Este artigo trata de relato de experiência de uma aula sobre comunicação em saúde ministrada em uma disciplina de um programa de pós-graduação, no sul do Brasil. A aula, com duração de aproximadamente duas horas, ocorreu no mês de novembro de 2016. Os alunos são profissionais de diferentes áreas da saúde e participam de programas de mestrado e doutorado. A escolha do tema da aula se deu a partir da percepção quanto à necessidade de se enfrentar linguagens verbais e não verbais para produção do sentido da comunicação, no contexto de prática assistencial e docente. Para tanto, foram realizadas atividades coletivas, utilizando metodologias ativas e dialogadas que possibilitaram a participação de docentes e discentes no processo de aprendizagem. A aula foi composta por uma introdução inicial, três dinâmicas abordando elementos verbais e não verbais da comunicação, discussão sobre as atividades e um vídeo para o fechamento do processo. No presente relato estão descritos os aspectos detalhados do roteiro de aula, bem como o conteúdo gerado pelas discussões sobre o tema.
A forma como são realizadas as mudanças nos processos de trabalho na área da saúde precisam ser sensíveis ao itinerário terapêutico possível dos seus usuários. No caso dos pacientes com doença falciforme (DF), é preciso analisar a necessidade de consultas frequentes em centros de referência e que a dispensação de medicamentos pós-consulta pode impactar na adesão ao tratamento. O objetivo deste estudo foi descrever o itinerário terapêutico de pacientes com DF na busca pelos medicamentos. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado por meio de entrevista semiestruturada, realizado com 12 participantes (pacientes e cuidadores) no Centro de Referência para DF do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, localizado na região Sul do Brasil, entre outubro e novembro de 2017. Quatro principais categorias foram identificadas: (1) Descoberta da doença, (2) Busca dos medicamentos, (3) Itinerários terapêuticos e (4) Linha do cuidado. Observou-se que existe um desconhecimento por parte dos entrevistados sobre as mudanças realizadas na forma de retirada dos medicamentos para tratamento da doença, fazendo com que seus itinerários terapêuticos estejam desorganizados no sistema de saúde. Anteriormente, os medicamentos eram retirados no centro de referência hospitalar, mas passaram a ser dispensados nas farmácias do estado no município de origem dos pacientes. A partir das informações levantadas, conclui-se que o desconhecimento relatado evidencia que a presença do profissional farmacêutico pode aproximar a dispensação do medicamento da realidade das pessoas com DF que necessitam de um olhar particularizado na atenção à saúde.
A Doença Falciforme (DF) é uma doença hereditária com alta prevalência mundial, considerada um problema de saúde pública devido à sua relevância clínica e epidemiológica. Por ser uma doença crônica, cuidados contínuos são exigidos, dentre eles a utilização de medicamentos. Nesse cenário, é importante conhecer aspectos qualitativos da busca pelo cuidado em saúde por pessoas com DF, a fim de melhorar a sua qualidade de vida. Esse trabalho estabeleceu a distribuição espacial dos casos de DF no Rio Grande do Sul (RS); descreveu o itinerário terapêutico de pacientes de um centro de referência no RS à procura pelos medicamentos para DF; realizou a análise documental descritiva sobre políticas públicas de saúde relacionadas à DF no Brasil; e apresentou os custos de internação hospitalar por DF em diferentes países. Para tanto, usou-se o estudo qualitativo, transversal e descritivo, no qual foram utilizados diferentes métodos para contemplar os objetivos: geoprocessamento, entrevista semiestruturada, análise documental e revisão narrativa. No primeiro estudo foram identificados 194 pacientes, cuja maioria utiliza o medicamento hidroxiureia e apresenta anemia falciforme. Ao todo, 69 municípios possuem uma ou mais pessoas com a doença, com destaque para Porto Alegre, que abrange 35% dos casos. No segundo estudo, a partir das entrevistas, observou-se que a mudança do local de retirada dos medicamentos para a DF identificou barreiras no itinerário terapêutico dos pacientes, como: a falta dos medicamentos e fatores econômicos que dificultam a sua compra, quando necessário. No terceiro foram selecionados os documentos publicados entre os anos de 2001 a 2018. No quarto estudo foram descritos custos relacionados à internação por DF a partir de pesquisas realizadas em diferentes países: Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Jamaica, Nigéria e Congo. O estudo possibilitou perceber a invisibilidade da DF e as dificuldades de acesso aos cuidados em saúde. Conhecer esses aspectos demonstrou que são necessários estudos constantes sobre o assunto, qualificação dos profissionais e atuação de equipes de saúde com prática interprofissional, a fim de diminuir as barreiras do itinerário terapêutico das pessoas e fortalecer o reconhecimento da doença na rede de atenção à saúde.
A doença falciforme é considerada a doença genética com maior prevalência mundial, configurando-se como um grave problema de saúde pública devido a sua relevância clínica e morbimortalidade da população acometida. Por ser associada a questões de vulnerabilidade social por vezes torna-se invisível no território, dificultando a gestão do cuidado em saúde de forma longitudinal. Este estudo objetivou identificar os pacientes com doença falciforme e verificar a sua distribuição espacial no Rio Grande do Sul. Estudo descritivo com desenho transversal, realizado por meio da coleta de dados do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica do estado. Tendo por base os CIDs contemplados no protocolo clínico para a doença foi possível verificar os pacientes com cadastro ativo para acesso aos medicamentos deste componente utilizados no seu tratamento. Os dados coletados indicaram que 194 pacientes possuem cadastro ativo, sendo que 98% destes fazem uso do medicamento hidroxiureia. Em relação à frequência dos casos conforme o CID, 84% dos pacientes apresentam anemia falciforme e 11% talassemia beta. O sexo feminino foi prevalente no estudo (53%), bem como os pacientes na faixa etária de 10 a 19 anos. Ao todo, 69 municípios possuem um ou mais pacientes com a doença, com destaque para Porto Alegre que engloba 35% dos casos. A distribuição espacial se dá de forma heterogênea no estado, tendo um aglomerado relevante na região metropolitana. Percebendo-se que o geoprocessamento pode atuar de maneira estratégica para a identificação geográfica de pacientes com doença falciforme e que a assistência farmacêutica tem participação importante neste processo.
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