RESUMOAs muitas definições de tecnociência são oferecidas como corretivas para um ideal de ciência pura, completamente separada da sociedade. A crítica da pureza nos estudos de ciência e de tecnologia foi precedida por críticas fenomenológicas em Heidegger e em Marcuse. A ideia de pureza não é mais crível. No entanto, o conceito de ciência pura tem desempenhado historicamente um papel na defesa da ciência contra interferências políticas. O conceito de tecnociência corre o risco de abrir a ciência a essa interferência e tem provocado uma defesa renovada e, de certa forma, fútil da sua pureza. O consenso nos Estudos de Ciência e Tecnologia (ECT) de que a ciência é fundamentalmente social parece tornar óbvia a necessidade de um termo como tecnociência. Este artigo sugere uma definição restritiva de tecnociência com base na multiplicação de testes independentes de validade. Esse é um caso extremo da sociabilidade da ciência, porque aqui a ciência e a tecnologia emergem juntas, em vez de a teoria preceder a aplicação. A tecnociência sob essa definição descreveria o trabalho científico, validado cientificamente, que serve simultaneamente em processos comerciais e públicos que têm sua própria lógica e seus testes de validade independentes. De acordo com essa definição, a existência de interações complexas entre ciência e sociedade não obscurece as fronteiras entre esses testes. A tecnociência está inserida na sociedade, como toda ciência, mas é única ao se situar em um “garfo” [ataque duplo no xadrez] entre linguagens e critérios de sucesso distintos. Palavras-chave: Tecnociência. Estudos de Ciência e Tecnologia. Heidegger. Marcuse. Ciência/Sociedade.
Feenberg apresenta a teoria do duplo aspecto como uma forma de abordar a natureza de objetos técnicos. Isso, por sua vez, tem relação com sua concepção de que a tecnologia não é neutra e nem determinada. Para ele, tal teoria possui uma dupla dimensão, que envolve, além do conhecimento técnico, aspectos sociais de objetos técnicos. Assim, o uso da tecnologia, a partir de seus valores impregnados nela, torna possível um aprimoramento de seu produto. Neste trabalho, pretende-se analisar essa relação a partir da tecnologia de Impressão 3D, considerando o contexto específico da educação. Trata-se de compreender, a partir do que o duplo aspecto estabelece, algumas das demandas necessárias para que o uso de tal impressão, no processo educativo, promova uma compressão adequada da tecnologia, permitindo a sua democratização. Outro conceito que Feenberg apresenta é o de democratização da tecnologia. A Impressora 3D passa por constantes aprimoramentos e está se tornando mais acessível em vista da popularização do uso de sua tecnologia. Contudo, mais do que permitir acesso à tecnologia, a democratização está relacionada a vários elementos, dentre elas a possibilidade de uma diversificação da tecnologia, possibilitando soluções técnicas distintas e modos de vidas distintos. Contudo para que isso se estabeleça, aparece junto a demanda de uma compreensão diferente da natureza e uso da tecnologia. Assim, o que é necessário levar em consideração para que o uso de Impressão 3D, na educação, promova um avanço democrático no modo como se compreende a tecnologia?
No presente ensaio discutimos o sentido de emancipação hegemônico nos chamados Estudos Críticos em Administração, principal corrente teórica hodierna dos Estudos Organizacionais. Apesar da heterogeneidade dos representantes desta corrente teórica, percebe-se uma série de elementos comuns que nos permitem criticar, em sua genericidade, tal corrente. Armados até os dentes contra a Teoria Tradicional das Ciências da Administração, os Estudos Críticos em Administração (ECA) hasteiam sua bandeira em defesa de práticas organizativas emancipadas. Em sua guerra contra a Teoria Tradicional os Estudos Críticos em Administração demonstram, todavia, travar batalhas contra os inimigos errados. Ao ignorar causas fundamentais dos fenômenos coercitivos no "âmbito organizacional", são levados a atacar somente seus efeitos em detrimento das causas, desembocando, implicitamente, em um horizonte reformista. Devido a sua desconsideração e desconexão do estudo das organizações e o modo de organizar dominante com a totalidade concreta da sociabilidade capitalista, esses estudos são comprometidos desde seu conceito mesmo de emancipação até as possibilidades de unir sua teoria com uma prática transformadora.
Este artigo tem como objetivo analisar a função do cooperativismo no MST como parte da estratégia de sua luta anti-capitalista. Para isso, em primeiro lugar, abordamos brevemente os limites ontológicos do cooperativismo, enquanto práxis de sentido emancipatório, quando mediada pela produção social global capitalista. A partir da análise dos processos de trabalho neste modo de produção, na esteira da teoria marxista, destacamos como uma característica ineliminável e constitutiva a subsunção do trabalho concreto ao trabalho abstrato. Tal fator torna impossível a plena autonomia dos trabalhadores sobre seu próprio trabalho e, portanto, sua emancipação. Considerando tais limites, reconhecidos pelo próprio MST, questionamos sua presença marcante no movimento, buscando contextualizar o cooperativismo na sua estratégia de luta. Para isso, em um segundo momento, descrevemos breve e historicamente o período em que o MST surge, as condições objetivas das quais parte e sobre as quais age, para articulá-las com sua estratégia de luta. A partir dessa historicização, argumentamos que a razão de ser do cooperativismo no MST é fundamentalmente pedagógica e política. Trata-se de manter nos assentamentos, como acontece nos acampamentos, os trabalhadores organizados e em luta mesmo após a conquista da propriedade da terra. A formação de assentamentos coletivos, com a constituição de cooperativas de trabalho, é um meio para conciliar a permanência no campo com os princípios político-ideológicos do MST, favorecendo a educação de quadros para as suas lutas permanentes.
Este ensaio visa a estabelecer diálogo com o artigo de Rosa Maria Marques e Solange Emilene Berwig sobre as políticas sociais no mundo pós-pandemia. Considerando o exposto, as teses das autoras serão debatidas, aqui, sob duas perspectivas. Em primeiro lugar, a respeito de sua validade mesma quanto à captação das principais tendências do capitalismo pós-pandemia, de algumas de suas implicações para a classe trabalhadora e, especialmente, das transformações que tendem a ser imprimidas pelos Estados nacionais nas políticas sociais. Em segundo lugar, à luz deste debate, trataremos da relação destas tendências captadas com as possibilidades de ações dos sujeitos históricos que podem revertê-las ou alterá-las, conformando outras possibilidades de cenários não apontados na análise.
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