ResumoEste artigo examina o problema da mão de obra diante da expansão cafeeira ocorrida em São Paulo e da queda dos preços do café, na virada do século XIX para o século XX. Mais especificamente, este texto trata de alguns aspectos do debate que destacava a necessidade de redução dos custos com mão de obra frente às dificuldades que envolviam a contínua expansão da produção cafeeira naquele momento. As propostas discutidas no artigo privilegiavam a mecanização do cultivo e a flexibilização do trabalho por meio da contratação de trabalhadores temporários. A implantação de núcleos coloniais estrategicamente localizados poderia contribuir para incrementar a oferta desse tipo de trabalhador. A análise deste debate mostra que segmentos da elite econômica paulista tinham clara consciência, já naquele momento, de que somente a garantia de oferta abundante de mão de obra para os momentos de demanda intensa de trabalho na agricultura permitiria a mecanização e a flexibilidade de contratação. Palavras-Chavetrabalho temporário, núcleos coloniais, mecanização, café, São Paulo AbstractThis article analyses the concerns related to the seasonal labor as a result of the coffee farming growth along with the price decline of coffee, at the transition from XIX century to XX century. Particularly, this article debates the need of cost reduction in labor due to the challenges involved in the continuous expansion of the coffee farming at that moment. The proposal discussed in the article favored the mechanization of part of the work in the coffee agriculture in association with the contractual hiring of seasonal workers. The creation of colonial nucleus, in strategic locations, could contribute to increment this type of workforce. The analysis of this discussion demonstrates that segments of the Sao Paulo economic elite were aware that having ample availability of labor force was the only way to allow mechanization, flexibility and cost reduction at the times of intense agricultural work. Keywordsseasonable work, colonial nucleus, mechanized, coffee, Sao Paulo JEL Classification N36, N56, N96♦ Agradeço aos comentários e sugestões do revisor ad hoc, os quais possibilitaram importantes melhorias na versão acabada deste texto. Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro à parte da pesquisa.
Este artigo analisa a relação entre o padrão de demanda por mão de obra na agricultura paulista entre 1890 e 1915 e as formas de engajamento do trabalhador na atividade produtiva defendendo a ideia de que estas últimas propiciavam a formação de estereótipos sobre o chamado trabalhador nacional, tais como os da sua escassez e sua instabilidade e ociosidade. Nas interpretações mais gerais sobre a formação econômica e social brasileira, um dado prepondera: a quase "exclusão" do brasileiro pobre do processo de produção, sendo elemento marginal e acessório na estrutura produtiva central brasileira e paulista. Mostramos que a demanda por trabalho era marcadamente sazonal e incerta gerando, com isso, necessidade de oferta elástica de trabalhadores temporários e explicando, em parte, a contradição de uma sociedade que tinha, segundo o discurso da época, ora falta de trabalhadores, ora abundância; ora trabalho, ora ociosidade.
Este texto tece relações entre o trabalho temporário e a gestão da empresa cafeeira no Oeste Velho paulista entre 1890 e 1915. Uma importante característica da atividade econômica na agricultura é a sazonalidade e a inconstância na demanda por trabalho. Essa característica leva à necessidade de utilização de mão de obra temporária para as tarefas que são sazonais, a fim de possibilitar a adequada gestão dos custos da empresa agrícola. Sabe-se que, a partir de meados da década de 1950, o trabalho temporário é exacerbado na lavoura paulista, com o advento do trabalho volante. Este artigo estuda o trabalho temporário, portanto, num período anterior à sua exacerbação. Defende a ideia de que o sistema de trabalho que se seguiu à escravidão nas fazendas de café em São Paulo deve ser pensado como uma associação entre colonato e trabalho temporário sazonal, sendo este último também importante para estruturar a atividade produtiva e não uma categoria de trabalho marginal, como parte da bibliografia costuma classificá-lo. Nossa tese é que esse arranjo (colonato + trabalho temporário sazonal) permitiu que a empresa rural cafeeira driblasse o problema da rigidez da mão de obra frente à sazonalidade da agricultura, garantindo possibilidade de flexibilidade dos fatores de produção e dos custos com trabalho.
Resumo Este trabalho aborda o aparato econômico e os negócios vinculados à migração no Brasil entre 1935 e 1951. Nesse período, a crise do capitalismo primário-exportador no Brasil e a emergência de um novo padrão de acumulação centrado na industrialização e no mercado interno, implicaram mudanças nas dinâmicas populacionais, que passaram a ter no trabalhador brasileiro migrante inter-regional o elemento numericamente majoritário nos fluxos migratórios, em substituição ao imigrante estrangeiro, até então predominante. O artigo tratará das transformações da política de deslocamento populacional (em especial, a centralização no governo central da política de mão de obra e a reintrodução dos subsídios à migração para o Estado de São Paulo), enfocando os negócios envolvidos no processo migratório intra-estadual no Brasil, procurando mostrar como o Estado foi elemento chave para favorecer a continuidade dos interesses ligados à oferta de mão de obra, como também para favorecer a internalização dos lucros nessa atividade econômica.
Este texto analisa os 20 anos de existência da revista História Econômica & História de Empresas. Trata-se da principal revista brasileira dedicada à História Econômica e História de Empresas e, atualmente é, também, um importante veículo para a divulgação dos resultados de pesquisa em História do Pensamento Econômico no Brasil. Sua trajetória pode ser dividida em duas fases: a primeira, marcada pela sua criação e consolidação como importante veículo da área de História Econômica e de História de Empresas no Brasil e na América Latina e, a segunda, marcada pelas tentativas de aprimoramento da gestão editorial em um ambiente nacional e, especialmente, internacional, caracterizado pelas mudanças tecnológicas e mercadológicas que atingiram o segmento de revistas científicas. Apesar de sua alta qualidade editorial, a revista enfrenta desafios, tais como o do financiamento o qual, apesar do advento dos softwares de gerenciamento eletrônico e do acesso aberto, que baratearam os custos de editoração, continua a ser um desafio a ser enfrentado. Outros desafios, de cunho editorial, são aqueles provenientes da peculiaridade de representar uma área pequena cuja produção é concentrada em termos regionais ou ainda, aquele que advém de uma característica de toda a grande área de Ciências Humanas - a alta frequência de estudos dedicados à realidades e fenômenos locais - o que dificulta sua internacionalização pela via da publicação das pesquisas em periódicos internacionais.
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