O presente estudo objetivou avaliar o efeito de um programa de capacitação para uso do Protocolo NICHD (National Institute of Child Health and Human Development). Trata-se de um instrumento desenvolvido com base em boas-práticas em entrevista investigativa e validado por estudos que demonstram sua eficácia em campo. O protocolo traz uma frequência maior de questões abertas diminuindo assim a sugestionabilidade. Participaram do estudo duas psicólogas e uma assistente social. Um programa de capacitação foi desenvolvido com quatro intervenções baseadas na literatura científica. O estudo teve como desenho experimental o delineamento de sujeito-único (A-B-C-D), no qual o comportamento de cada participante foi avaliado por meio de entrevistas investigativas realizadas entre cada intervenção do programa. Ao se analisar os dados de cada participante, observou-se melhora na qualidade das entrevistas realizadas, passando os participantes a utilizar mais perguntas abertas e menos questões fechadas. A média das questões utilizadas foram comparadas estatisticamente por meio da simulação de Monte Carlo e do teste ANOVAs de Friedman demonstrando significativamente a redução do uso de questões sugestivas. Ressalta-se a importância em se realizar um programa de capacitação que inclua aspectos teóricos e práticos e supervisões contínuas com a presença de feedback em cada entrevista realizada.
This research has characterized sexual abuse of children by women through reports of psychotherapists via the Internet. Participants included 47 psychologists of victims or offenders (with no significant difference among the informants). These professionals answered an online questionnaire with information about the psychotherapist, offender, victim, and abuse data. The results indicated that 74.5% of the abuse cases were intrafamilial, and the offender was the mother of the victim in 36.2%. A total of 68% of the offenders reported having been victims of violence. A Bayesian analysis was conducted to assess the relationship between the frequencies of the answers provided. The model showed that lower use of force increased the probability of the child being between 3 and 6 years of age (53.8%) and the abuse lasting from 1 month to 2 years (49.7%). Offenders over 41 years of age, who did not use force in the abuse, victimize children more frequently (60.1%), and abusive events occur for more than 2 years (50%). The model resulted in an error rate of 16.67% and a ROC area of 0.91. This study contributes to the understanding of the characteristics of sexual assaults perpetrated by women, by providing data that can be used in intervention planning.
Resumo Discussões sobre o papel de profissionais da Psicologia na escuta de alegações de violência sexual contra crianças e adolescentes têm emergido em todo país. Escuta especializada, depoimento especial e perícia psicológica são procedimentos previstos na legislação brasileira em diferentes momentos de uma alegação de violência sexual, dentro do Sistema de Garantia de Direitos. Enquanto os dois primeiros podem contar com profissionais de outras áreas, a perícia psicológica é atribuição privativa dos psicólogos. Tendo em vista que a principal fonte de informações sobre os eventos alegados é a criança, este artigo de revisão narrativa tem como objetivo discutir a escuta do psicólogo/a sobre alegações de violência sexual nos contextos da escuta especializada, do depoimento especial e da perícia psicológica. O artigo também tem como objetivo apresentar diretrizes gerais para entrevistas com crianças e adolescentes, consideradas na literatura como boas práticas nesse campo de atuação. Considerando a entrevista como o ponto comum entre esses três procedimentos, recomenda-se o uso de questões abertas, preparação do local em que a entrevista será conduzida e o uso de protocolos empiricamente validados para obtenção do relato sobre o evento alegado. Observou-se que tanto na literatura especializada como na legislação brasileira ainda se faz necessário esclarecer a operacionalização de “escuta especializada”, pois pode dificultar a atuação efetiva dos profissionais que atuam em serviços de proteção e atendimento a crianças e adolescentes.
This integrative review addresses primary prevention programs to prevent child sexual abuse focusing on children and adolescents and professionals. We used PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Scopus, and PsycInfo, with the following keywords:"personal safety education" or "protective behaviors" or "personal body safety" or "child assault prevention" or "protection education" associated with the term "child sexual abuse". Sixteen trials were included, nine interventions addressed children and adolescents, and seven, adults. The preventive interventions implemented among children and adolescents improved self-protection behaviors and knowledge regarding child sexual abuse. However, the interventions aimed at adults presented methodological variations that hinder generalization of the results.
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