No alto vale do rio Ribeira e na margem esquerda do Itapirapuã, em área paranaense, houve pouca pesquisa arqueológica, e assim a implantação do programa de salvamento do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), naquela região, permitiu a possibilidade de um estudo que trouxesse dados inéditos e importantes para a compreensão do processo de ocupação humana da porção setentrional do leste paranaense. Prospectou-se através de grandes transects, ao longo do segmento estudado, e apesar das limitações de tempo e da análise realizar-se apenas em trajetóri-as lineares ao longo do duto, puderam ser reveladas novas informações regionais e aspectos sobre a arqueologia da paisagem. Analisaram-se, especialmente, quatro conjuntos de concentração de sítios Itararé-Taquara: Fazenda Marrecas, Bomba, São Sebastião e Morro Grande, implantados nos mais variados compartimentos topográficos, inclusive cristas de morros. Assim, nesse trabalho, faz-se a análise e discussão sobre a distribuição e implantação de sítios arqueológicos ao longo do traçado do Gasbol, e os vestígios recuperados, inclusive as pinturas rupestres de um abrigo granítico, dado inédi-to na região, identificado nas prospecções de campo. Analisa-se a arqueologia musealizada no Paraná e são relacionadas medidas para a conservação do patrimônio arqueológico das áreas atingidas pelo empreendimento. Principais conclusõesOs ancestrais dos Jê meridionais, representados pela tradição Itararé-Taquara, tiveram pelo menos dois momentos de ocupação diferenciada dos espaços em território paranaense: a primeira, quando chegaram, provavelmente há cerca de 4.000 anos atrás, e ocuparam os vales de grandes rios, como o Ivaí e o Iguaçu, dispersando-se tanto para sul, como deslocando-se até a Serra do Mar.Existe grande quantidade de sítios Itararé-Taquara datados no período entre 1000 e 600 anos AP, dispersos por uma área que vai desde o nordeste da Argentina à costa de Santa Catarina, o interior e o nordeste do Paraná. É nesse período de tempo que alguns sítios Itararé-Taquara, amostrados, da Fazenda Marrecas, localizada próxima ao rio Itapirapuã, área limite com São Paulo, situam-se. Assim, provavelmente há cerca de 1000 anos atrás tenha ocorrido um retorno a áreas "míticas" ancestrais, devido às mudanças climáticas, ou mesmo pressionados por outros grupos ceramistas organizados, mais ao sul, os Guarani e ao norte, os Tupi.A ocorrência de grande número de sítios arqueológicos em terraços de alta vertente e cristas de espigões alongados, modelados em áreas de rochas graníticas, onde ocorrem solos litólicos pouco espessos, pode estar relacionada a uma maior estabilidade, em relação a movimentos de massa, como escorregamentos e deslizamentos. As populações que ocuparam essa região dominavam o ambiente montanhoso, e ocuparam sistematicamente as áreas íngre-1 Tese (Doutorado)
No alto vale do rio Ribeira e na mar-gem esquerda do Itapirapuã, em área paranaense, houve pouca pesquisa ar-queológica, e assim a implantação do programa de salvamento do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), naquela região, permitiu a possibilidade de um estudo que trouxesse dados inéditos e impor-tantes para a compreensão do processo de ocupação humana da porção seten-trional do leste paranaense. Prospectou-se através de grandes tran-sects, ao longo do segmento estudado, e apesar das limitações de tempo e da análise realizar-se apenas em trajetóri-as lineares ao longo do duto, puderam ser reveladas novas informações regio-nais e aspectos sobre a arqueologia da paisagem. Analisaram-se, especialmen-te, quatro conjuntos de concentração de sítios Itararé-Taquara: Fazenda Marre-cas, Bomba, São Sebastião e Morro Grande, implantados nos mais variados compartimentos topográficos, inclusive cristas de morros. Assim, nesse trabalho, faz-se a análise e discussão sobre a distribuição e im-plantação de sítios arqueológicos ao lon-go do traçado do Gasbol, e os vestígios recuperados, inclusive as pinturas rupes-tres de um abrigo granítico, dado inédi-to na região, identificado nas prospec-ções de campo. Analisa-se a arqueolo-gia musealizada no Paraná e são relaci-onadas medidas para a conservação do patrimônio arqueológico das áreas atin-gidas pelo empreendimento. Principais conclusões Os ancestrais dos Jê meridionais, re-presentados pela tradição Itararé-Taqua-ra, tiveram pelo menos dois momentos de ocupação diferenciada dos espaços em território paranaense: a primeira, quando chegaram, provavelmente há cerca de 4.000 anos atrás, e ocuparam os vales de grandes rios, como o Ivaí e o Iguaçu, dispersando-se tanto para sul, como deslocando-se até a Serra do Mar. Existe grande quantidade de sítios Itararé-Taquara datados no período en-tre 1000 e 600 anos AP, dispersos por uma área que vai desde o nordeste da Argentina à costa de Santa Catarina, o interior e o nordeste do Paraná. É nesse período de tempo que alguns sítios Ita-raré-Taquara, amostrados, da Fazenda Marrecas, localizada próxima ao rio Ita-pirapuã, área limite com São Paulo, si-tuam-se. Assim, provavelmente há cer-ca de 1000 anos atrás tenha ocorrido um retorno a áreas "míticas" ancestrais, devido às mudanças climáticas, ou mes-mo pressionados por outros grupos ce-ramistas organizados, mais ao sul, os Guarani e ao norte, os Tupi. A ocorrência de grande número de sítios arqueológicos em terraços de alta vertente e cristas de espigões alonga-dos, modelados em áreas de rochas gra-níticas, onde ocorrem solos litólicos pou-co espessos, pode estar relacionada a uma maior estabilidade, em relação a movimentos de massa, como escorre-gamentos e deslizamentos. As popula-ções que ocuparam essa região domi-navam o ambiente montanhoso, e ocu-param sistematicamente as áreas íngre-1 Tese (Doutorado)
No Paraná, sul do Brasil, já foram caracterizados cerca de cento e cinquenta sítios arqueológicos com pinturas rupestres e vinte com gravuras, sendo que alguns possuem as duas manifestações estéticas. Documentou-se arte rupestre em todo o território paranaense, desde a costa litorânea até o oeste, concentrando-se as pinturas na região centro-leste, em abrigos e cavernas areníticas, mas aparecendo também em diferentes litologias, como granitos e basaltos, entre outras.
Neste artigo faz-se a discussão de aspectos tecnológicos e estéticos da cerâmica Itararé-Taquara através de dados etno-históricos e de materiais existentes no acervo do Museu Paranaense, fundado em 1876, em Curitiba. Na análise busca-se uma maior compreensão sobre a ocupação do Paraná por grupos ceramistas atribuídos a populações Jê, como cronologicamente isso ocorreu, e algumas características diagnósticas da cerâmica. No estudo foi identificado e descrito um méto-do diferente de manufatura da cerâmica Itararé-Taquara, o paleteado, avalizado por radiografias de vasilhames com espessura muito fina. Palavras-chave:Cerâmica Jê arqueológica, Tradição Itararé-Taquara, arqueologia paranaense. AbstractIn this paper we discuss technological and aesthetical aspects of Itararé-Taquara ceramic through both ethnohistoric data and objects of Paranaense Museum, opened in 1876 in the city of Curitiba. The analysis enlarges the comprehension about Paraná ocupation by ceramic groups related to Jê populations, the chronology of its occurrence, and some ceramic attributes.
No estudo foram analisados sítios Itararé-Taquara no Paraná, especialmente paleo-aldeias e abrigos-sob-rocha, em relação à estrutura e à transformação da paisagem, discutindo dados geoarqueológicos e cronológicos, de 4.000 a 600 anos atrás. A disposição espacial de aldeias, habitações e áreas sagradas em relação ao relevo, a mobilização de terra com a construção de aterros com formatos circulares a lineares, a escavação de estruturas semi-subterrâneas,com funções variadas, permitem refletir sobre aspectos simbólicos dos povosJê pré-coloniais no Paraná, sul do Brasil. Além disso, o uso de monolitos paraobservação astronômica visava uma melhor compreensão dos ciclos da naturezaque refletia numa agricultura mais produtiva. No alto Ribeira, houve uma concentração Jê, entre 1000 e 700 anos atrás, com paisagens ocupadas, na planície litorânea ou em relevo montanhoso, com grandes desníveis altimétricos, através de domínio dos diferentes tipos de solos e rochas. Alguns locais foram selecionados e transformados para marcar o controle e o domínio do território, e assim perpetuar uma memória mítica.
ResumoO presente trabalho desenvolveu-se na região de Piraí da Serra. Essa área está localizada na região fitogeográfica dos Campos Gerais do Paraná, que devido à sua geologia e geomorfologia peculiar, proporcionou em tempos passados a ocupação
As ruínas da segunda fundação da cidade colonial espanhola de Villa Rica del Espiritu Santo (1589-1632) vem sendo objeto de estudo de pesquisadores, tanto do Museu Paranaense como da Universidade Federal do Paraná, desde 1954. Assim, para a presente dissertação foi realizada uma análise abrangente do grande volume de vestígios arqueológicos recuperados desde aquela época até 7996, e incorporados ao acervo do Museu Paranaense e do Museu do Parque Estadual de Vila Rica do Espírito. Atualmente as ruínas da ârea urbana de Villa Rica estão inseridas dentro do Parque Estadual de Vila Rica do EspÍrito Santo, situado no município paranaense de Fênix.
O vale do rio Piquiri corta o centro-oeste do Paraná e foi ocupada, segundo os dados já conhecidos, a partir de dez mil anos atrás por diferentes populações, abrangendo caçadores-coletores, ceramistas e agricultores, conquistadores e colonizadores europeus, entre outros. Pesquisas desenvolvidas de 2008 a 2012 identificaram paisagens transformadas, e os artefatos encontrados, as imagens e a tradição oral documentada somam-se para ampliar a compreensão da arqueologia da região.
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