Propomos revisitar aqui um capítulo muito comentado da historiografia brasileira, mas que permanece à espera de uma análise propriamente etnológica: a assim chamada "confederação dos Tamoio", coalizão de diferentes coletivos tupi da costa quinhentista que pôs em risco a colonização portuguesa, tendo como pano de fundo a disputa entre franceses e portugueses pela região da Guanabara, hoje Rio de Janeiro. Em que medida essa "confederação" consiste numa novidade engendrada pela Conquista, que poderia eventualmente conduzir a uma virada em direção à centralização política? Ou, ao contrário, deveríamos ver nela a realização de uma possibilidade já (sempre) presente nas formas de ação e organização política tupi? Estas são as perguntas que deveremos perseguir, lançando mão tanto de fontes históricas como do sólido conhecimento a respeito de populações Tupi-Guarani desenvolvido por vários autores nas últimas décadas.
Este artigo analisa algumas questões envolvidas no reconhecimento legal dos direitos territoriais dos índios, a partir da legislação indigenista colonial. Busca refletir especialmente acerca do modo como o avanço da colonização significou, na prática, a perda por parte dos índios dos direitos às suas terras, sem que estes jamais tenham sido negados pela legislação.
RESUMO: Em março de 2000, foi assinado no Sudão meridional um tratado de paz entre os Dinka e os Nuer. As formas da guerra civil que se estendia por décadas, bem como as soluções acordadas, descritas pela imprensa e nos próprios documentos, adquirem pleno sentido quando se consideram as penetrantes análises de Evans-Pritchard acerca dos Nuer. Persistentes ao longo das décadas, as estruturas nuer reveladas em suas obras passam pelo "teste da história", permitindo inclusive retomar suas contribuições à reflexão acerca da relação entre estrutura e história.
Decidi discutir hoje 1 algumas questões amplas -de método. Os consideráveis avanços na antropologia social nos últimos trinta anos e a criação de novos departamentos em várias universidades incitam a refletir sobre o que é essa disciplina e que direção tem tomado -ou deveria tomar -pois a antropologia deixou de ser uma atividade de amadores para tornar-se uma profissão. Os próprios antropólogos têm opiniões diferentes a respeito disso; há basicamente aqueles que a consideram como uma ciência natural e aqueles, como eu, que a consideram como uma das humanidades. Essa divisão, que reflete sentimentos e valores muito diferentes, fica evidente sempre que são debatidos os métodos e objetivos da disciplina. É ainda mais aguda quando se discutem as relações entre a antropologia e a história, e como a consideração dessa difícil questão evidencia ainda mais os problemas, a ela dedicarei grande parte desta conferência. Para perceber como essas questões surgiram, é preciso voltar os olhos para o período da gênese e desenvolvimento inicial da disciplina. Origens no século XVIIIUm tema de especialização não pode ser realmente considerado autônomo até ser ensinado em universidades. Nesse sentido, a antropologia é algo muito novo. Em outro sentido, pode-se dizer que ela começou com as mais antigas especulações da humanidade, já que sempre e por toda parte foram propostas teorias sobre a natureza da sociedade humana. Neste sentido, não existe um momento específico em que se possa dizer que a antropologia começou. Existe, no entanto, um ponto além do qual não é proveitoso situar o início de seu desenvolvimento. O período de nascimento de nossa disciplina foi a segunda metade do século XVIII. Ela é filha do Iluminismo e carrega, ao longo de sua história e até hoje, muitas das características de sua origem.
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