Resumo: Contrariamente às evocações do desaparecimento do movimento feminista, é possível identificar sua presença constante na sociedade brasileira, marcada por uma gama muito variada de identidades políticas, diferentes graus de institucionalização e diversos modos de expressão. O objetivo deste artigo é explorar, a partir da análise da Marcha das vadias, os contrastes e continuidades entre diferentes gerações de feministas, especialmente em relação ao modo como a questão da diversidade e inclusão de gênero, raça, sexualidade e gerações vem sendo tratada.Palavras-chave: feminismo; Marcha das vadias; gerações; identidade. IntroduçãoD sde o início dos anos 2000, a ideia de que o movimento feminista teria perdido a razão de ser e se tornado pouco atraente para as novas gerações de mulheres tem sido tema recorrente nos meios de comunicação. Nos discursos mais comuns da mídia, as causas apontadas para o suposto fim do feminismo são variadas e mesmo opostas. Enquanto para alguns a "crise" do movimento é explicada por seu fracasso em alcançar os objetivos almejados ou em manter sua "integridade" ideológica, para outros, é o seu extraordinário sucesso que o torna agora dispensável.O número especial da revista Veja de 2006, intitulado "O que sobrou do feminismo", reconhece que o feminismo foi motor de profundas mudanças na vida ocidental cotidiana, mas não tendo sido capaz de desfazer as grandes desigualdades de gênero, especialmente as que perpassam a divisão sexual do trabalho, teria perdido a capacidade de mobilizar mulheres. Responsabilizado, ainda, por provocar nas mulheres um individualismo exacerbado, o feminismo estaria hoje reduzido a "uma superexposição da sexualidade" das mulheres, que reproduzem "posturas tipicamente masculinas" e se comportam como "predadoras" sexuais. 1 Na maioria dos casos, porém, as mulheres que "se atiram na guerra" do sexo, diz reportagem de 2011 da revista Alfa, estariam, no fundo, ainda, à procura do "príncipe" viril. 2 Por não ter logrado incutir nas mulheres um desejo coerente por igualdade, a revolução feminista, além de incompleta, teria degenerado em demandas menos relevantes ou nobres.
A passagem das mulheres do trabalho não pago para o trabalho remunerado, desde meados do século XX, como decorrência da reestruturação das economias capitalistas e, sobretudo, do crescimento do setor de serviços, acelerou o processo de desfamilização do cuidado das crianças pequenas, que vai sendo cada vez mais compartilhado com instituições públicas ou privadas. O objetivo deste artigo é examinar como funcionam alguns dos dispositivos de cuidado no Brasil, em particular a família, a legislação trabalhista e a educação infantil, privilegiando a ótica de gênero e classe social. Trata-se de compreender como tais arenas de cuidado influenciam a quantidade e a qualidade da participação das mães no mercado de trabalho.
The present article seeks to examine the meaning that community work acquires in the context of changes in social policy and in modes of governance that have taken place in Brazil since 2000. Attributing to communities (i.e. to women) an active role in responsibility for local development and social welfare, we examine the Women for Peace (Mulheres da Paz) program in Rio de Janeiro. This program was implemented in the city's favelas as a means of confronting the forms of urban violence that have been historically practiced in Brazil. We analyze State action in deprofessionalizing care work among young "at risk" women. We conclude that the new modes of governance are not linear processes, but complex and ambivalent, involving constant disputes between program managers, operators and the subject population regarding the objectives, contents and meanings of this social policy.
Resumo: O presente artigo tem como objetivo realizar uma leitura crítica do relatório da ONU-Mulher intitulado Progress of the World's Women 2015-2016. Transforming Economies, Realizing Rights. Após argumentar que o documento se distingue por ter como referência analítica as ricas contribuições dos estudos feministas na discussão das desigualdades de gênero, procura-se identificar algumas lacunas no documento, notadamente, a ausência de debate sobre as migra ções internacionais e a mobilidade urbana que incidem sobre as desigualdades de classe e gênero.
Resumo: Este artigo discute o novo paradigma de políticas sociais, nomeado de diferentes maneiras, como pós-Consenso de Washington, cidadão-consumidor ou investimento social e as formas que assume no contexto brasileiro. Toma-se como referência empírica o Programa Mulheres da Paz, do Rio de Janeiro, que visa a capacitar mulheres de comunidades pobres a "resgatar" jovens em situação de risco e criminalidade e a atuarem como lideranças locais. O artigo analisa a tensa convivência entre diferentes discursos e práticas que, ao mesmo tempo, mobilizam pressupostos maternalistas, associados à feminilidade e colocados a serviço dos objetivos do desenvolvimento e os novos conceitos de "cidadania ativa", que se baseiam na ideia de investir nos sujeitos como indivíduos e na promoção da autonomia e do autodesenvolvimento, o chamado empoderamento.
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