We argue that Brazilian Portuguese (BP) affixes can be divided in (at least) two groups according to their prosodic behavior: true affixes are prosodically integrated to the base, while compositional affixes are considered independent prosodic words. Aiming to find empirical evidence to sustain this distintion, we investigate two questions: (i) Can we find acoustic patterns in derived words to differentiate true and compositional affixes? (ii) Are there psycholinguistic evidence to sustain that these two groups are accessed differently in our lexicon?. In order to answer these questions, we developed two experimental paradigms. The first one is an acoustic analysis which compares duration in syllables and V-V units of derived words. In this experiment, syllables showed increase in duration towards the stressed position for all conditions, while V-V units seem to differentiate the two types of morphological formations. The second one is an eye tracking experiment with lexical decision task to describe fixations, saccades and level of accuracy in derived words and nonce words. Our main results show that compositional words presented longer total time of fixation in the eye tracking analysis and longer and less accurate answers in the lexical decision task, what sustains the hypothesis that the two categories behave differently.
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Neste artigo, abordamos o estatuto da palavra nos estudos linguísticos, retratando seu percurso histórico ao longo das mais diversas correntes teóricas e suas diferentes classificações nos módulos da gramática. Para debater essas questões a partir da percepção de falantes do PB, trazemos resultados de dois experimentos que envolvem tanto o conceito que os sujeitos atribuem ao termo palavra quanto a propriedades que a caracterizam (Aronoff & Fudeman, 2005), como ordem fixa, integridade, não separabilidade, acento etc. Os resultados obtidos nos experimentos sugerem que os falantes não se utilizam de um só critério, mas que fazem uso de diferentes propriedades do conhecimento linguístico, a depender do exercício em questão, para caracterizar palavra.
A mesa redonda Fonologia, conduzida por José Magalhães (UFU) e organizada em homenagem à professora Leda Bisol, apresenta um panorama dos estudos em Fonologia a partir de diferentes perspectivas teóricas. Carmen Matzenauer (UFPEL) aborda a Fonologia Gerativa Clássica, pautada nos conceitos de níveis de representação, regras e traços, e nos desdobramentos do modelo teórico. Luciani Tenani (UNESP – São José do Rio Preto) introduz os pressupostos da Fonologia Prosódica – teoria que organiza o contínuo da fala em constituintes prosódicos hierarquizados. Christina Abreu Gomes (UFRJ) trata da Fonologia baseada no Uso e no Modelo de Exemplares, que prevê abstrações emergentes do uso e da experiência linguística dos falantes.
Vigário apresenta diferenças fonológicas entre o português brasileiro (PB) e o europeu (PE) na forma de dez tópicos relacionados a processos nos níveis lexical e pós-lexical. De modo geral, a autora mostra que o português europeu apresenta processos produtivos nos níveis mais altos da hierarquia prosódica, e não em constituintes menores, como o segmento ou a sílaba. Por esse motivo, temos um grande número de reduções vocálicas em posições átonas, por exemplo. Enquanto isso, os processos do português brasileiro ocupam-se, em geral, com os níveis mais baixos da hierarquia, os quais são puramente fonológicos. Exemplos são o preenchimento de posições vazias para boa-formação silábica ou o menor número de reduções vocálicas em relação ao PE. Embora as duas variedades apresentem semelhanças em relação à fonologia lexical, em níveis mais precoces, elas exibem perfis fonológicos distintos em relação à fonologia pós-lexical.
O presente estudo pretende investigar um dos correlatos acústicos do acento primário no português brasileiro – a saber, a qualidade vocálica – em vogais médias iniciais de palavras complexas por sufixos legítimos e sufixos composicionais. Partimos da ideia de que afixos legítimos são prosodicamente integrados à base, enquanto afixos composicionais podem ser considerados palavras prosódicas independentes. Por serem palavras prosódicas e portarem um acento primário, hipotetizamos que as vogais da base sejam pronunciadas de forma plena, como vogais tônicas; vogais de palavras derivadas por afixos legítimos, por serem átonas, podem apresentar uma realização mais centralizada no trapézio vocálico. A fim de verificar se a classificação dos afixos em dois grupos distintos, proposta com base morfofonológica, pode ser sustentada por características acústicas, coletamos dados de fala de 5 informantes do sexo masculino da região Sul. Os informantes proferiram as palavras-alvo com vogais médias na frase-veículo “Diga X pra mim” e foram analisados os parâmetros acústicos F1 (referente à altura da língua) e F2 (referente ao avanço/recuo da língua) das vogais iniciais. Os resultados gerais confirmam parcialmente nossa hipótese e mostram que, quando a vogal pretônica apresenta distanciamento em relação aos valores da tônica, geralmente trata-se de uma vogal de formação legítima.
APRESENTAÇÃO ESTUDOS LINGUÍSTICOS Nº59
O presente trabalho trata do processamento morfológico de sufixos rotulados como derivacionais — aqueles capazes de alterar características morfossintáticas da base e, portanto, núcleos da estrutura complexa (ex. ‑eiro) — e de sufixos modificadores, representados pelos avaliativos — que mantêm características morfossintáticas da base (ex. ‑inho), conforme Villalva (1994). Partindo do pressuposto de que há decomposição de unidades morfologicamente complexas em unidades menores no processamento de dados linguísticos no português (GARCIA, 2009; PINTO, 2017), nosso objetivo é verificar se as duas classificações apresentadas para os sufixos demandam diferentes custos de processamento. Para isso, desenvolvemos três experimentos: uma Tarefa de Associação de Palavras (TAP), uma Tarefa de Decisão Lexical (TDL) e uma Tarefa de Decisão Lexical com Priming (TDLP), as quais são compostas por estímulos formados pelos sufixos ‑eiro e ‑inho. De modo geral, os participantes da TAP demonstraram ter conhecimento dos itens linguísticos testados e atribuíram a eles, predominantemente, associações de cunho morfológico ou semântico. Em ambas as tarefas envolvendo decisão lexical (TDL e TDLP), estímulos formados por ‑inho apresentaram menores índices de acurácia e tempos de reação relativamente maiores, mas sem significância estatística em comparação aos formados por ‑eiro. Esse resultado comum parece sugerir, considerando-se o recorte experimental assumido, que a função do afixo não exerce papel no processamento das palavras em análise.
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