A tese intitulada A gripe espanhola na Bahia: saúde, política e medicina em tempos de epidemia versa sobre a epidemia de gripe que irrompeu em Salvador, em meados de setembro de 1918, e dali, seguindo os caminhos dos trens, dos rios e do mar, adentrou o estado, em percurso que durou até os primeiros meses de 1919. Escolhemos tal objeto de estudo no intuito de deslindar a trama do tecido histórico que constituía a sociedade baiana nos primeiros decê-nios do século XX. Com esse trabalho buscamos analisar como a doença se infiltra na vida das pessoas, as reações que provoca e a maneira pela qual dá expressão a valores sociais, culturais e políticos. Para tanto, usamos como campo privilegiado de reflexão a cidade do Salvador, tendo em vista não só a sua condição de capital, mas também o fato de ser o pólo político, socioeconômico e cultural do estado e da região Norte do país, sem mencionar sua tradição nos estudos da medicina. Contudo, fugindo um pouco dos relatos da experiência da epidemia nos grandes centros urbanos, consideramos também importante analisar a emergência do surto epidêmico no interior do estado e, assim, revelar as múltiplas faces da Bahia. Pretendemos demonstrar que, ao incidir sobre a Bahia, a epidemia de gripe espanhola provocou os transtornos característicos da erupção de um surto epidêmico -mortes, isolamento, vigilância domiciliária e portuária, paralisação de fábricas e serviços -, mobilizando, para o seu controle, diversos setores da sociedade. O impacto do surto epidêmico colocou em evidência as fragilidades da sociedade baiana na República Velha: o clientelismo e o nepotismo que corrompiam a máquina estatal; o facciosismo político e os conflitos daí decorrentes; a ausência de políticas públicas de saúde abrangentes, contínuas e eficazes; a relação entre as questões econômicas e a condição sanitária da capital do estado; as práticas institucionais e a legislação que as presidia, e as precárias condições de vida e saúde do povo baiano. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, o povo baiano não se deixou abater pelo sofrimento advindo da fragilidade física conseqüente à doença, nem pela intensificação das experiências de morte. Mesmo em condições adversas, usou todos os meios de que dispunha para vencer a 'espanhola'.
Este artigo tem como objetivo investigar o episódio da epidemia de gripe espanhola que atingiu a cidade de Salvador e outras áreas da Bahia, tendo seu ápice entre setembro e dezembro de 1918. Utilizando como fonte privilegiada a imprensa local, analiso o jogo do poder, a condição sanitária da capital, alguns aspectos da economia, as condições materiais de sobrevivência dos moradores de Salvador, a fragilidade das políticas de saúde e assistência pública e outros aspectos de uma sociedade complexa e desigual evidenciados pela epidemia.
Evidencia o momento em que as autoridades médicas e sanitárias da Bahia foram desafiadas a explicar um mal que se disseminava com inesperada virulência, em meio a incertezas e controvérsias sobre o diagnóstico e a etiologia da gripe, que agitavam a comunidade acadêmica e científica mundial. Analisa o posicionamento da medicina baiana diante dessas discussões e o aporte científico utilizado pelos médicos para explicar o evento epidêmico e recomendar as medidas terapêuticas e profiláticas.
In this debate, Latin American historians compare the 1918-1919 flu pandemic with the one sweeping the continent in 2009, focusing especially on the experiences in Mexico, Argentina, and Brazil. They analyze the strategies adopted on both occasions, above all isolation measures, port and airport surveillance, and urban interventions. Comparisons are drawn between the actions of federal and local governments, positions taken by doctors and the media, and people's behavior, particularly regarding fear and death. The debaters also analyze the performance of assistance structures, the treatment and prevention measures recommended by public health agencies and private groups with a vested interest in drug sales, and popular and home remedies. The debate extends to how the 1918 experience has influenced the evaluation of today's crisis and what legacy it may leave behind.
This article aims to discuss the perceptions and actions of public authorities regarding the process of introduction, production, conservation, distribution, and application of the smallpox vaccine; the emergence of institutions associated with the vaccine and vaccination; and its main obstacles in Bahia in the nineteenth century. The article emphasizes the local and regional dynamics of this process. It addresses the problem of smallpox in colonial Bahia, the arrival of the Jennerian vaccine, the diffusion of the vaccination method, the establishment of health institutions, and the disease control measures implemented as of 1808. In the context of the post-independence and Imperial Brazil, this article addresses smallpox outbreaks and discusses the problems related to vaccine and vaccination listed by the governors of the province of Bahia and local efforts to introduce the animal vaccine. This article is based on printed primary sources published in Bahia in the nineteenth century, as well as through dialogues with specialized literature.
Nesse artigo apresentamos a trajetória da epidemia de gripe espanhola em Salvador, analisando as condições que favoreceram a sua erupção e propagação. Dessa maneira, destacamos os indivíduos ou grupos sociais atingidos pela doença, inserindo-os nos espaços sociais e geoeconômicos da cidade. Interessou-nos, também, discutir o modo pelo qual a doença se infiltrou nas vidas das pessoas, e sua repercussão no cotidiano da cidade. Nesse sentido, buscamos analisar as atitudes dos habitantes de Salvador em face da invasão da doença e da ameaça da morte, bem como a sua reação diante das medidas sanitárias adotadas.
Um dos pontos que serão desenvolvidos neste artigo é o processo educativo iniciado por médicos para conferir visibilidade ao câncer e mobilizar a sociedade em torno da doença na Bahia, Brasil, entre as décadas de 1840 e 1950. Dentro dos limites permitidos por este texto, pretende-se analisar as transformações ocorridas nas teorias e tecnologias biomédicas que interferiram no esforço de cognição e de resposta à doença, assim como as consequências destas definições na estruturação dos cuidados médicos.
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