O presente relato tem por objetivo acompanhar a evolução de um caso que se apresentou como mutismo seletivo e evoluiu para transtorno de humor bipolar e chamar atenção para a diversidade de sintomas possíveis no transtorno de humor. Em geral, o mutismo seletivo tem início na idade pré-escolar, porém os sintomas chamam mais atenção na idade escolar. A importância do diagnóstico e tratamento precoces reside na prevenção das complicações, tais como distúrbios no desenvolvimento social e acadêmico e na auto-estima, além da possibilidade de evolução para outros transtornos de ansiedade. O transtorno de humor bipolar é uma doença mental caracterizada por variações extremas no humor. Na criança, prejudica o crescimento emocional e seu desenvolvimento. É confundido com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtornos de comportamento, tais como transtorno de conduta e desafiador opositivo. A paciente do sexo feminino, quando avaliada, estava com 5 anos e 9 meses de idade. Concluiu-se o diagnóstico como mutismo seletivo. Foi indicada psicoterapia, com orientações aos pais e à escola, e iniciado o uso de inibidores seletivos de recaptação da serotonina, com boa resposta aos sintomas de ansiedade, mas passou a apresentar piora significativa do comportamento. Foi levantada a hipótese diagnóstica de transtorno de humor bipolar de início precoce. Medicada com estabilizador, apresentou adequação na terceira medicação e evolução satisfatória. O mutismo seletivo, considerado um transtorno de ansiedade na infância, pode ser pródromo para outros quadros psiquiátricos na infância. Há necessidade que os pediatras, médicos que primeiro acessam essas crianças, assim como os psiquiatras da infância, estejam atentos à riqueza de sintomas que pode dar seguimento ao quadro.
Segundo os próprios autores, este trabalho está dividido em cinco partes e tornou-se necessário para complementar o que foi realizado anteriormente, em 2009. Seu objetivo é "abordar de maneira aprofundada os transtornos afetivos na infância, incluindo quadros de depressão unipolar, além de novos dados de neurociências (sono, cronobiologia, genética, neuroimagem) e outras abordagens terapêuticas (como terapia familiar, psicoeducacional e reabilitação neurocognitiva), além das abordagens já estabelecidas, como a psicofarmacológica e psicoterápica, considerando especificidades dos transtornos afetivos de início precoce".A parte I está subdividida em dois capítulos que abordam os aspectos históricos, a evolução nosológica do quadro, assim como a epidemiologia do transtorno bipolar (TB). Grupos de pesquisas diferentes divergem quanto aos sintomas que efetivamente caracterizariam o quadro de TB pediátrico. Um dos grupos defende que não há necessidade de sintomas de euforia e grandiosidade, mas apenas piora da irritabilidade e do humor instável. Outro grupo se posiciona referindo a necessidade da presença do humor eufórico ou grandiosidade para a confirmação diagnóstica.Problemas diagnósticos podem ser agravados pela confusão dos sintomas de mania com os sintomas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Há recomendação, portanto, de seguimento dos critérios diagnósticos do DSM-IV para confirmação da hipótese.A relevância no transcorrer de algumas pesquisas realizadas até o presente momento é que dentre todos os sintomas levantados não há nenhum que sozinho seja capaz de concluir o diagnóstico de TB. Este depende da avaliação do quadro clínico geral.A parte II é sobre a clínica propriamente dita e o diagnóstico do TB na infância e na adolescência, abordando também as comorbidades que podem acompanhar o quadro.As manifestações clínicas do transtorno depressivo maior são variáveis dependendo da fase de desenvolvimento do paciente, sendo menos específicas na criança tornando-se mais definidas quando acometem os adolescentes, reforçando-se, ainda, que um episódio depressivo pode preceder o quadro maníaco ou hipomaníaco.A fenomenologia da mania em adultas está definida no DSM-IV e é caracterizada por mudança significativa de humor. Há presença frequente de sintomas de grandiosidade, necessidade de sono diminuída, fala excessiva, fuga de ideias, velocidade de pensamento aumentada, distraibilidade, agitação psicomotora e aumento das atividades sexual, profissioRecebido em 31/3/2012 Aprovado em 2/4/2012
Lee Fu-I. São Paulo: Segmento Farma, 2007. resenhA De livro O livro Transtorno bipolar na infância e na adolescência conta com 23 colaboradores, além da organizadora. Subdivide-se em cinco partes, com 24 capítulos. Apresenta dados importantes para a compreensão do transtorno de humor bipolar na infância e na adolescência, tornando-se leitura fundamental para o profissional de saúde mental que presta atendimento à população desta faixa etária.Determinar a prevalência do transtorno mental "permite dimensionar o problema em termos médicos e preventivos" e, ainda, elaborar estratégias de saúde pública. Por isso, a importância dessa discussão e a inter-relação do capítulo 2 com o capítulo 3, já que em qualquer faixa etária, aparentemente, a fenomenologia do transtorno bipolar (TB) é basicamente depressiva. Na infância, quanto mais precoce ocorrer a depressão, maior a chance de ser um TB.Quanto aos aspectos clínicos da doença, estes são devidamente abordados na Seção I, divididos da seguinte forma: capítulo 4 -mania, hipomania e TB na infância e na adolescência, demonstrando a experiência da autora, a extensa pesquisa bibliográfica e a importância dos tipos clínicos, temperamento pré-mórbido e, fundamentalmente, do diagnóstico diferencial; capítulo 5 -por meio de casos clínicos, a autora exemplifica os diferentes cursos possíveis do TB nesta faixa etária e, ainda, após cada um deles, traz breve discussão do caso para sistematização da compreensão; capítulo 6 -suicídio e TB na infância e na adolescência, em que as autoras chamam a atenção para o aumento gradual, nos últimos anos, das taxas de tentativas e de suicídio consumado. Atualmente, é a terceira causa de morte na adolescência e a principal causa de emergência psiquiátrica em hospital geral. Na Seção II, é apresentado o processo diagnóstico e as avaliações, e foi dividida assim: capítulo 7 (Processo diagnóstico do TB de início precoce: clínico e instrumental) -as autoras, didaticamente, orientam o processo diagnóstico de modo geral na infância e na adolescência e mais explicitamente no caso do TB. Exemplificam os instrumentos de avaliação diagnóstica e fazem seu comentário final; capítulo 8 (Avaliação e compreensão psicodinâ-mica do TB em crianças e adolescentes) -por meio de um caso ilustrativo a autora apresenta justificativa da relevância da abordagem psicodinâmica no tratamento de crianças com TB; capítulo 9 (Neuropsicológica do TB na infância) -tendo em vista que a neuropsicologia é "compreendida como a ciência interdisciplinar destinada a investigar a relação existente entre o funcionamento cerebral e a expressão do comportamento", a autora traz dados obtidos de vários trabalhos com pacientes bipolares. Esses facilitam a compreensão da cognição e permitirão estabelecer programas de intervenção com esses pacientes e suas famílias; capítulo 10 (Aspectos de linguagem e aprendizagem no TB na infância e na adolescência) -a autora pontua a necessidade do conhecimento prévio dos "aspectos lingüísticos e cognitivos" do TB, inferindo que as queixas relacionadas à...
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