LGHQWL¿FDGD FRPR D UHJUD GD UDOp GD HVFyULD Herdando do povo a volubilidade e a instabilidade, a democracia estava sempre perigosamente próxima do arbítrio e da anarquia, com toda a violência que se costuma associar a isso.2 PRPHQWR GH LQÀH[mR QR TXH VH UHIHUH DR UHFRQKHFLPHQWR GR YDORU GD GHPRFUDFLD Vy YLULD QR UDVWUR GDV JUDQGHV UHYROXo}HV GR ¿QDO GR VpFXOR ;9,,, $R ORQJR GR VpFXOR ;,; D GHPRFUDFLD em alguma de suas formas, pouco a pouco ganha o status GH PHOKRU ± RX VHQmR GH PHQRV SLRU ± forma de governo. Mas o que faz da democracia uma forma desejável de governo? O que a torna, em particular, a mais desejável?Antes de prosseguir, podemos ainda nos perguntar brevemente sobre o sentido dessa desejabilidade. Um ideal de bom governo deve incluir, por um lado, uma referência a determinados valores fundamentais: liberdade, igualdade costumam estar entre os mais lembrados. Um bom governo, portanto, precisa encarnar exemplarmente esses valores. Mas esperamos igualmente de XP ERP JRYHUQR TXH GHPRQVWUH PDLV GR TXH ¿GHOLGDGH D YDORUHV IXQGDPHQWDLV TXHUHPRV TXH VHMD WDPEpP FDSD] GH QRV OHYDU D ERDV GHFLV}HV FROHWLYDV D ERDV UHVSRVWDV DRV SUREOHPDV FROHWLYRV TXH se apresentam ao longo de nossa vida social.2UD 3ODWmR Mi DFXVDYD D GHPRFUDFLD GH GHL[DU DV GHFLV}HV PDLV LPSRUWDQWHV QDV PmRV GRV menos sábios, o que conspiraria fortemente contra a crença de que as decisões democráticas seriam as melhores -e os argumentos, assim como as alegorias e analogias eloqüentes que desenvolve na República QmR GHL[DUDP GH LPSUHVVLRQDU WDQWR DGYHUViULRV TXDQWR WDPEpP GHIHQVRUHV GD GHPRFUDFLD 1mR SRU DFDVR PXLWDV GDV GHIHVDV PRGHUQDV GD VXSHULRULGDGH GR JRYHUQR GHPRFUiWLFR deixam de lado as questões epistêmicas, que diriam respeito à capacidade da forma democrática de gerar boas decisões, enfatizando os aspectos procedimentais dos processos democráticos de WRPDGD GH GHFLVmR UHVVDOWDQGR HP SDUWLFXODU D SUHVHUYDomR QHVVHV SURFHVVRV GH YDORUHV OLJDGRV à eqüidade ou à justiça. Um dos maiores atrativos do livro de David Estlund Democratic Authority: A Philosophical
Neste artigo, a partir de revisões bibliográficas, tratamos de dois problemas que se conjugam, qual seja, a suposta desunidade coletiva e inconsistências racionais no STF. Nosso objetivo é mostrar que apesar de haver dispersão de razões nos argumentos dos ministros da nossa corte constitucional isso não se torna um empecilho completo para irromper a coletividade das decisões que se dão no modelo seriatim e por agregação de juízos. Embora apontamos essa possibilidade, concluímos também que a ratio de decidendi de um argumento é um tanto indeterminada. Defendemos que a epistemologia social e institucional já possui condições teóricas para deixar explícito que a visão institucional do STF se dá por uma função ditatorial e por delegação de razões.
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