A implantação de uma área protegida é resultado de concepções, projetos e decisões legais que, ao longo de sua existência, delimitam e definem usos para uma realidade natural pré-existente. O presente trabalho descreve o processo de criação e implantação do Parque Nacional da Tijuca e do Parque Estadual da Pedra Branca, buscando compreender de que forma ambos os parques "dialogam entre si", expressam, em seus territórios e através de representações a eles atribuídas, as marcas de ideários conservacionistas, e assumem novas dimensões simbólicas em interação permanente com o espaço urbano do Rio de Janeiro.
ResumoEste trabalho trata da coexistência de ambientes florestais com ambientes agrícolas em duas áreas da Mata Atlântica na região Sudeste do Brasil. Uma está localizada na Ilha Grande (litoral sul do estado do Rio de Janeiro), sua superfície é quase toda coberta por florestas, que, em sua maior parte, recobriram áreas anteriormente cultivadas pelos caiçaras. A outra área é o Maciço da Pedra Branca (na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro), também recoberta por florestas secundárias onde ainda existem alguns cultivos. Nesta última, estuda-se a relação dos agricultores com RBPG, Brasília, v.13, n.32, p. 777 -802, set./dez. 2016 | Estudos 778Oliveira e Fernandez / Entre roças e florestas: passado e presente na Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro a dinâmica de crescimento da cidade. Nos dois casos, examinam-se os conflitos e particularidades advindos da coexistência de unidades de conservação com comunidades de plantadores e as consequências perante a dinâmica da Mata Atlântica. O registro dessas experiências, por meio de uma perspectiva interdisciplinar de longa duração sobre a paisagem, pode trazer novos enfoques sobre os processos de coevolução das sociedades humanas com o meio natural.Palavras-chave: Populações Tradicionais. Agricultura de Subsistência. Florestas Secundárias. Turismo Comunitário. AbstractThis work addresses the coexistence of forests with agricultural environments in two areas of the Atlantic Forest in Southeastern Brazil. One is located on Ilha Grande (South coast of the State of Rio de Janeiro) with almost 100% of forest cover, most of which was previously cultivated by caiçaras. The other area is the Pedra Branca Massif (in the West Zone of the city of Rio de Janeiro), also covered by secondary forests where there are still some crops. In the latter, we studied the farmers' relationship with the city's growth dynamics. In both cases, the conflicts and peculiarities arising from the coexistence of protected areas with small agricultural communities and the consequences related to the Atlantic Forest dynamics are examined. The recording of these experiences, by means of a longterm interdisciplinary perspective on landscape, can bring new approaches to the processes of co-evolution of human societies with the natural environment.
1
O sertão formal da política brasileira de conservação da naturezaThe sertão and the Brazilian nature conservation policy
IntroduçãoO que significa o termo sertão? Diversos autores têm chamado a atenção para a sua riqueza semântica. De acordo com Neves (2003), o termo é utilizado desde os primórdios coloniais e consta nos textos de doação das capitanias. Para os filólogos contemporâneos, sertão significa lugar recôndito, despovoado, distante do litoral, mas não necessariamente agreste (Neves, 2003). A palavra sertão aparece geralmente relacionada à região Nordeste do Brasil e, neste sentido, o autor afirma que o sertão tornou-se uma categoria geográfica relacionada ao semiárido, espacial (interior), econômica (pecuária) e social (região pouco povoada). Mas, além do mais conhecido -o sertão nordestino -, existem muitos outros sertões: o de Minas Gerais; de Mato Grosso; de Goiás; do extremo Oeste de Santa Catarina e da região de Sorocaba, por onde passavam os tropeiros; o sertão de dentro, no Amazonas (Amado, 1995), entre outros. Assim, conclui Neves (2003), o imaginário de sertão construído por viajantes, cronistas e missionários, mais do que oposição ao litoral, apresenta a ideia de distanciamento em relação ao poder público e a projetos modernizadores. Os centros urbanos 1 É professora adjunta do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Possui mestrado em Antropologia e Sociologia e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seus principais temas de pesquisa são: natureza, espaço e sociedade, políticas ambientais, participação e campesinato. Atualmente desenvolve trabalhos relacionados a dinâmicas territoriais, conflitos ambientais, participação em conselhos, redes sociotécnicas e sistemas agroalimentares. E-mail:
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.