Sidney Chalhoub et al. (org.) Artes e ofícios de curar no Brasil: capítulos de história social. Campinas (SP): Ed. Unicamp, 2003. 440 p.A rtes e ofícios de curar no Brasil, organizado por Chalhoub et al., tem o mérito de reunir pesquisadores filiados a diversas instituições de ensino e pesquisa do país e do estrangeiro. Estudiosos radicados em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais (São João del Rei), Pará, Rio Grande do Sul, Paraíba, Bahia e nos Estados Unidos (New Haven), ao divulgarem os resultados recentes de suas pesquisas, oferecem ao leitor subsídios adicionais para melhor compreensão do lento processo de institucionalização da medicina nos trópicos e dos conflitos deflagrados pelas autoridades oficiais da cura em face de seus concorrentes, adeptos às concepções terapêuticas 'populares'. Sem a pretensão de esgotar o tema, os autores elaboraram capítulos da história social da medicina no Brasil, desde o século XVI até o início do XX, interpretando as relações estabelecidas entre intelectuais, médicos, cirurgiões, boticários, sacerdotes, sangradores, pajés, curandeiros, parteiras e diversos setores da população. Ao se debruçarem sobre as trajetórias sociais desses agentes, observam a multiplicidade de saberes e práticas de cura no Brasil, em épocas e contextos diversos. Mesmo que inevitavelmente imbricadas (Xavier in Chalhoub et al., 2003, p. 144; Ribeiro, 1997, p. 89), a defesa intransigente das concepções oficiais deflagrou embates contra seus oponentes.. Não foram poucas as perseguições movidas contra os curandeiros e empíricos, em geral, justificadas, por fatores 'morais', 'religiosos' ou 'científicos' visando extirpar seus conhecimentos e suas práticas. Ora, evidentemente, tais fatores não devem ser descurados, em alguns casos, de interesses políticos e econômicos ou, em motivações carreiristas, individuais, institucionais e classistas.Cabe aqui uma pausa. Na introdução redigida pelos organizadores da coletânea, deparamos com algumas questões "que se tornaram cruciais para os autores dos textos da coletânea" (p. 12). Na primeira delas, os organizadores sugerem que desde a segunda metade do século XIX já era visível a relação intrínseca entre "as tentativas de estabelecer o discurso científico como única verdade possível" e o "desenvolvimento da sociedade capitalista ... esforços dos grupos economicamente poderosos do país para manter suas posições de controle e privilégio" (ibidem, p. 12).Apesar de concordarmos que, em certas circunstâncias, os médicos tenham se empenhado em elaborar estratégias vinculadas aos
Este artigo analisa a trajetória de um grupo de cientistas biomédicos de Manguinhos, centrando-se no processo de construção de suas carreiras profissionais, entre as décadas de 1920 e 1950. Para tanto, detenho-me nos estudos de casos, procurando balizar as estratégias de recrutamento, os meios de sociabilidade e de consolidação, assim como os valores que moldaram a identidade do grupo no interior do Instituto Oswaldo Cruz, um dos principais loci da ciência biomédica no Brasil.
221MEDICINA E PLANTAS MEDICINAIS O universo dos saberes e das práticas medicinais no período colonial vem sendo tema de importantes trabalhos. Somando-se à recente pesquisa de Márcia Moisés Ribeiro que resultou no livro A ciência dos trópicos: a arte médica no Brasil do século XVIII , Natureza em Boiões: medicinas e boticários no Brasil setecentista, de Vera Regina Beltrão Marques, oferece-nos uma contribuição original ao estudo do problema.Natureza em Boiões apresenta uma questão fundamental: a diversidade das raízes culturais das populações aqui residentes, mais do que a falta de médicos, teria sido crucial para a persistência de práticas de curas plurais nos trópicos. Em última instância, parte dos medicamentos receitados pelos doutos coimbrãos seria constituída por fórmulas resultantes da aproximação das culturas presentes no Brasil. Mesmo vulgarizados, muitos desses saberes provinham da intuição e do uso secular daqueles curandeiros e pajés conhecedores das matas, em caminhos nunca dantes palmilhados pelos colonizadores. Saberes muitas vezes relegados no plano do discurso por parte dos colonizadores, na prática, teriam sido fundamentais para a constituição da ciência farmacêutica moderna do Ocidente.Contudo, se a princípio, supõe-se que os protagonistas da trama sejam integrantes do grupo de colonizadores no caso, os boticários, que inclusive fazem parte do subtítulo do livro, , ou mesmo dos colonizados, percebe-se, no decorrer da obra, que tanto os primeiros quanto os segundos são atores coadjuvantes, pois o foco de atenção da autora está nas plantas consideradas medicinais, originárias da natureza brasílica e que, aos poucos, vão sendo intuídas, utilizadas, lidas, dadas a ver, decifradas, classificadas (de acordo com critérios diferenciados no tempo), encaixotadas, exportadas para a metrópole para, por fim, serem para cá remetidas como medicamentos oficiais, credenciados pelas autoridades médico-científicas portuguesas.Vera Marques segue obviamente os passos dos atores coadjuvantes, em suas leituras, seus pareceres e nas apropriações que fazem da natureza, fazendo dela uso lícito ou ilícito. Composto por quatro capítulos, Natureza em Boiões apresenta os caminhos e descaminhos dos saberes sobre as plantas medicinais brasílicas: saíam daqui como saberes incivilizados, Medicinas e plantas medicinais nos trópicos: aspectos da constituição da ciência farmacêutica ocidental
O objetivo desse artigo é conhecer a História dos cristãos-novos, nascidos ou residentes no Rio de Janeiro que freqüentaram a Universidade de Coimbra, entre os anos de 1650 e 1730. As principais fontes documentais utilizadas são seus processos, quando presos pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa. Entramos em contato com depoimentos que revelam ambientes pelos quais passaram, dentre os quais a Universidade de Coimbra e o Rio de Janeiro, em seus sistemas de lealdade, crenças e costumes. Abstract The purpose of this article is to know the History of the New Christians who were born or lived in Rio de Janeiro and who have studied at the University of Coimbra between 1650 and 1730. The main sources of documents used are their processes when they were arrested by the Trial of Inquisition of the Holy Office in Lisbon. We have found depositions that reveal where they’ve been to, such as the University, with it system of loyalty, beliefs and habits. Palavras-chave: Cristãos-novos. Universidade de Coimbra. Inquisição. Key words: New Christians. University of Coimbra. Inquisition.
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