Resumo Neste artigo, apresenta-se uma reflexão sobre o conceito de escrevivência na perspectiva de literatura e outras artes, com base nas obras de Carolina Maria de Jesus, Elza Soares e Maria Auxiliadora da Silva, no arco escuta-experiência-escritura. Conceição Evaristo inaugura essa vertente, relacionando-a ao campo de pesquisa da expressão negra e feminina, por meio da escrita de vivências próprias e da escuta de experiências outras, resultando em um ato de resistência e de manifestação tanto estética quanto crítico-sociorracial.
Considerando a importância dos estudos da canção para o ensino da língua portuguesa e para pesquisas sobre questões socioculturais brasileiras, abordaremos a interpretação como ampliação à compreensão da letra e da melodia. Para tanto, apresentaremos um estudo sobre o conceito de interpretação, advindo das reflexões de Antonio Candido (1996) nas análises de poesia, do pensamento de Umberto Eco (2005, 2010) sobre interpretação, e Paul Zumthor (1997), no âmbito da interpretação vocal, além de uma reflexão sobre a relevância de seus estudos para maior entendimento da canção e seus contextos. Sob esse aspecto, analisaremos Flores horizontais (2000) de Oswald de Andrade e Zé Miguel Wisnik, gravada por Elza Soares no disco Do cóccix até o pescoço (2002).
o presente artigo pretende apresentar uma análise de obras de Carolina Maria de Jesus, de Elza Soares e de Maria Auxiliadora da Silva em um diálogo entre as artes, por meio de um olhar engajado sociopolítico a partir de seus contextos históricos. Sob esse aspecto, intenciona-se discutir a importância da memória como meio de conscientização em meio ao caos. Para tanto, dois aspectos históricos serão levantados: o contexto histórico no qual as artistas nascem e ingressam no mercado de trabalho e o momento em que suas obras são lançadas e que as evidenciam como três artistas negras importantes na vida cultural brasileira e internacional. Embora se trate de três diferentes momentos históricos na carreira de cada uma delas – os anos de 1960, 1970 e 2000 entendemos que há questões comuns de crítica social presente em suas obras que constroem um discurso esteticamente engajado e memorialístico.
Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus, Maria Auxiliadora da Silva e Elza Soares. Arte engajada. Contexto histórico. Memória. Conscientização.
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