Introdução A endometriose é uma doença multifocal caracterizada pelo crescimento anormal de tecido endometrial fora da cavidade uterina, de progressão rápida e imprevisível. Os principais sítios de lesão são os ovários, ligamentos útero-sacros e redondo e fundo de saco de Douglas. A patogênese desta afecção é desconhecida, mas algumas teorias têm sido propostas. Estas incluem a menstruação retrógrada, disseminação do tecido endometrial durante cirurgia, remanescentes embrionários, metaplasias, metástases linfáticas e hematogênicas 1,2 . O acometimento do trato urinário é raro e ocorre em 1-2% dos casos, sendo a bexiga acometida em 80% das vezes. O primeiro caso de endometriose vesical foi descrito em 1921 1,2 . Em 1960, revisando 6.107 casos de endometriose dentro de grandes séries desde 1925, Abeshouse e Abeshouse 3 encontraram apenas 67 casos de endometriose vesical, que correspondia a apenas 1,1% dos possíveis sítios de instalação desta patologia. Nessa extensa revisão, foram descritos 6 casos de endometriose renal (0,1%), 15 de acometimento ureteral (0,24%) e 3 em topografia uretral (0,05%). O quadro clínico é variado, podendo apresentar-se como hematúria cíclica, dor pélvica e sintomas vesicais irritativos. Os principais diagnósticos diferenciais incluem angiomas, papilomas, lesões inflamatórias inespecíficas como a cistite eosinofílica, cistite intersticial e a cistite cística, malacoplaquia, tuberculose e carcinoma vesical [1][2][3][4][5] . O diagnóstico preciso é necessário para instituirmos a terapêutica apropriada.