O estudo das malformações occípito-cervicais já vêm sendo feito de longa data, sendo a primeira descrição anatômica atribuída a Columbus em 1752. Segue-se longo período de pesquisas anatômicas, anátomo-clínicas e radiológicas até que Ebenius, em 1934, relatou o primeiro ato cirúrgico. É, pois, a partir desta data que a impressão basilar passou do terreno puramente especulativo para o da terapêutica, não sem os insucessos que normalmente acompanham, de início, as novas tentativas neurocirúrgicas. Com o correr do tempo vários métodos cirúrgicos foram sugeridos baixando sensivelmente o índice de mortalidade pós-operatória. Desses métodos destacamos o de Sekir, pela aplicação de um aparelho de suporte pós-operatório para a região crânio-vertebral; o de De Vet usando a tração da cabeça; o de Dereymacker aconselhando a ressecção por via lateral da apófise odontóide; o de List empregando um enxerto ósseo para imobilizar parcialmente a articulação crânio-vertebral; o de Ricard utilizando uma ponte óssea trapezoidal fixada entre o occipital e a apófise espinhosa de C 3 .Entre nós, em 1951, Canelas, Zaclis e Tenuto apresentaram valiosa contribuição que aumentou a casuística internacional. Queremos crer que, em nosso meio, apesar do trabalho citado, essas malformações deixam de entrar nas cogitações diagnosticas pela falta de outras publicações sobre o assunto. Entretanto, lembramos que, no diagnóstico diferencial de numerosos quadros neurológicos, principalmente os referentes ao rombencéfalo, seria indispensável incluir a impressão basilar como uma das hipóteses prováveis, não tão rara como soi parecer. A fim de contribuir para a divulgação e casuística das malformações occípito-cervicais, relataremos o caso seguinte: J. L., 23 anos, sexo masculino, lavrador, examinado em fevereiro de 1954 (Reg. Geral n 370.793). Referia o paciente que, em março de 1951, após o trabalho da roça e sem ter sofrido qualquer traumatismo, engasgou ao beber água; esta disfagia se repetiu, depois, por espaços cada vez mais curtos, obrigando-o a ingerir os líqui-dos em goles cada vez menores. Com o correr do tempo a disfagia passou a abranger os alimentos sólidos, os quais deviam ser ingeridos bem mastigados, em porções mínimas; os alimentos se acumulavam no faringe, por mais de meia hora após as
Os autores relatam o caso de um paciente com 18 anos de idade, portador de paralisia cerebral instalada aos 4 anos de idade após moléstia febril prolongada (hemiplegia esquerda, crises convulsivas generalizadas, freqüentes e rebeldes à medicação, deficiência mental e alterações de conduta). O eletrencefalograma e o pneumencefalograma revelaram alterações graves do hemisfério direito; tendo o primeiro destes exames demonstrado a existência de perturbações propagadas ao outro hemisfério. Foi praticada a hemisferectomia direita. Durante o ato cirúrgico, por exigência técnica foram extirpados, além do hemisfério cerebral, os dois terços rostrais do núcleo caudado e o núcleo amigdalóide. No pós-operatório foi intercorrência de osteomielite e meningite, medicadas com antibióticos e seqüestrectomia. Apesar da complicação pós-operatória, instalou-se progressiva melhora em relação à conduta social; diminuiu também a espasticidade no membro inferior esquerdo e não mais se repetiram as crises convulsivas. Não foram observadas modificações quanto ao rendimento intelectual e quanto aos distúrbios sensitivos que existiam antes da intervenção cirúrgica. O exame neurocular mostrou hemianopsia homônima esquerda. Êstes resultados são concordantes com os assinalados na literatura sobre o assunto.
Os motivos que nos levaram a relatar o presente caso foram: a raridade do tipo de tumor diagnosticado ao exame microscópico e a satisfatória regressão pós-operatória da sintomatologia que o paciente apresentava. A história do paciente é, em resumo, a seguinte:O. P., sexo masculino, com 35 anos de idade, internado na enfermaria de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Fac. Med. Univ. São Paulo (Serviço do Prof. A. Tolosa) em 7 de agosto de 1948 (Reg. 109332), com acentuada dificuldade de locomoção. Quase que com caráter de subitaneidade, há cerca de dois anos o paciente começou a sentir dores, principalmente noturnas, nos membros superiores e dôrso. Elas, gradualmente, diminuíram de intensidade, para desaparecerem depois de sete ou oito meses. Há ano e meio apareceram parestesias no pé e perna direitos, sensação de adormecimento ao longo da borda cubital do membro superior direito e, à noite, contrações involuntárias no braço e antebraço desse mesmo lado. Nessa época, o joelho direito começou a falhar freqüentemente durante a marcha. Em outubro de 1947 -portanto, aproximadamente um ano depois do início dos sintomas -o paciente foi submetido a apendicectomia, feita sob raqueanestesia. Ao sair do hospital, notou acentuada fraqueza da perna direita e impossibilidade de movimentar os artelhos direitos e os dois últimos dedos da mão direita, permanecendo estes em flexão permanente. Nessa oc?sião foi feito o diagnóstico de mielite, sendo-lhe indicada a radioterapia profunda, tratamento que, feito em princípios de 1948, proporcionou certa melhora. Logo depois, porém, a dificuldade na deambulação aumentou, aparecendo fraqueza também no membro inferior esquerdo. Começaram as perturbações esfinctéricas e houve perda da sensação do coito. Nos antecedentes, digna de nota é somente a referência a um cancro duro, contraído em 1942.Ao exame físico nada foi notado de anormal, a não ser dois nódulos indolores, móveis, no antebraço esquerdo e braço direito; a biópsia de um deles revelou tratar-se de lipoma. O exame neurológico mostrou: marcha pareto-espástica acentuada e somente possível com auxílio de outra pessoa. Força muscular diminuída na mão direita e membros inferiores, mais à direita. Perda da movimentação dos artelhos e diminuição dos movimentos dos dois últimos dedos da mão direita. Forte espasticidade dos membros inferiores. Reflexos profundos exaltados nos membros inferiores; clono da rótula esquerda e pés. Hipoestesia na borda cubital
A compressão medular por aneurisma da aorta é eventualidade rara. . O paciente queixava-se de enfraquecimento e sensação de dormência nos membros inferiores. O início da moléstia datava de aproximadamente 4 meses, com o aparecimento, primeiro, de "câimbras" e, depois, da fraqueza e amortecimento referidos acima. Referia também certa dificuldade em urinar e evacuar. Quanto aos antecedentes informou que havia adquirido lues 20 anos antes e que se tratara de "aortite". Teve também maleita.O exame mostrava indivíduo em bom estado geral e que denotava dificuldade em andar, só o fazendo com a ajuda de bengala. A marcha era pareto-espástica. No exame dos sistemas encontrou-se aumento da macicez precordial e sopro intenso e difuso na mesma região. O pulso era rítmico, de 80, sendo a pressão arterial de 13-8. Não havia queixas que se relacionassem aos aparelhos cardiocirculatório, respiratório ou digestivo. O exame neurológico mostrou paraparesia espástica, com sinal de Babinsky bilateral e hipoestesia superficial com nível em T s . Foi feito o diagnóstico sindrômico de compressão medular. Exames complementares-Sôro-reações para a lues negativas. Exame do líquido cefalorraqueano:punção lombar, em decúbito lateral; pressão inicial 14 (Claude); líquor límpido e incolor; 6 células por mm3 (linfócitos 76%, médios mononucleares 12%, grandes mononucleares 2%); proteínas totais 1,80 g por litro; glicose 0,65 g; r. Pandy e Nonne, fortemente positivas; r. benjoim 00000.12222.21000.0; r. para lues e cisticercose negativas. As provas manométricas revelaram bloqueio parcial do canal raquidiano. Perimielografia (lipiodol por via cisternal) -Com surpresa, verificou-se a presença de grande aneurisma da aorta torácica descendente, e parada do contraste entre T 4 e T 5 ( fig. 1), com erosão dos corpos dessas vértebras.
Fomos levados à apresentação déste caso pela oportunidade de poder fazer algumas considerações a respeito dos tumores melânicos do sistema nervoso que são bastante raros. OBSERVAÇÃO , o paciente começou a sentir, na face externa da perna direita, dor contínua e sem irradiação, melhorando pelo repouso, agravando-se pelos movimentos. Quinze dias depois, apareceu intensa dor na região posterior da coxa, de freqüência e intensidade variáveis. Assim continuou até março de 1948, tratando-se por ciá-tica. Depois começou a sentir dor na região lombossacral e, no mês seguinte, dor na face posterior da coxa direita, irradiando-se da nádega para o calcanhar. Três meses depois o paciente notou amortecimento na região perianal, na face posterior da coxa e no calcanhar, à direita, sentindo, também, grande fraqueza no pé direito e joelho esquerdo, o que lhe dificultava a marcha e a movimentação. Fizeram-lhe radiografias da coluna vertebral, tendo sido feito o diagnóstico de radiculite. Alguns dias depois o paciente teve retenção aguda de urina. As dores se agravaram e se estenderam pelo território do nervo ciático esquerdo. A sensação de adormecimento aumentou em intensidade e extensão, tomando ambos os membros inferiores, as regiões glúteas e o pênis. Houve rápida diminuição da potência sexual. Antecedentes pessoais e familiares sem maior interesse para o caso. Exame clinico-neurologico-Trata-se de indivíduo em precário estado geral, pálido, em decùbito horizontal no leito, com sonda de demora na bexiga. Coopera bem no exame, apresentando, porém, dificuldade na movimentação dos membros inferiores, os quais se apresentam hipotróficos ao nível das pernas. Constituição mús-culo-esquelética regular. Pele e fâneros normais. Nada há a assinalar de anormal no exame clínico dos diferentes aparelhos. Movimentação ativa relativamente conservada nos segmentos distais dos membros inferiores, estando prejudicados, entretanto, os movimentos dos extensores dos pés e dedos, particularmente à direita. A extensão das pernas sobre as coxas está muito comprometida. A flexão faz-se satisfatoriamente, nos membros inferiores. Força muscular diminuída nos extensores dos pés, principalmente à direita, e relativamente conservada nos flexores. Diminuição da força muscular nos extensores e flexores das pernas. Na coxa a força muscular está normal. Não há reflexos patológicos. Reflexos patelares vivos e aquileus abolidos. Anestesia em sela; hipostesia superficial nos pés e nas pernas (figura 1).Exames complementar es -Hemograma: Anemia hipocrônica, neutrofilia com desvio à esquerda e eosinofilia. Exame do liqüido cefalorraquidiano (16-3-949): Punção lombar em decubito lateral; foram praticadas as provas manométricas de Stookey, as quais mostravam pequena ascensão à compressão profunda jugular, com * Assistentes do Serviço de Neurologia (Prof. Adherbal Tolosa), na Fac. Med. da Univ. de São Paulo.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.