Este artigo trata da relação entre Dança, Educação e Saúde por meio da análise e reflexão de situações que emergiram da atividade docente em um curso de graduação em Dança no âmbito do ensino superior público brasileiro. Faz-se um estudo das experiências obtidas, destacando as concepções e estratégias pedagógicas desenvolvidas nas disciplinas de Dança Acrobática. Constatou-se que as atividades educativas corroboraram para a criação de um espaço de cura enquanto potência de transformação, em que os estudantes puderam se emancipar de uma dada condição e se aproximar de outras perspectivas de vida, sentindo-se em conexão consigo mesmos, com os outros e com o meio. Emprega-se o termo “corpo-em-fluxo” como uma qualidade corporal que o praticante, ao se colocar no momento, íntegro e presente na ação, desfaz-se de uma concepção de si para permitir que outras possam ser criadas.
Apresenta-se neste artigo a descrição e análise de três obras de dança autorais que podem ser vistas como uma trilogia de abordagem do corpo no espaço a partir do uso de uma parede em cena, tendo a prática da escalada como principal fonte de inspiração e elemento propulsor para a criação cênica. Investiga-se o espaço vertical enquanto fator de a(fe)tivação, por mobilizar e afetar, tanto ao artista em cena quanto ao público que assiste a obra. Observa-se que o espaço em questão permite ao praticante adentrar num lugar incomum e experienciar o fluxo, que exige engajamento corporal e integridade, aguçando a sensibilidade e possibilitando outras maneiras de ver e viver o mundo. Desta forma, as propostas analisadas buscaram criar outros pontos de vista, gerando estranheza no olhar, para que se pudesse ver com mais atenção, tendo-se diferentes leituras das criações apresentadas.
Busca-se neste ensaio refletir sobre a escalada em ambiente natural enquanto uma prática emancipatória de imersão na natureza, em que o participante pode se transformar o longo do trajeto, sentindo-se mais integrado ao meio, potente corporalmente e com os sentidos aguçados. Para tanto, faz-se análise da teoria de fluxo apresentada por Mihaly Csikszentmihalyi, relacionando os elementos de desfrute elencados pelo autor como presentes na experiência ótima, com as potencialidades do corpo em movimento na escalada percebidas e analisadas pelo filósofo e montanhista francês Michel Serres. São investigados os treinamentos necessários para a prática, os riscos envolvidos na ação e a qualidade da experiência empreendida. Propõe-se o termo corpo-em-fluxo enquanto postura ecológica, trazendo a possibilidade de se pensar em estados corporais específicos que permitem ao praticante transformar-se ao longo da atividade.
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