Este artigo aborda o conceito de comunicação pública associado ao de esfera pública, ressaltando a importância da pesquisa empírica para o campo, bem como seus limites metodológicos. Por sua natureza normativa, o conceito comunicação pública permite aferir a qualidade da democracia. Mas, ao procurar responder à dimensão fática da comunicação, a pesquisa empírica pode criar armadilhas cognitivas, acionando a dialética entre facticidade e normatividade, entre ser e dever ser. A reflexão ressalta a necessidade de se reconhecer a complexidade desencadeada por objetos que envolvem conflitos comunicacionais na democracia e indica aspectos metodológicos que podem ser privilegiados ao se contrastar fatos sociais, políticos e comunicativos.
O artigo enquadra e reflete as posições editoriais lançadas pelos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e O Globo a respeito do movimento Escola Sem Partido. Entendendo a esfera pública como espaço de discussão de cidadãos sobre o que é coletivo, a teoria deliberacionista reconhece o papel dos meios de comunicação de massa como fomentadores de visibilidade, crucial para o processo de discutibilidade e produção de consensos. O processo educativo é um tema de ordem pública com recorrentes discussões nas sociedades modernas. A partir de contribuições de análise crítica do discurso, recapitulação sobre ideologia e pressupostos de enquadramento o texto procura responder duas questões cardeais: Qual consenso é gerado pelos jornais? Esse consenso faz jus a complexidade do tema colaborando na construção do seu debate?
Trata do poder da comunicação na implantação de projetos originados nas políticas públicas de energia, com elevado impacto socioambiental, colocados pelo Estado à sociedade na condição de interesse público. Constitui o objeto os processos de comunicação vinculados à Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, no Rio Uruguai (SC/RS – Brasil). A reflexão teórica assenta-se na teoria da esfera pública e nas tensões entre comunicação pública e estratégica, com abordagem qualitativa e análise crítica de discurso. A identificação das organizações que participaram dos contenciosos revelou uma extensa e complexa rede, mas concentrada em torno do concessionário. O trabalho concluiu que a comunicação é elemento central e constitutivo das negociações sobre o espaço e fator estratégico nas relações entre as organizações do Estado, do mercado e da sociedade civil.
O estudo analisa a cobertura jornalística do crescimento acelerado de casos de Covid-19 em frigoríficos de Chapecó e Concórdia (SC, Brasil) no primeiro pico da doença, em 2020. Diante de fiscalizações que apontaram negligência e contaminações de trabalhadores e da relevância econômica creditada ao setor, busca-se compreender como dois grupos de comunicação das cidades abordaram o tema em suas páginas jornalísticas na internet. A proposta da Análise de Cobertura Jornalística (SILVA; MAIA, 2011), adaptada para o ambiente digital, orientou os procedimentos metodológicos. Os resultados apontam para a ausência de apuração própria dos veículos, o que privilegia agentes com capacidade de produção de conteúdo e invisibiliza fontes cidadãs. Do ponto de vista teórico, aponta-se um paradoxo: mesmo em situações críticas para a comunidade, como a pandemia, o jornalismo de proximidade pode se afastar do cotidiano local que, em tese, o caracterizaria.
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