Essa pesquisa objetiva investigar como se apresenta a concepção de gênero de alunos e alunas do 1º ano do Ensino Médio evidenciadas por meio de atividades com memes em uma aula de matemática. Nesse sentido, teoricamente nos sustentamos em estudos sobre gênero e decolonialidade, focando, principalmente, a ideia de decolonialidade de gênero, a qual se opõe à colonialidade de gênero que é evidenciada sob uma perspectiva eurocêntrica do saber, ou seja, como algo pertencente ao homem-branco, no nosso caso, efetivamente o saber matemático. Assim, desenvolvemos atividades com memes da internet que tratavam da temática gênero, perpetuando uma posição colonial, assim como, memes que referenciam a mulher como não detentora do saber lógico-matemático. Essas atividades foram fontes de reflexão sobre a própria concepção de gênero de cada estudante e propiciaram que essas concepções viessem à tona. Nossos resultados traçam um perfil de indiferença, por parte de alguns alunos, em um primeiro momento, quanto a naturalizações coloniais sobre as relações entre homens e mulheres. Ou seja, há, por vezes, uma despreocupação com o fato do acesso ao corpo feminino ser de decisão do homem na colonialidade das relações afetivas. Sugere, ainda, generalizações das mulheres a fim de justificar determinados comportamentos e defender as atitudes de acesso ao corpo. No entanto, a reflexão pode levar, ao mesmo tempo, a uma postura que encara que a mulher não é menos incapaz que o homem, que não deixa de saber matemática, que possui raciocínio lógico, bem como, o fato dela ser livre para escolher o que quiser ser.
Resumo Investigamos de que modo problematizações podem emergir de uma prática pedagógica decolonial que utiliza memes misóginos e a reflexão matemática sobre questões de gênero, com recursos digitais, em uma aula de matemática do 1° ano do Ensino Médio. Partimos da concepção de gênero como uma forma de colonialidade. Nessa perspectiva, vamos ao encontro da decolonialidade que atua para desestabilizar a ideia colonial, percebendo a concepção de gênero pela necessidade de se questionar os padrões eurocêntricos. Assim, nesse estudo, o grupo de participantes resolveu atividades com memes e com Google Trends, discutindo aspectos relativos à concepção de gênero, principalmente, pela matemática. Buscamos, sob uma abordagem qualitativa, investigar por meio da matemática com Tecnologias Digitais (TD) uma prática que venha problematizar a concepção de gênero, promovendo a consciência de valores e dos direitos humanos. Nesse artigo, apresentamos um recorte da prática, a qual foi protagonizada por um grupo de estudantes. A problematização começou a ser constatada em um primeiro momento de atividades, pois a imagem que um aluno tinha da mulher continha traços da colonialidade, ou seja, traços de inferiorização, subalternização e invisibilidade da mulher. Mas, no decorrer da pesquisa, esse mesmo aluno demonstrou resistência à colonialidade, questionando, problematizando os padrões de beleza e comportamento feminino impostos pela sociedade. Por meio das práticas de propor um ambiente de discussão com memes e análise crítica dos gráficos gerados pelo Google Trends, as problematizações da concepção de gênero foram efetuadas de modo a tornarem-se potencializadas pela matemática com TD.
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