Este artigo tematiza uma iniciativa de comemoração do aniversário de 25 anos da Reforma do Ensino catarinense de 1911. Para tanto, toma como fonte a edição comemorativa da Revista de Educação local, interpelando-a a partir das categorias: ‘autores e colaboradores’, ‘temáticas abordadas’ e ‘citações’. Intenta-se inquirir seus dispositivos narrativos, políticos e de modelização das práticas docentes (Carvalho, 2018), mapeando os recursos retóricos, as práticas (Vidal, 2007) e as ‘operações’ mobilizadas (Certeau, 2009, 1985). Como considerações finais, destacam-se os recursos narrativos que estabelecem uma continuidade entre as reformas de 1911 e 1935 e que obliteram uma série de rusgas entre os sujeitos políticos organizados em torno da publicação.
Resenha de: VIDAL, Diana Gonçalves; RABELO, Rafaela Silva (orgs). Movimento Internacional da Educação Nova. Belo Horizonte: Fino Traço, 2020.
Resumo Este artigo tematiza os expedientes burocráticos disparados pelas penalizações de duas professoras normalistas em exercício no Grupo Escolar Hercílio Luz, na cidade de Tubarão, em Santa Catarina. A partir dos fatos descritos, buscou-se problematizar as movimentações engatilhadas pelas suas suspensões para o entendimento dos jogos de influência e sociabilidade presentes nas tomadas de decisão no gerenciamento do cotidiano escolar. Para tanto, tomou-se como fonte a série de ofícios exarada por Albano Monteiro Espíndola, diretor da instituição, a Antônio Mâncio da Costa, diretor da Diretoria Geral da Instrução Pública catarinense, bem como jornais de ampla circulação que noticiaram a trajetória funcional das docentes. Interessou rastrear as operações encampadas para aplicação das penas, assim como os sujeitos políticos que elas mobilizaram com o objetivo de problematizar as tomadas de decisões e as ações no interior de uma instituição escolar específica. Para isso, foi importante mapear as trajetórias e movimentações funcionais dos sujeitos políticos envolvidos e rastrear seus lugares no interior da organização burocrática da instrução catarinense. Utilizou-se como método a operação historiográfica, tal qual proposta por Michel de Certeau, e a consideração das práticas como operações. Apresentam-se como principais resultados o inventário dos lugares acessados pelos sujeitos políticos cujas operações foram narradas e as elaborações acerca do exercício de mando nesse grupo escolar catarinense. Conclui-se este artigo com elaborações a respeito da ambivalência dos lugares de mando no gerenciamento da instrução pública e do amplo leque de esferas comunicantes presente nas hierarquias que os compõem.
O livro “Escola Nova em circuito internacional: cem anos da New Education Fellowship” foi uma das iniciativas de publicização dos resultados investigativos do projeto temático “Saberes e práticas em fronteiras: por uma história transnacional da educação (1810-...)1”. Nessa publicação congregaram-se textos não somente da sua coordenadora, a professora Dra. Diana Gonçalves Vidal, como também dos seus integrantes em suas mais variadas etapas formativas, da iniciação científica ao pós-doutorado. Trata-se, portanto, de um livro cuja organização e composição ilustrou movimentos de pesquisa diversos em relação à mesma problemática. Ademais, ele se insere em uma perspectiva transnacional2para o entendimento da história que vem ganhando, paulatinamente, tônus conceitual, metodológico e espaço em pesquisas, ainda que não se trate de uma perspectiva recente (STRUCK; FERRIS; REVEL, 2011).
Entre 1911 e 1940, Orestes Guimarães e Luiz Trindade protagonizaram reformas da educação pública em Santa Catarina que, neste livro, Carolina Cechella Philippi estuda de um modo original. Ocupando-se da ação administrativa, Carolina Philippi investigou os expedientes e as soluções encontradas para organizar as práticas de mando durante as reformas que analisou. Seu estudo não nos deixa esquecer de que o mando funciona com modelos de organização muito permanentes no controle das tarefas. Apesar da criação de novos arranjos ou serviços durante as reformas da instrução pública, predominam a expedição de ofícios, as instruções ordinárias, o protocolo, os editais, as atas e os comunicados como forma de estabelecer as rotinas e registrar as decisões. Dessa perspectiva, o esforço de compreender as mudanças de orientação por que passou a educação pública de Santa Catarina no período, referiram-se à constância das fórmulas burocráticas da comunicação administrativa. Para a análise da burocracia das reformas do ensino, o trabalho com a documentação administrativa é central e exigente. Não apenas obriga identificar e compreender toda uma série de procedimentos de organização e controle como, também, demanda ver, no modo de controlar o seu fluxo e lhe garantir a eficiência, as estratégias dos reformadores. Portanto, a tarefa a que Carolina Philippi se propôs enfrentar não foi trivial. Acompanhando as práticas da burocracia educacional catarinense por meio da análise de mais de 6 mil ofícios expedidos e recebidos pela Diretoria Geral da Instrução Pública, estudou as estratégias administrativas de implantação dos programas de renovação educativa entre as décadas de 10 e 40 do século passado. Observa no interior dos expedientes administrativos então estruturados para organizar as rotinas da burocracia, desde as pequenas movimentações do trâmite de todo dia até os resultados de uma intrincada disputa pelo controle do sistema escolar estadual.
Este artigo tematiza as rotinas administrativas no Departamento de Educação de Santa Catarina entre 1935 e 1938. Para tanto são retomados ofícios expedidos por seu diretor, Luiz Trindade. O objetivo é relacionar as práticas operacionalizadas a partir desse lugar de gestão com o momento vivido nacionalmente no âmbito da administração pública. Para além disso, pretende perceber as manobras administrativas enquanto práticas (CERTEAU, 2009; 1985), assinalando para a movimentação dos sujeitos políticos em meio à maquinaria burocrática. Entende, portanto, os processos envolvidos na gestão da instrução pública como decorrentes de práticas sociais e articula os expedientes de administração e gestão a lugares de mando socialmente construídos. Retoma as ponderações de Formosinho (2008; 2007) quando, ao analisar a articulação de meios práticos a meios legais, se aprofunda no estudo da pedagogia burocrática. Ainda na temática educacional, Paulilo (2015, p. 85-158) avança no entendimento da organização de quadros técnicos da educação como resultado de estratégias administrativas diversas. Neste artigo interessou rastrear as práticas percebidas em meio à maquinaria burocrática, entendendo a gestão educacional como campo de conhecimento e prática social. Traça, por fim, suas conclusões ao listar as práticas percebidas e seus encaminhamentos, e a forma como se articulam em meio à gestão burocrática da instrução pública no período. Palavras-chave: Reforma da instrução pública; política educacional; práticas de gestão.
SILVA, José Cláudio Sooma; VIDAL, Diana Gonçalves; ABDALA, Rachel Duarte. Fernando de Azevedo em releituras – sobre lutas travadas, investigações realizadas e documentos guardados. Jundiaí: Paco Editorial, 2020.
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