Discutir a variabilidade da precipitação se torna importante na medida em que essa é a principal forma de reposição hídrica na Terra, além disso pode influenciar as atividades humanas, em função de sua intensa variabilidade, seja temporal como também espacial. Para compreender o comportamento das chuvas em Juiz de Fora- MG no intervalo temporal compreendido entre 1910-2017 utilizou-se a técnica do box plot na perspectiva de identificar intervalos de anos padrão (normal, seco, úmido, super-seco, super- úmido), inferir considerações a respeito dos eventos anormais de chuvas e correlacionar aos modos de variabilidade das chuvas sobre a área estudada. Não foi possível identificar a correspondência entre a classificação dos anos padrão e a ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña. Na correlação das décadas com a ODP é possível verificar, que a ODP não apresenta correlação como modo de variabilidade direta com as chuvas para a áreas estudada. Os dados trimestrais apontam para uma sazonalidade bem marcada das chuvas em Juiz de Fora, com mais de 80% da precipitação anual, em média, concentrada nos períodos de primavera (OND) e verão (JFM).
O município de Petrópolis é historicamente marcado por eventos extremos de precipitação que provocam significativos impactos no espaço urbano. Um dos elementos que pode influenciar na distribuição e intensificação dos eventos sobre o município é a localização dele na serra do mar fluminense. Dessa forma, considerações a respeito das escalas de análise climática, assim como os processos e sistemas atmosféricos que atuam sobre áreas ocupadas por cidades edificadas sob relevo acentuado são, sobremaneira, salutares. Considerando tal contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar, a partir da espacialização dos eventos mais extremos de chuva, a relação desses eventos com a orografia já que, a depender do sistema atmosférico atuante, a orografia pode exercer papel fundamental na distribuição da precipitação, alterando, por conseguinte as áreas com maiores ou menores volumes de chuva. A partir da análise dos dados pôde-se observar significativo papel da orografia na distribuição dos eventos extremos de precipitação tanto em escala regional (considerando a hipsometria do estado do Rio de Janeiro) quando localmente (a partir da espacialização dos eventos extremos de chuva em concomitante análise à hipsometria do município de Petrópolis). Foi possível considerar ainda que os sistemas frontais provocaram maiores volumes pluviométricos nas estações à barlavento da serra do mar, enquanto que os sistemas carregadores de umidade provenientes do interior do continente foram responsáveis pelos maiores volumes a sotavento.
Estudar o potencial erosivo das chuvas permite uma contribuição significativa ao clima urbano, uma vez que, é possível a identificação das áreas em que o potencial erosivo é maior/ menor assim como dos períodos do ano em que a chuva tem maior potencial de erosão do solo. Assim, compreendendo tais condições é possível pensar nas medidas de mitigação, de planejamento e gestão de uso da terra em relação as medidas a serem aplicadas a fim de redução dos impactos pluviométricos no espaço urbano (sobretudo os movimentos de massa). A distribuição da erosividade mensal das chuvas demonstrou que os bairros Posse e Pedro do Rio foram os mais presentes dentre os bairros mais relevantes em relação aos maiores valores de potencial erosivo das chuvas (EI30). O mês com a maior quantidade de bairros com EI30 expressivos para o ano de 2016 foi fevereiro (7 bairros) seguido de janeiro (6 bairros) e novembro e dezembro (ambos com 5 bairros). Assim, o período mais indicado para planejamento e execução das medidas de prevenção em termos de manejo e uso do solo e cobertura da terra no município de Petrópolis foram os meses março, abril, maio, julho, agosto, setembro e outubro, enquanto que os demais apresentaram tanto elevados valores de EI30 quanto de bairros com registros de EI30 significativos (sendo, portanto o período em que as ações preventivas, de manejo e gestão já devam estar em vigor).
A presente pesquisa buscou estudar os impactos dos eventos extremos de precipitação no município de Petrópolis- RJ a partir da abordagem da Geografia do Clima, do Sistema Clima Urbano e da Geografia do Impacto. Buscou-se compreender os impactos a partir de uma abordagem socioambiental em que, a distribuição dos impactos relaciona-se à distribuição dos sujeitos no espaço da cidade em detrimento da vulnerabilidade social desses citadinos. A pesquisa se desenvolveu em três esferas, 1- análise atmosférica que se constituiu da definição do termo/ conceito de evento extremo, as técnicas estáticas de definição e suas aplicações; análise sinótica dos eventos abordados 2- abordagem do contato atmosfera superfície que se pautou no estudo dos impactos e a 3- análise da vulnerabilidade social e a sua correlação com os impactos. Para ambos os eventos analisados observou-se que as áreas de maior vulnerabilidade social foram as áreas com maior total de impactos enquanto que as áreas com as condições de vulnerabilidade social muito baixa os impactos foram em menor número ou inexistentes ratificando a premissa amparada teoricamente pela Geografia do Clima. Foram selecionados para o aprofundamento do estudo socioambiental dos impactos dois eventos mais significativos em relação ao total de impactos, sendo eles, janeiro de 2007 e janeiro de 2016. Observou-se, para Jan.2007 atuação expressiva da ZCAS, LI, mPa e SF sendo que, para os dias com registro de impactos (17 dias ao longo do mês), a ZCAS apresentou 28,33% de atuação, seguida da LI com 23,33%, mTa e SF ambos com 16,67% e a mPa com 8,33 e ZCOU com 6,67%. Tendo em vista que a vulnerabilidade social a partir dos indicadores de renda, educação e qualidade da habitação foi o caminho metodológico escolhido para a compreensão e abordagem da distribuição (desigual) dos sujeitos e dos impactos ao longo do município, através dos dados, observou-se que os bairros Carangola, Pedro do Rio, Retiro e Posse foram os que apresentaram os maiores totais de impactos com (344, 61, 54 e 48 respectivamente) assim como quantidade de setores censitários em condição de alta e muito alta vulnerabilidade significativos. Para o evento de Janeiro de 2016 observou-se atuação muito significativa da participação da ZCAS com 45% de atuação ao longo do mês concentrando-se entre os dias 10 e 25 com 70% de sua participação relacionada aos dias com registro de impacto no município. A distribuição dos impactos assemelhou-se à do mês de janeiro de 2007 no que tange aos bairros com percentuais relevantes de setores nas classes de vulnerabilidade social alta e muito alta. Os bairros com os maiores totais de impacto foram: Pedro do Rio (218), Fazenda Inglesa (158), Itaipava (155), Posse (96) e Cascatinha (34). Observou-se, portanto, que as áreas nas piores condições de vulnerabilidade social são as mais afetas pelos impactos das chuvas no município, as áreas com as melhores classificações apresentaram poucos ou nenhum impacto. Essa condição demonstra que para o município, segundo o evento estudado, a prerrogativa de que os tipos de tempo atuando sobre um espaço construído de maneiro desigual gera problemas de origem climática desigual (SANT’ANNA NETO, 2008).
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