Introdução: A hipertensão intracraniana idiopática (HII) é um distúrbio de aumento da pressão intracraniana (PIC), definida como pressão de abertura maior que 25 mm de água, com neuroimagem e líquido cefalorraquiano (LCR) normais. Os mecanismos fisiopatológicos da PIC elevada em HII permanecem obscuros, com hipóteses que envolvem a produção excessiva ou absorção reduzida do LCR e aumento da pressão do seio venoso cerebral. A incidência estimada é de 1 a 2: 100.000 adultos, afetando normalmente mulheres obesas em idade fértil, sendo a prevalência entre mulheres grávidas, de 2 a 12%. A gestação não configura fator de risco para HII e sua associação é casual. Relato de caso: A.C.M.B, 27 anos, primigesta. Portadora de hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia sobreposta, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade grau III foi diagnosticada com HII após a realização de fundoscopia no pré-natal, durante a segunda metade da gestação, que revelou edema papilar e hemorragia peripapilar bilaterais sugestivos de retinopatia hipertensiva grau IV e hipertensão intracraniana. A paciente referia cefaleia unilateral, pulsátil, leve, de longa data, com resolução após o uso de analgésicos orais, sem alterações visuais associadas. A tomografia computadorizada de crânio, realizada no mesmo período, descartou a presença de lesões expansivas, trombose de seio cavernoso, hidrocefalia obstrutiva e outras lesões. A punção lombar evidenciou PIC elevada, com LCR sem alterações. No seguimento ambulatorial com neurologia foi iniciado acetazolamida na dose de 250 mg diário, o máximo tolerado pela paciente, e foram realizadas punções lombares de alívio, aproximadamente a cada 15 dias, progredindo a paciente com melhora clínica. Conclusão: A HII é uma doença neurológica rara. A coexistência de HII e gravidez não aumenta o risco de progressão da doença e não piora o prognóstico materno-fetal. Não é contraindicação para futuras gestações. Há risco de evolução para perda visual permanente ou algum grau de comprometimento visual. Em futuras gestações é recomendado evitar ganho ponderal significativo, por este ser um preditor de deterioração da visão e piora da HII. Mulheres que desenvolvem HII durante a gravidez são diagnosticadas e tratadas de forma semelhante a mulheres não grávidas. Sendo a base terapêutica medicamentosa um inibidor da anidrase carbônica, a acetazolamida, seu uso na gestação é controverso e classificado como classe C pela Food and Drug Administration. A busca ativa da sintomatologia no pré-natal é mandatória, principalmente na população de alto risco para desenvolvimento da doença, como as obesas. O conhecimento dessa patologia por parte dos obstetras permite ao paciente o diagnóstico e tratamento precoces, levando a uma abordagem mais resolutiva, menos intervencionista, focando na melhoria da qualidade de vida e na redução da morbidade.
Introdução: As gestantes pertencem ao grupo de risco para a evolução grave pelo COVID-19 em função das modificações fisiológicas que ocorrem nesse período. Nessas pacientes, a doença pode progredir rapidamente para pneumonia viral e síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com necessidade de intubação orotraqueal (IOT) e ventilação mecânica. A IOT, principalmente quando prolongada, pode cursar com dano nas cordas vocais, granuloma e estenose laringotraqueal, sendo a glote o local mais acometido, seguido pela região subglótica. Relato de caso: S.S.F., G5P4(C2N2)A0, 30 anos, internada com 25 semanas de idade gestacional em unidade fechada por SRAG por COVID-19, com necessidade de IOT por 12 dias. Após melhora clínica, recebeu alta médica, com retorno ao pré-natal para seguimento da gestação. Com 32 semanas, reinternou-se com quadro de dispneia progressiva, estridores em repouso, rouquidão e dessaturação, sendo necessário suporte de oxigênio por cateter nasal, corticoterapia venosa e nebulização para estabilização clínica. Foi aventada ainda a possibilidade de traqueostomia em caso de refratariedade ao tratamento clínico. Observaram-se estenose subglótica de 70%, redução significativa na abertura das cordas vocais e granuloma subglótico em videolaringoscopia como sequela da IOT. Após avaliação pela otorrinolaringologia e fonoaudiologia, foi indicado tratamento conservador com Prednisona 20 mg/dia. A paciente evoluiu com diabetes mellitus gestacional iatrogênico de difícil controle e o feto foi diagnosticado com macrossomia à ultrassonografia. O tratamento clínico foi suficiente para o controle dos sintomas e a paciente recebeu alta, com programação de parto cesariano eletivo com 37 semanas, que ocorreu sem intercorrências. Conclusão: A estenose traqueal acomete de 10 a 22% dos pacientes submetidos à IOT, principalmente quando prolongada. Deles, apenas 1 a 2% são graves, com dispneia refratária ao tratamento com corticoide. Na gestação, essa complicação ganha ainda mais importância, pois seu diagnóstico precoce permite melhor planejamento da via de parto, uma vez que há descrições de modificação na escala de Mallampati ao longo do trabalho de parto, com evolução para via aérea mais difícil. No caso relatado, o feto evoluiu com macrossomia por hiperglicemia materna secundária à corticoterapia associada a dispneia progressiva e piora dos parâmetros ventilatórios maternos. A iteratividade e o quadro clínico da paciente conduziram para a indicação de cesariana com 37 semanas e feto a termo, para a redução dos riscos da IOT de emergência e melhora da função respiratória materna.
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