Este artigo explora o embate entre política e modelo econômico presente na atual luta das populações indígenas pelo reconhecimento e garantia de seu modo de vida. A terra é basicamente a questão em torno da qual se mobilizam as tensões voltadas aos índios. Na base dessas, o que há são modelos de relacionamento com os entes do planeta (fauna, flora, humanidade) radicalmente opostos. É do enfrentamento político entre esses modelos que o artigo trata, trazendo à luz a peleja dos índios com o agronegócio e seus representantes no Congresso Nacional, exposta de maneira radical quando os índios ocuparam o plenário da Câmara Federal, em abril de 2013. Busca-se aqui destacar a importância atual do campo normativo como espaço de disputa na caução de direitos, assim como a influência do protagonismo político indígena.
* Artionka CapiberibeLa palabra ch'ixi tiene diversas connotaciones: es un color producto de la yuxtaposición, en pequeños puntos o manchas, de dos colores opuestos o contrastados: el blanco y el negro, el rojo y el verde etc. Es ese gris jaspeado resultante de la mezcla imperceptible del blanco y el negro, que se confunden para la percepción sin nunca mezclarse del todo. La noción ch'ixi, como muchas otras (allqa, ayni), obedece a la idea aymara de que algo es y no es a la vez, es decir, a la lógica del tercero incluido (Silvia R. Cusicanqui 2010:69)."Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a ideia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí--las de uma vez". Assim começa o conto "A Igreja do Diabo", de Machado de Assis. A história traz uma alegoria sobre o bem e o mal, construída por meio da imagem de uma capa de veludo, tecido que simboliza as boas virtudes, finalizada por franjas de algodão, que são a maldade imanente ao humano; puxadas estas franjas, o veludo desaparece e temos uma capa de algodão que, por sua vez, é finalizada por franjas de seda, a seda simbolizando a bondade humana. Depois de ter prevenido Deus sobre a concorrência futura, o diabo apresenta as "virtudes" necessárias aos fiéis de sua Igreja: a soberba, a luxúria, a preguiça, a inveja, a ira, a gula, a fraude, a venalidade, a hipocrisia, a adulação etc. Logo a Igreja prosperou e fez sucesso. No entanto, com o passar do tempo, o diabo deu-se conta de que seus fiéis, de maneira sorrateira e escondida, traíam os preceitos da Igreja: "o amor ao próximo" era um obstáculo grave à sua instituição. Acabrunhado, foi então queixar-se a Deus sobre a infidelidade de seus fiéis, ao que Deus placidamente respondeu:A LÍNGUA FRANCA DO SUPRASSENSÍVEL: SOBRE XAMANISMO, CRISTIANISMO E TRANSFORMAÇÃO 312 -Que queres tu, meu pobre diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.O belo conto machadiano serve aqui como metáfora da dualidade mudança/continuidade que está sempre subentendida nas análises antropológicas sobre processos de transformação e, no caso dos estudos sobre religiões cristãs em populações indígenas, costuma ser refraseada em polaridades dicotômicas, como indivíduo/sociedade, cristianismo/xamanismo, crença/prática, fé/superstição, religião/magia. Contudo, a antinomia com mais rendimento analítico continua sendo estrutura/evento (M. Sahlins 1985).1 E se essas polaridades não estão explícitas nas análises antropoló-gicas, elas são invariavelmente o pós-fato, no sentido de Strathern (1992), isto é, o fundo dado sobre o qual se imprime a figura...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.