Para serem avaliadas, as gestões de Gilberto Gil (2003-2008) e Juca Ferreira (2008 em diante) no Ministério da Cultura do Brasil não devem ser comparadas apenas com a gestão Francisco Weffort (1995-2002). Um estudo rigoroso requer que elas sejam confrontadas com as três tristes tradições que marcam as políticas culturais nacionais: a ausência, o autoritarismo e a instabilidade. O trabalho analisa as políticas culturais desenvolvidas pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva com este foco.
Após uma breve introdução às configurações da sociabilidade e da cultura contemporâneas, o texto se debruça sobre as políticas desenvolvidas no Brasil para as culturas digitais, em especial no Governo Lula, nas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura.
A contemporaneidade como idade mídiaThis article is the partial result of the New Configurations of Politics in the Media Age research, which is currently being carried out with the support of the CNPq. The purpose of this text is to build a theoretical basis for thinking about the contemporary world as sociability structured and surrounded by the media, i.e., as the Media Age.
Um especialista em estudos de comunicação e um cientista político apresentam conjuntamente um panorama da pesquisa sobre as relações entre os meios de comunicação e os processos políticos no Brasil. Uma agenda de pesquisa é proposta e um elenco de textos nessa área é apresentado.
Civitas-Revista de Ciências Sociais v.2, nº 2, dez. 2002 328 cidas em 2002 no modelo de campanha eleitoral midiática desenvolvido no Brasil contemporâneo. Em verdade, a inauguração deste novo acontecimento, a campanha eleitoral midiática, guarda essencial conexão com o declínio e, mais precisamente, o final da ditadura militar e a instalação do Brasil em uma situação de Idade Mídia. Isto é, de uma sociedade estruturada em rede e ambientada pela comunicação, em especial, por sua modalidade midiatizada. 2 O desenvolvimento do novo ambiente comunicacional, apesar de ter ocorrido durante o período autoritário, não teve condições de livremente interagir com a política, devido à interdição, ao controle exercido e aos constrangimentos imanentes a uma situação de ditadura. Com o declínio do autoritarismo e o final do regime militar em 1985, as campanhas passam a adquirir o novo formato eleitoral midiático. Já nas eleições de 1982 isto havia começado a acontecer, ainda que de modo tênue, pois a ditadura ainda estava vigente no país, apesar de atenuada. Os episódios eleitorais posteriores à ditadura, de 1985 até 1989-alguns deles analisados no livro de Rejane Carvalho (1999)-avançam nesta perspectiva, mas, apesar de experimentos interessantes para a construção do novo padrão, não tiveram a potência para se afirmar como marcos de inauguração do novo formato, porque processos circunscritos aos âmbitos municipal e estadual. A eleição presidencial de 1989, nacional e solteira, se impôs, sem dúvida, como instante inaugural de um novo tempo da política. Ela não só irá consolidar o novo modelo eleitoral midiático, como também publicizar amplamente o novo padrão, chamando definitivamente a atenção da sociedade brasileira para o novo caráter midiático do processo eleitoral, inclusive desencadeando o surgimento de um conjunto de estudos, que praticamente inaugura, de modo substantivo, o campo de estudos de comunicação e política no Brasil (Azevedo e Rubim 1998). Os episódios eleitorais midiáticos no Brasil, com destaque para as campanhas presidenciais de 1989, 1994, 1998 e 2002, apesar de inscritas no novo formato, têm, entretanto, apresentado uma acentuada distinção em seus modos de realização e de expressão. Essas diferenças decorrem, dentre outros determinantes, inclusive conjunturais, da significativa gama de possibilidades de relacionamento existentes entre o campo da política e o campo das mídias em circunstâncias históricas determinadas. Cabe lembrar, antes da análise de algumas dessas diferenças, que o episódio eleitoral deve ser compreendido como momento singular da política, como "tempo da política", de acordo com formulações provenientes da antropologia política (cf. Palmeira e Goldman 1996; Barreira 1998). Ou seja, como instante 2 Para uma conceituação mais aprofundada da noção de Idade Mídia ver Rubim (2001).
Invenção contemporânea das políticas culturais O tema do surgimento das políticas culturais não é um assunto destituído de polêmicas. Não cabe aqui fazer uma arqueologia exaustiva do seu momento inaugural no mundo ou, pelo menos, no ocidente. As posições de grande parte dos autores que já se debruçaram sobre a temática comportam variações nada desprezíveis, mas parece existir alguma mínima convergência acerca de alguns aspectos. Tal convergência permite que, por exemplo, um estudioso como Xan M. Bouzadas Fernandez (2007a, p. 113, tradução nossa) escreva: Se nos atemos aos diagnósticos efetuados acerca do nascimento das políticas culturais nos países ocidentais, pode se afirmar que o período geralmente reconhecido como
A trajetória brasileira das políticas culturais produziu tristes tradições e enormes desafios. (RUBIM, 2007a) Estas tristes tradições podem ser emblematicamente sintetizadas em três palavras: ausência, autoritarismo e instabilidade. Ausências iniciaisPor certo, com base nessas premissas teórico--conceituais não se pode pensar a inauguração das políticas culturais nacionais no Brasil Colônia, nem no Segundo Império ou mesmo na chamada República Velha . Tais exigências interditam que seu nascimento esteja situado no tempo colonial, caracterizado sempre pelo obscurantismo da monarquia portuguesa que perseguia as culturas
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